POR ACASO AMOR - Momentos De Outono

• Capítulo 3

Se eu fosse um cachorro, estaria espumando pela boca. Maldito Dante.
O óbvio estava ali, Olivia é uma causa perdida, e ele mesmo sabe disso.
Podemos trazer muitas pessoas aqui, pessoas que tenham talento, e elas podem ser dispensadas, é assim que funciona. Mas então alguns de nós não lidam bem com a parte do dispensados, e decidem conversas com os contatos na gerência, para reconsiderar, e mostrar que de alguma forma milagrosa, eles vão magicamente fazer dinheiro voar para a conta da empresa.

— Você foi bem lá, ele é apenas teimoso. — tranquiliza o Sr.Harper, dando leves tampinhas no meu ombro.
Aceno com a cabeça, mesmo que eu não concorde.

Desde que eu entrei na Aliss & Co, o senhor Harper me ajudou muito, e me tornou uma efetiva. Agora eu sou o braço direito dele. As vezes, eu brinco que ele é meu segundo pai. E de certa forma ele é, considerando que é um grande amigo do meu pai.

Um toque no meu ombro me tira dos meus pensamentos, Naomi está com um copo de café estendido, e um sorriso amigável.

— Você pode sair a hora que quiser do seu setor? — Eu pergunto.

— O setor criativo não é tão rígido quando o da contabilidade. Eu posso fazer pausas, para buscar inspiração, ou pegar um café.
— Parece tentandor. Se minha imaginação fosse tão boa quanto minha facilidade com os cálculos, eu tentaria roubar seu cargo.

Ela sorri. — Você pode tentar, mas eu sou a melhor no que eu faço. Uma alma criativa e insubstituível.

Eu olho para os cabelos pretos dela, que estão presos com presilha, os olhos puxados e escuros, e o macacão em tom chocolate, enfeitado com estrelas.

— Definitivamente, você é provavelmente a artista mais criativa que eu conheço.

— E você conhece outros? — ela finge surpresa. Sabendo perfeitamente que ela é uma das únicas pessoas que eu conheço que lida com arte. — A propósito, eu soube sobre o que aconteceu na sala de reuniões.

Eu suspiro, me jogando em um dos sofás cor de menta. — Se eu pudesse apagar alguém da face da terra, definitivamente seria Dante, e aquele olhar "eu consigo o que eu quero" dele. Eu não suporto ter que lidar com a merda de outras pessoas, e eu definitivamente vou ter que escutar sobre Olivia, mesmo que eu não vá entrar em contato com ela.

— Mas você está na contabilidade, você não pode escolher só ignorá—la?

— Contabilidade, e admissões, tenho que lidar com ela e o agente dela agora.

Naomi toca meu ombro, e balança a cabeça.
— Não desejaria nunca estar no seu lugar, acho que vou parar de reclamar do meu trabalho. — ela me dá um rápido beijo na bochecha — comedia romântica dos anos 2000?

— Que tal uma festa?

O sorriso dela de alarga, e ela sai pulando de volta para o setor de design.

Se eu não consigo dormir, e não tenho que trabalhar no final de semana, então eu posso aproveitar a minha juventude, e não é como se eu fosse desprovida de beleza.
Os traços latinos da minha mãe foram mais fortes que os americanos do meu pai.

~📚~

Como se eu já não tivesse trabalhado o suficiente, tenho que olhar para a garota sentanda na minha frente, que avalia as unhas, e joga o cabelo para trás. Eu estou presa aqui, tentando convencer Olivia que ela não pode fazer o que quer, porquê ela obviamente achou que só porque conseguiu um contrato com a empresa, ela faria os trabalhos que quisesse a partir daí. Pode não ser o meu local de trabalho, mas alguma alma atormentada disse a ela que eu tinha sido contra a entrada dela, e ela ocasionalmente veio até mim.

—Srta.Leblanc, eu espero que você entenda que você ainda precisa completar algumas etapas antes de começar qualquer trabalho. — eu digo, olhando para o meu relogio, e juntando as minhas coisas. — Minhas opiniões sobre você não mudaram, é o meu trabalho avaliar coisas assim, goste você ou não.
Caminho até a porta, pronta para sair, mas ela agarra a minha mão, me barrando.

— Eu vou fazer te mandarem embora, acredite em mim. — ela diz, com a voz estridente carregada de raiva.

Eu aceno em concordância.

— Faça. Vá em frente, você não vai ser a primeira a tentar. — empurrando a mão dela da minha, eu chego perto o suficiente para que ela me escute. — Eu trabalhei demais para chegar onde estou, para alguma garota que ganhou tudo de mão beijada do papai, vir tentar tirar de mim, por mero capricho.

Uma sombra recai sobre mim, e uma mão toca meu ombro.
Olho para a mão, pronta para tirá—la de lá violentamente. Mas então eu noto, unhas aparadas, dedos longos e esbeltos, e um relógio prateado. E um pouco mais a cima, cabelos escuros, e olhos castanhos.

Dante.

Ele me enpurra para o lado, e coloca um sorriso no rosto.

— Olivia, seu pai te mandou um motorista. Ele está esperando lá em baixo. O horário de trabalho acabou. Não vamos nos cansar, certo?

Os olhos dela assumem uma expressão doce, e um sorriso de forma nos lábios dela enquanto ela acena.

— Você a forçou a ficar aqui, ou o quê, Jones?

— Pergunte para ela. E saia da minha frente, Williams. Meu horário de trabalho terminou horas atrás.

— Você quer uma carona? — Ele pergunta  com falsa empatia.

— Prefiro enfiar sanguessugas na minha garganta, a entrar no seu carro, Dante. E eu tenho um compromisso.

Eu começo a fechar a sala, e ir para o elevador, e ele me acompanha.

— Um encontro? — ele pergunta, me olhando nos olhos.

— Não, uma festa.

— Faz mais sentindo do quê um namorado.

Eu suspiro, porquê estou a um maldito passo de esmagar a garganta dele com um caderno de anotações.

— Pode fazer sentido para você. Provavelmente faz anos desde quê uma mulher suportou sua personalidade horrorosa.

Ele sorri enquanto fecha os olhos por um momento. Quando ele abre novamente, me avalia de cima a baixo.

— As mulheres gostam da minha personalidade, Celina. Não se preocupe. Eu as mantenho ocupadas demais para se preocuparem com isso.

Uma risada deixa minha garganta.
Não uma risada baixa, uma risada de verdade. Quando as portas do elevador se abrem, eu estou rindo tanto que a minha barriga dói.

— Essa foi a coisa mais engraçada que eu escutei hoje, Dante, muito obrigada. — Eu digo tentando me acalmar, e secando as lágrimas que se formaram nos meus olhos.

— O que é tão engraçado? Você precisa de algum remédio? — ele pergunta incrédulo.

— O engraçado é você achar que as mulheres não notam a sua personalidade só porquê estão "ocupadas" — eu demonstro as aspas com os dedos. — Elas provavelmente cometam sobre isso com as amigas enquanto tomam café.