Capítulo 2

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  Se um dia me dissessem que eu posaria para um estranho,em um quarto de hotel,no centro de Los Angeles,eu diria " só quando eu enlouquecer", talvez eu tenha de fato, enlouquecido.
— Me diga que está perto.
— Não se mexa. — ele disse suavemente,quase como um sussurro.
— Espero que esteja no fim. Minhas costas doem.
   Quando ele disse "deslize um pouco as mangas do seu vestido", minha mente viajou em um milhão de possibilidades e todas elas me fizeram revirar o estômago. Felizmente, ele só queria que eu sentasse á beira da cama e olhasse para o horizonte,nas palavras dele " como se você estivesse vendo o mais belo pôr do sol ". Não acho que estou me saindo bem,mas estou dando o meu melhor.
— Acho que agora podemos fazer uma pausa. — ele disse e imediatamente deitei na cama e  relaxei as costas. Pude ouvir uma risada abafada ser solta pelo ar.
— Isso é tortura.
— Quer ver? — me sentei rapidamente na cama e olhei para ele , a animação me tomou conta,mas logo se foi.
— Não sei se quero ver. Não sei se vou gostar. — ele estufou o peito e sorriu.
— Tudo o que toco se transforma, essa é minha arte,não tem como não ter ficado perfeita. — disse orgulhoso.
— Então deixe-me ver, Senhor Soberano de todas as cores. — me levantei e me dirigir ao seu lado.
   E não é que ele faz milagres?
   Não se parece comigo,mas é meu rosto ali,envolto em flores, rosas,roxas e vermelhas. É lindo,mas chega a me assustar, eu sou bonita assim ou de fato, tudo que ele toca se transforma?
— O que achou? — ele ergueu o olhar para mim , nossos rostos ficaram muito próximos e quando encontrei seus olhos,me senti eletrizada.
— É perfeita. — sussurrei.
   Ele se inclinou, nossos narizes se encostaram. Não se mexe,só deixa acontecer Lyla! Seus lábios tocaram os meus levemente. Ele esperou minha reação para poder avançar, e então, eu permiti.
   Nem nos meus sonhos eu poderia imaginar que eu acabaria nos braços de um estranho. Entrelaçada a ele. Suas mãos passeando pelas minhas costas. É puro êxtase.
— Ainda não. — ele disse — primeiro a pintura, depois a diversão. — balanço a cabeça suavemente concordando com ele.
— Devo voltar a minha pose anterior? — ele balançou a cabeça em negação.
— Vamos descansar, já vai amanhecer. — ele se levantou da poltrona e foi em direção a cama.
— Aonde...aonde eu posso dormir? — ele soltou aquele riso abafado novamente e deu tapinhas contra o colchão. — Acho que fico melhor no sofá.
— Vai por mim, amanhã não vai fazer diferença se dorme comigo ou no sofá. — mais tapinhas foram de encontro ao colchão — Venha. Não vou fazer nada com você. — dei passos em sua direção. — Ainda. — tenho certeza que minhas bochechas estão vermelhas como tomate.
   Mil e uma possibilidades em poucas palavras. Com ele é sempre assim? O que posso esperar de alguém tão intenso? Não sei mas só de pensar, borboletas voam em meu estômago.
   Nunca dividi a cama com um homem. É quente e acolhedor. É engraçado pensar,que em menos de duas horas, eu já tenha feito coisas que eu julgava ser impossível.

{•••}

   A luz do sol me acordou. Aquele clarão costumeiro do sol de Los Angeles me deu bom dia. O alívio me tomou quando percebi que eu estou intacta e que Jonah ainda está a dormir ao meu lado. Ele fica bonito até dormindo. Seus cabelos loiros estão sendo amassados pelo travesseiro , é uma bela cena.
   Me levantei da cama e fui ao banheiro. Preciso da uma jeito nesta bagunça. Meus cabelos estão desgrenhados e minha maquiagem borrada. Lavei o rosto e prendi o cabelo em um coque. Fiz o melhor que pude para limpar os dentes. Espero que não esteja com mau hálito.
   Quando sai do banheiro, Jonah já estava acordado e se trocando. Achei que não tivesse como ele ficar mais encantador. Ele fica bem sem camisa.
— Bom dia. — ele me saudou.
— Bom dia.
— Está com fome? — eu balanço a cabeça em afirmação. — Vamos comer, depois ,vamos a um lugar.
— Tudo bem.
   Ele veio até mim e depósitou um selinho rápido em meus lábios. Corei.
— Quer algo mais confortável para vestir?
— Podemos passar no dormitório da faculdade, assim posso me trocar. — ele assentiu com um gesto.
   Eu não tenho mais ideia do que vai acontecer. Pelo que posso ver, ele já fez os planos para este dia. Isso me deixa ainda mais nervosa.

{•••}

   Subir na moto já não era mais um desafio, e dessa vez eu não passei vergonha. Ele me acompanhou até o meu quarto, que está quase vazio, menos por algumas malas de Anna e alguns vestidos meus. Minhas malas foram enviadas a alguns dias a pedido do meu pai, ele não poderia vir me buscar então pediu a um ajudante que pegasse pelo menos as minhas bagagens.
   Ele se jogou na minha cama e cruzou os braços sob a cabeça.
— Até que os dormitórios são confortáveis. Seu colchão é macio. — ele disse.

