~ 𝙾 𝙶𝚎𝚕𝚊𝚍𝚒𝚗𝚑𝚘 ~

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POV NM ° William Marlen

- Sai daqui, cabelo tigelinha! - ela exclama batendo a porta do banheiro na minha cara, isso faz subir meu sangue, mesmo assim, ainda permaneço calmo o suficiente para não zoar com ela.

- Pelo menos meu cabelo é hidratado - comento comigo mesmo antes de bater na porta - abre essa droga antes que eu quebre em pedaços.

Não entendia o motivo de tanta frustração. Ela ficou emburrada e quieta a tarde toda e isso me preocupa tanto, mas tenho que parecer como se não me importasse, quem sabe isso não faz ela perceber o contrário? Ela vive sempre assim. A vida pelo contrário. Mesmo assim, tão previsível. Eu sei que ela está com ciúmes, mas pelo o que seria?

Será que é por causa das meninas que ficaram me encarando da piscina? Não. Ela já está acostumada com isso, ela sempre diz que sou o gostosão da quebrada e sabe bem os olhares que alcanço, mesmo não querendo. Bom, talvez porque eu não tenha passado tanto tempo com ela? Mas, caramba meu, é aniversário do meu amigo, queria o quê?

Calma, William, é questão de minutos. Quando ela fica enciumada é sempre assim. Eu vou esperar ela sair do banheiro na minha, sei que ela vai tomar uma atitude, conheço ela. Ela não costuma ser tão ciumenta, mas sei que quando isso acontece, melhor eu ficar pra trás.

- Será que ele já saiu? - escuto ela conversando consigo mesma. Isso me fez segurar uma risada, preciso ser paciente - não suporto aquelas periguetes pra cima dele! Nossa... Que ódio. Vou me jogar no Tietê.

Seria esse o motivo mesmo. Pensei que ela estivesse tranquila em relação à isso, ela diz não ligar, porém isso me fez lembrar de que estou sem camisa e suado, saquei o problema. Mulheres amam isso de fato mesmo? Por quê? Não entendo essa atração boba, justamente porque não consigo sentir atração facilmente. O impossível aconteceu, me atrai de todas as formas pela garota dos meus sonhos, só falta ela perceber isso.

- Não acredito! Como ele ousa dar o meu geladinho favorito pra aquela cascavel? - escutei alguma coisa cair, isso me fez aproximar os ouvidos da porta, curioso. O que aconteceu?

Ah, agora entendi. Ela tá com ciúmes da Lily, que novidade! Sempre é dela. Bom, no fundo sei que ela quer ficar comigo, mas Mary não precisa se preocupar, eu sei me cuidar.
Eu só ofereci o geladinho que restava porque ela queria, o que tem de errado nisso? Mais um dos dramas da Drama Queen.

- Minha vontade é dar um soco naquela garota... Ela acha que não vi a carinha de malícia daquela retardada - ouvi seus sussurros por trás da porta, ainda silenciosamente.

Parece que estou encaixando bem as peças. Notei os olhares estranhos dela, sempre noto, no entanto, nunca olhei de volta ou algo do tipo. Ela sabe disso. Entendo as razões dela pra se sentir assim, sempre querendo cuidar de mim, só que não é possível que não veja que ela é tudo o que mais quero.

- O que você tá falando, Mary? Não é como se isso fosse da sua conta, você não é namorada dele, ele não te deve satisfação - ela mesma se repreende, e novamente, tenho que me segurar pra não rir, disse com aquela entoação estranha que só ela sabe fazer.

Exatamente. Não sou namorado dela e não devo satisfação a ela. Com qualquer pessoa, eu não daria a mínima, mas essa menina é diferente de qualquer outra que já conheci, ela é tudo pra mim, isso faz meus nervos estalarem sempre de confusão, nunca senti isso por ninguém e é tão estranho. Eu me entregaria por ela.

Escutei a porta se abrir e fiquei parado ainda na porta, me apoiando na batente, quando vejo os olhinhos dela marejados, isso parte meu coração em pedaços, que vontade maluca que tenho de abraçá-la e dizer que sou todo dela... Cara, como é difícil suportar tudo isso, como é difícil tratá-la como uma amiga.
Meu instinto protetor falou muito mais alto que eu, quando vi, já estava abraçando ela fortemente, sentindo meu corpo inteiro cobrir a garota, como uma sombra, como um escudo.

