Ana
Entrei no grande hall da biblioteca e cumprimentei o segurança da noite. Segui para o segundo andar, onde ficava localizada a sala de descanso, e guardei as minhas coisas.
Subi mais dois andares e comecei a organizar os livros de volta aos seus lugares. Pouco minutos depois e meu celular apitou com uma nova mensagem.
Desbloqueei a tela e vi que a mensagem era do Ricardo.
- Tenho algumas novidas. Podemos conversar?
- Aconteceu alguma coisa?
- Por vídeo?
- Vou pegar o notebook.
Travei o celular e desci correndo para pegar o notebook da recepção. Procurei uma mesa vazia no térreo mesmo e liguei o aparelho rapidamente.
Tamborilei meus dedos sobre o magno a espera que Ricardo aceitasse a chamada. Logo seu rosto tomou conta da tela e coloquei os fones de ouvido no lugar.
- Está tudo bem? - com toda a certeza essa não era a pergunta que eu queria fazer agora.
- Vou direto ao ponto, Ana - falou e me sentei mais ereta na cadeira a espera que continuasse - Achei duas prováveis possibilidades para seu pai.
- I-Isso é b-bom? - conseguia ouvir meu coração bater em meus ouvidos como se eu estivesse correndo uma maratona.
- Espero que sim - falou sorrindo e me bati mentalmente por fazer tal pergunta - Quando descartamos a base de dados da polícia, comecei a investigar os locais em que sua mãe havia morado antes e as pessoas com quem teve contato. Uma antiga amiga de infância me deu uma direção - Ele levantou dois arquivos e abaixou os olhos para lê-los.
- E então? - perguntei quando ele demorou a responder - Alguma coisa?
- George Reis e Antônio Aires. Ambos tiveram um relacionamento com sua mãe naquele ano - respondeu e colocou um arquivo sobre o outro - George ainda mora no Rio e tem família. Dois filhos e esposa - pegou o arquivo debaixo e o abriu - Antônio Aires, viúvo. Sem filhos. Aqui só consta um antigo endereço.
- Ok. Acho que eu preciso respirar um pouco - falei tentando absorver as informações.
De tudo o que eu poderia passar na minha vida, essa, sem dúvidas, era a mais estranha. Eu não conseguia descrever o misto de sensações que estavam surgindo dentro de mim.
- O próximo passo é a aproximação, Ana - Ricardo chamou a minha atenção - Posso fazer esse contato inicial por você e verificar se estão dispostos a um exame de DNA.
Eles poderiam não saber que eu existia, ou não querer aproximação alguma. Eu queria?
Engoli em seco e abaixei um pouco a tela do computador. Olhei para cima para tentar conter as lágrimas e por meus pensamentos em ordem.
- Ana? - ouvi Ricardo pelos fones e levantei a tela.
- Eu... Te ligo de volta depois - fechei o notebook e me recostei na cadeira.
A minha mente estava me levando a lugares que eu não queria. Eram possibilidades que me fariam criar expectativas e possivelmente quebraria a minha cara no final.
Guardei o notebook em seu lugar e retomei meu trabalho. Organizei todas as estantes dos últimos andares, separei os livros e os guardei em seus lugares, e fui fechando andar por andar até chegar ao térreo.
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Caindo no amor
ChickLitAna deixou um passado turbulento para trás e está tentando recomeçar em outro país. O amor não faz parte dos seus planos, mas, com crianças envolvidas, nada sai como o esperado. Stephen tenta criar a filha sozinho, mas não está conseguindo dar conta...