Meu pai faz questão de me dar o melhor que pode. — peguei um vestido de alcinha de cor amarela e com flores cor de rosa. Ele possui um tecido pesado, então não vejo problemas em usá-lo ,já que irei andar de moto.  — Não vou demorar.
   Entrei no minúsculo banheiro,tomei um banho e então me vesti. Ao me olhar no espelho eu vi o rosto que tanto quero mudar. Tenho vinte e quatro anos,mas aparento ter no máximo dezessete. Consequências de uma vida tranquila e sem emoções que tive.
   Sai do banheiro e Jonah ainda estava deitado na cama.
— Quantos caras devem ter dormido aqui. — ele disse mais para si do que para mim.
— Nenhum. — respondi. Ele se sentou na cama e me analisou.
— Não minta pra mim.
— Eu não minto. — suspirei. — Eu nunca trouxe ninguém para cá, nunca apresentei ninguém ao meu pai, eu nunca namorei Jonah,nunca me permitiram isso. — virei meu rosto para longe do dele, encarando a única janela no quarto. Não queria que ele visse a tristeza em meu olhar.
— Isso soa errado, pensei que os homens caíam aos seus pés. — eu não aguentei segurar a risada. Meu corpo se curvou para trás e minha mão sustentou minha barriga.
— Ah, Jonah, você não faz ideia de como é a minha vida. — me virei para ele. Ficamos em silêncio por um segundo e então ele ergueu a mão para mim, e mesmo não sabendo o que iria se seguir eu a aceitei. Fui puxada fortemente contra ele,nossos corpos caíram sobre a cama.
— Vamos mudar isso. — ele disse em um quase sussurro.
   Nossos lábios se encontram. Estou realizando um desejo que eu nem sabia que tinha. Mas com as mãos de Jonah em meu corpo tudo fica mais real.
   A porta foi aberta e um grito fino nos chamou atenção. É Anna e ela nos pegou no flagra. Subi a alça do meu vestido e sai apressadamente de cima de Jonah, que logo se sentou na cama.
— Lyla?! — seu olhar era um misto de empolgação e de surpresa.
— Oi, Anna. — mordi o lábio inferior — Jonah ,essa é Anna Campbell, minha colega de quarto.
— É um prazer. — disse ele. Ela sacudiu a cabeça ainda atônita.
— Veio buscar suas coisas? — perguntei a ela.
— Sim, meu vôo sai em quatro horas, vou voltar para Seattle — ela sorriu, as bochechas ainda avermelhada.
— Hum, boa viagem. — sorri ao dizer — Vai ser muito estranho não ter sua diária companhia.
— Não consigo me ver sem as noites de taco — ela falou, passando a mão no pescoço.
— Vamos comer? Estou com fome. — disse Jonah, cortando o assunto.
— Claro! Me espera lá fora, eu tenho algo para dar a Anna.
— Tudo bem — ele beijou minha testa, se levantou e saiu.
— Que gato! — berrou Ana dando pulinhos de alegria. — Finalmente amiga!
— Deixa de ser boba! — me levantei da cama, ficando constrangida a cada minuto que se passa — Ainda tem espaço em sua mala? Tenho três vestido aqui, aqueles que você gostou, pode ficar com eles — apontei para o pequeno armário.
— Se não tiver eu faço caber  — ela pegou a bolsa de com verde e a abriu. Peguei os vestidos do armário e entreguei a ela. — Vou sentir falta de tudo isso, é estranho não é? Saber que não vamos voltar para cá?
— Eu também sinto isso ,mas acho que além de James e você, não vou ter muito o que sentir falta — dei de ombros, porque por mais que doa, é verdade.
— Você devia ter aproveitado mais, só temos essa vida e ela é curta — ela gesticulou, levantando os ombros e e inclinando a cabeça para o lado.
— Eu sei, estou tentando, eu juro.
— Com aquele gato? — ela abriu um sorriso malicioso — Você tem bom gosto, tenho que admitir!
— Deixa eu ir, que o gato tá me esperando! — a abracei, abracei a amiga que me suportou e ajudou durante quatro anos da minha vida. —  Me mande e-mail e mensagens, vamos manter contato!
— Com certeza! E Lyla — parei na porta, e olhei por cima do ombro —, se divirta.
    Eu vou.
   Vou mais que me divertir. Viu ser quem não pude ser durante toda a minha vida.
   Foram quatro anos da minha vida presa entre estas paredes. Me entristece saber que minhas lembranças da faculdade vão ser apenas de aulas e estudo,já que nunca fui a festas e jogos, me empenhei em meus estudos e esqueci de viver. Acho que está mais do que na hora de dar um basta nisso.
   Escorado na moto de cor preta, acho que esse modelo é clássico ,já que nunca vi algo parecido circulando nas ruas. Parece que essa moto foi retirada de um filme dos anos oitenta.
— Está preparada? — ele me entregou o capacete.
— Sim. — disse sorrindo.
   Pode vir com tudo.

Destinos Entrelaçados ( Amostra )Where stories live. Discover now