- Mas? – Ele pergunta num sussurro.

- Se você preparar alguma coisa para mim... – Digo de um jeito brincalhão – Então eu até posso comer...

Klauss sorri com o que digo – Tudo bem, posso preparar algo para você.

- Algo doce? – Pergunto com um sorriso sugestivo, enquanto que nos afastamos aos poucos e caminhamos para fora do quarto.

- Vou pensar. – Ele responde em sua natural calma, mas tenho a sensação de ouvir uma curta risada.

Tenho curiosidade em saber o motivo de estar nesse quarto, e principalmente, por ter despertado dentro da aura. Não recordo o que aconteceu, e tudo está muito confuso.

Sei que preciso perguntar o que aconteceu para Klauss, mas acho que esse não é o melhor momento para isso. Ele pareceu bem surpreso ao ver que eu tinha acordado, por isso, talvez seja melhor esperar só um pouco antes de tocar nesse assunto.

*****

Passo a pequena colher pelo prato, pegando o último pedaço do bolo bastante diferente que Klauss preparou dentro de uma caneca.

Fiquei sem entender quando ele começou a preparar o bolo, mas nada disse, já que estava achando tudo bem interessante e muito diferente de outras coisas que ele já havia preparado.

E enquanto o bolo ficava pronto, ele começou a preparar uma cobertura, aproveitando do chocolate em pó que eu havia trago quando me mudei para cá dias atrás. Eu estava curiosa, porque Klauss me deixava ver poucas coisas, e o restante ele ocultava atrás de suas asas para fazer surpresa.

O que valeu muito a pena.

Quando o bolo estava pronto, ele estava com uma ótima aparência, tirado da caneca e montado sobre um pequeno prato, com a cobertura cuidadosamente despejada sem exagero, e ainda por cima, havia pedaços de frutas picadas no topo do bolo.

Simplesmente gostei demais, tanto da aparência quanto do sabor. Poderia comer vários desses sem reclamar.

O anjo está sentado a minha frente, com um livro não muito grande em mãos, e bem concentrado em sua leitura. Apesar que, vez ou outra, tenho a sensação de que ele ergue seu olhar a mim, mas só consegui ter certeza de seu olhar por uma vez, a qual ele continuou me olhando por alguns segundos sem nem ao menos disfarçar. Eu gostei, apesar de ter ficado bem sem jeito.

Quando por fim termino de saborear meu bolo, deixo a colher sobre o prato, e deixo escapar um suspiro de satisfação. – Eu adorei.

- É bom saber disso. – Klauss diz, fechando seu livro e o deixando sobre a mesa – Como se sente?

- Leve... Muito leve. – Respondo torcendo a boca, decidida a iniciar esse assunto – O que aconteceu?

- Você não se recorda? – Questiona, e nego com a cabeça. Klauss então baixa seu olhar, visivelmente pensativo, quando por fim volta a me olhar – Você esteve desacordada por quatro dias.

- Quatro dias...? – Sussurro sem entender, levando uma mão a cabeça, ainda sem conseguir me lembrar. – Mas o que houve comigo?

- Não sei ao certo. Quando a encontrei, você já estava desacordada, e muito machucada. – Ele diz com cautela – Haviam muitas queimaduras pelo seu corpo, e pareceu que você lutou com alguém.

Imagens aparecem em minha mente. Momentos repentinos, tudo sacudindo muito rápido, dores surgindo em mim como lembranças adormecidas... E o rosto repleto de arrogância do Stefan, que somente de surgir em meus pensamentos, me causa calafrios.

- Eu... – Começo, após alguns segundos calada – Acho que lutei... Mas só me lembro do rosto do Stefan...

- Stefan. – Klauss diz em sussurro, mirando seu olhar ao longe – Esse é o nome que você e seu amigo Nick disseram quando vieram me alertar. Deve ter sido ele que encontrei naquela noite.

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