Meu peito saltava como nunca, me senti em uma montanha russa, só de tocar nela, era tão bom. Meus músculos relaxam automaticamente quando eu a toco.
Depois disso, beijei a testa dela com um sorriso estampado no rosto, me senti como um adolescente bobo de novo, completamente bobo por ela.

- O que você tá fazendo aqui? - a voz dela era baixa, o que me deixou ainda mais frouxa. Ela passou as mãos nos olhos para limpar o rascunho de suas lágrimas.

- Vim fazer hora extra como salva-vidas de mulheres ciumentas - respondo ironicamente, fazendo ela rir um pouco. Aquele sorriso me mata como uma facada.

- E você já terminou seu turno? - brinca, agora sorrindo com seus olhos brilhantes mirados nos meus.

- Ainda não... - minhas emoções estavam tomando posse de toda a minha razão, já não era mais o mesmo.

- Sério? Mas que desastre! - ela finge estar chateada, fazendo biquinho - o que falta?

- Primeiro... - falo com a voz suave para me adentrar ao momento.

Eu sabia bem o que queria, deixei finalmente me levar pela minha impulsividade, não consigo suportar mais essa barreira entre nós. Bruscamente, me aproximo dela, tomando sua mão com cuidado, ela parece não notar minhas intenções, mas me encara com um leve sorriso nos lábios, me deixando ainda mais atentado a fazer isso.

Ela novamente faz aquele biquinho exagerado, de propósito, nos fazendo rir, tem o dom de ser esquisita, mesmo.

- Para de fazer esse biquinho - meus olhos se encontram nos dela, criando uma fonte de calor que nem sei de onde veio - me dá ainda mais vontade de te beijar.

Seu sorriso desaparece, trazendo o rosto de profissional dela. Não havia mais escapatória, estávamos tão próximos que a saída é inexistente.
Eu a detive contra a porta, encurralando a mesma com meus braços longos. Aqueles cabelos cacheados brilhavam tanto, pareciam até de mentira, sem contar o jeito que ela me olha... Como isso me aprisiona.

Selei meus lábios nos dela, e nossa como era bom, poder sentir aquele cheiro doce me puxando ainda mais pra perto, seus lábios possuem um sabor magnífico, como uma sobremesa perfeita... Eu só queria ficar lá para sempre, passei meus braços ao redor de sua cintura e ela me abraçou ainda mais forte, me fazendo lembrar do quanto eu a amo de verdade. Não ligo pra esse lema de amizade, eu quero ela. Eu preciso dela. Depois disso, com certeza ela vai me dizer sim.

Quando senti o quanto ela retribuia com a mesma intensidade, só percebi minha alegria fluir ainda mais, florescendo, era como se estivesse quase voando, era um sonho.
Você me ama. Eu sei que me ama. Nós sabemos.

Assim que nos separamos, delicamente, ela sorria de uma maneira que jamais vi antes, um sorriso tão aberto, como o sol, realmente o sol. Ela só conseguia rir e me encarar, eu também, e sei bem o porquê.

- Então... - começou a conversa, mas logo a interrompi.

- A gente conversa sobre isso depois, tenho que pagar um geladinho pra menina ciumenta, senão ela vai dar um leri gou em mim - ela gargalha, me fazendo rir de volta. Nem acredito que levei isso tão a fundo, confesso que, na verdade, eu amei.

Me virei pra sair, mas antes de ir ao corredor, a puxei para dar um selinho sutil nos seus lábios, queria que ela soubesse que isso não é mais um jogo.
Fui realmente pagar o geladinho, o que não faço pra agradar essa garota?





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⏰ Last updated: Dec 14, 2023 ⏰

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𝕀𝕄𝔸𝔾𝕀ℕ𝔼𝕊: 𝘞𝘪𝘭𝘭𝘪𝘢𝘮 𝘔𝘢𝘳𝘭𝘦𝘯Where stories live. Discover now