a notícia -parte 1

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Zac

Faziam 15 dias do acidente e aos poucos eu estava começando a criar mais confiança e mais mobilidade.
As dores estavam controladas e eu tinha batido a minha meta de 1 semana de repouso "absoluto" (dentro do que eu consegui fazer sem enlouquecer, claro).
Aos poucos a minha vida estava voltando ao normal e eu ia testando cada dia um pouco mais dos meus limites.

Naquela manhã eu acordei procurando por ela na cama. Estiquei o braço mas só encontrei o seu travesseiro. Puxei ele e o abracei, sentindo o seu perfume nele.
Demorei alguns segundos para lembrar que ela estava de volta a sua rotina e provavelmente estava se arrumando para ir trabalhar.
Abri os olhos e percebi que ela estava se arrumando no banheiro e cantarolando baixinho.

A Cris tinha um ouvido muito bom e mesmo ela falando que não sabia cantar a danada tinha uma voz boa e conseguia tirar músicas de ouvido muito rápido.
Ela não gostava de cantar perto de mim pq morria de vergonha e para ela estar cantando assim livremente com certeza ela acreditava que eu ainda estava dormindo.

Era cedo demais e normalmente eu estaria dormindo mesmo. Mas naquela manhã eu acabei acordando porque senti falta dela do meu lado. Já fazia 1 semana que ela tinha retornado mas eu custava a acostumar a não tê-la ali comigo no início das manhãs

Por conta da distância ela precisava levantar cedo demais pra conseguir ir pra Oklahoma city e entrar as 8am e eu detestava aquilo. Queria que ela não sofresse tanto dirigindo todo dia mas eu não queria abrir mão de morar em Tulsa de jeito nenhum. Meus filhos estão aqui, minha vida toda e a 3CG tb.
E a minha noiva nunca, em hipótese nenhuma fecharia o escritório dela na capital para reabrir em Tulsa.
Então estávamos fadados a viver essa loucura de ir e vir eternamente.

Decidi levantar e ir ver o que ela estava aprontando toda feliz. A encontrei com todas as luzes do banheiro acessas, cabelo feito, com o secador ainda na tomada e maquiagem espalhada por toda a pia.
Ela estava com um conjunto preto de calcinha e sutiã de renda, inclinada na bancada próxima ao espelho, aplicando rímel.

O banheiro cheirava à Cris, em um misto delicioso do seu shampoo com o creme que ela passava pós banho.
Eu amava os produtos que ela usava e o seu perfume tb, mas nada se comparava ao cheiro dela.
Dizem que é um lance de feromônios e pode ser isso mesmo, só sei que o seu cheiro e o seu gosto estavam no topo da minha lista de melhores coisas do mundo.

Encostei na parede atrás dela completamente hipnotizado.
A Cris estava na ponta dos pés e abria a boca enquanto aplicava o Rímel. Eu nunca entendi pq mulheres fazem isso mas é uma graça de assistir.
Eu não cansava de admirá-la e eram com essas pequenas coisas do dia a dia que eu me derretia por completo.

Ela me viu pelo espelho e sorriu. Eu sentia meu coração batendo disparado no peito e suspirei com a realização de que aquela mulher maravilhosa seria um dia minha esposa.
- é cedo demais pra vc estar de pé, amor
Ela falou enquanto guardava o rímel, ignorando todo o resto espalhado na pia
Eu sorri igual um bobo apaixonado

- eu estava aqui pensando naquela nossa conversa de cair na estrada

Durante esses 15 dias de molho nós acabamos criando o costume de ficar sonhando acordados madrugada a dentro até pegar no sono e na noite anterior tínhamos falado sobre cruzar o país dirigindo.
Ela estava deitada no meu peito e até agora eu não sei como esse assunto surgiu, mas descobrimos que ambos tínhamos essa vontade

- vc já decidiu que caminho vamos fazer?
Ela perguntou olhando pra mim pelo espelho
- a rota 66
Ela sorriu e virou pra mim
- inteira?
- se vc aguentar...
Provoquei e me aproximei dela
- tem q ver se vc vai aguentar amor. Vc vai estar um bom tempo parado e dirigir assim é cansativo

come on this Musical Ride with meOù les histoires vivent. Découvrez maintenant