Nem gosto tanto assim de você

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   Estava preocupada, Jasmine não sabia direito o que fazer, nem mesmo o que pensar. Comprou algumas coisas e preparou para levar a um piquenique que marcou com Ivy. Calmamente fez e separou os lanches, e pela primeira vez sentiu uma grande tensão e medo de ser descoberta. Dizer para a mãe que estava indo sozinha, partia seu coração, mas se contasse, corria o risco de descobrirem sobre a Ivy.
   Jasmine saiu, e caminhou depressa para a praça onde elas encontrariam, e se encontraram. Jasmine estava ofegante, o sol estava quente e o suor se espalhava pelo seu corpo, e o cheiro do protetor solar era notório, sem contar com o peso da mochila. Ela estava tão eufórica pela "corrida" até ali, que sentou, pediu calma, mal olhou para Ivy até porque estava nervosa, mas logo se acalmou e pediu um carro.
    Por fim, ela não estava nervosa, estava feliz. No carro conversaram um pouco, e aguardaram a chegada no parque onde passariam o dia. Ao descer do carro o céu estava nublado, e oh céus! Isso iria mesmo acontecer? Ivy avisou que iria chover assim que viu as nuvens se aproximando, quando estavam a poucos metros dentro do parque, veio a primeira gota, e segunda, e em pouco tempo, graças a Jasmine, as duas estavam embaixo de um pequeno quiosque sendo molhadas, já que a chuva vinha na diagonal e tinham outras pessoas fugindo da chuva ali em baixo. Aquilo não podia estar acontecendo! Jasmine se sentiu constrangida, e agora?! A chuva foi ficando cada vez mais fortes, Jas ria de nervoso. Eu não acredito! Pensava e dizia ela.
   O vento era forte e soprava toda a chuva nas meninas que estavam preparadas para um dia quente, agora sentiam frio. Mas deu tudo certo, a chuva acalmou e elas correram pra um abrigo maior e mais protegido da chuva, aguardando ela passar, que assim, com sorte, elas teriam seu incrível dia.
   E passou. Elas caminharam um pouco para procurar um lugar, agora não adiantaria nada um piquenique na grama molhada, mas Jasmine sabia de um quiosque do outro lado do parque com até mesmo mesas e cadeiras, além de uma bela vista, e pra lá foram.
   Um lindo lago se estendia pela vista, patos voavam e nadavam por ali e outras variedades de aves cantavam nas árvores por perto, ali tinham até mesmo algumas capivaras. Elas estenderam um pano sobre a mesa e espalharam as comidas. Mal foram tocadas.
   Ficaram conversando, Jasmine procurando um gatilho pra se aproximar, tudo isso entre cantadas ruins e risadas bobas. E Ivy estava ali... Linda apesar de qualquer imperfeição, para Jasmine, cada uma delas era só um detalhe pra tornar ela mais perfeita, afinal, o que é a perfeição? Ela observava atentamente a garota. E se esforçava, tocava em suas bochechas como sempre, afinal, era o máximo que tinha coragem de fazer até aquele momento.

   - Seu olho é muito bonito - Jasmine repetia ao olhar naquela imensidão de castanho claro e verde musgo, e pensava em como nunca tinha ouvido algo do tipo da menina.

   Elas estavam próximas, em um banco feito de cimento, Ivy sentada de lado, com as pernas em volta do banco, e Jas ao seu lado, a cada minuto se aproximava mais da cacheada, dava mais carinho. E sempre nas bochechas da garota, até um momento que deitou em seu ombro envolvendo um dos braços em suas costas. Ivy não sabia como retribuir; o que fazer. Confusa... E ah, como isso era difícil pra Jasmine, sempre dava tanto carinho a Ivy, era a forma que ela aprendeu a amar, era como ela se sentir bem, no momento parecia estar indo no caminho certo, mas quando se desencontraram e Jas ia repassar todo o dia em sua memória... Se preocupava, mesmo querendo negar. Era uma das formas que Jasmine tinha pra demonstrar carinho, afeto e amor, aquela era a forma que ela sabia amar, não conseguia fazer aquilo de outro jeito, estaria disposta a tentar se fosse por Ivy. Será que era suficiente pra demonstrar esse amor? Ou melhor, será que um dia Ivy aprenderia a retribuir essas afeições? Jasmine nunca tinha tido que ensinar ninguém a "amar", por mais que defendia o "amar como a pessoa é", ela precisava do toque, pelo menos de um pouco que toque e palavras de afirmação. Mas ela sabia que Ivy estava se esforçando, mas não sabia se era o tanto que ela esforçava.
   Jasmine, naquela mesma posição queria beija-la, mas não parecia o momento certo, pareceu quando elas se preparavam para deixar o quiosque, a garota estava parada em sua frente, Jasmine escorada na mesa, e ela iria com toda certeza, mas fracassou. E então elas foram andar, satisfatoriamente, pela primeira vez, Jasmine segurou a mão de Ivy sem medo. Andar em público de mãos dadas, se sentindo segura, era como flutuar por aquele parque, Jasmine só pensava o quanto seria bom se fosse completamente assumida.
   Elas passaram no meio de árvores, em uma pequena estradinha de terra, encontrando um lago menor com algumas pequenas tartarugas, e um numero menor de patos. Eram fofos, nadando curiosos com aquelas humanas. Ivy havia feito uma rosa de papel e entregaria a Jasmine, mas acabou se amassando na mochila, então a entrega não foi feita, pra Jasmine era só mais uma desculpa para um próximo encontro. Elas iriam voltar, ali estava vazio, pessoas apenas andavam pelo outro caminho de asfalto por trás das árvores, era o momento, nem que fossem apenas dois segundos. Ivy estava decidida a sair da trilha, mas Jasmine disse algo para enrolar, Ivy tentava entender o que era, Jasmine olhou em seus lábios e lhe deu um beijinho surpresa. Pra ela foi o momento perfeito, a reação de Ivy foi a coisa mais fofa, os olhinhos arregalados e o olhar confuso, como se estivesse tentando processar.

   - Vamos - Jas deu uma risada e segurou sua mão.

   Ao sair daquele lugar, deram volta no parque inteiro, Jasmine sempre naquela dificuldade de se manter calada. No final daquele imenso percurso, sentaram-se pra descansar em um banquinho isolado dos brinquedos do parque. Observando as crianças, ou se olhando.

   - Eu duvido - Ivy se referia a Jasmine a beijar, já que atitude para isso, a menina quase nunca tinha.

    - Ah é? - Jasmine se encheu de confiança.

    Jas tentou puxar o rosto de Ivy, com a mão em seu queixo, mas a garota se recusava a deixar. Até conseguia convence-la, mas Ivy sempre dava um jeito de fugir do beijo, até mesmo quando Jas segurou seu rosto com as duas mãos.

    - Viu? É por isso que eu não te beijo! - Jasmine voltou a virar pra frente do banco indignada. E era verdade, a dificuldade de Jasmine para beijar Ivy, muitas vezes era pela falta do contato visual contínuo.

    - Vai chorar?

    - Vou - Ela deitou na mesa.

    Ela olhou pra Ivy que também estava deitada na mesa, porém olhando em sua direção.

    - Porque recusou meu beijo? - perguntou com manha - Você não quer? não se sente confortável? São as pessoas ao nosso redor?

   Jasmine sempre querendo entender, sempre com sua empatia.

   - Não, não é nada não.

    - Então deixa eu... - ela virou o rosto novamente.

    Jasmine chegou a ficar aérea pensando no motivo, será que Ivy não gostava de dar selinho? Se fosse isso seria ruim, ela não queria forçar a garota a algo que ela não gosta, mas pra ela é fundamental. Ivy passava um gloss e comentava do sabor.

    - Deixa eu experimentar - Jas fingiu que iria beija-la e riram.

    - Vamos embora? - Ivy perguntou.

    - Não vou - continuou a birra.

    - Tá, vem cá. 

    Ivy deu um selinho segurando o rosto de Jas que fingiu naturalidade, mas por dentro pulava feito criança. Nesse dia Jas estava tão preocupada, Ivy nunca demonstrou tanto interesse quando Jas e isso a incomodava, mas ela não sabia como dizer. Tinha medo de que se dissesse ouvisse um "isso é temporário". 

...

    Nota da autora: Se estiver muito mal escrito, é porque eu escrevi no mesmo dia que a história ocorreu, então eu estava com o sentimento a milhões. 

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⏰ Last updated: Jan 21 ⏰

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