HOTEL CARO ━ gabigol

𝟕𝟑 | 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎

Só pude perceber como eu estou quando todos haviam saído do quarto e me deixado sozinha de frente para o espelho.

Eu quase caio de joelhos em me ver. Caralho, sou eu mesmo? Nem parece a mulher capenga que se descabela todos os dias por causa de seus filhos.

Eu não só estou linda. Estou, sei lá, brilhando. Olhando para o conjunto inteiro da obra, tudo em mim está ornando. Se encaixando e me deixando tão bela que eu mal me reconheço.

Os maquiadores haviam feito algo tão mágico em meu rosto que minha pele parecia sedosa e macia como a de um bebê, sem parecer que passei três litros de base para cobrir as imperfeiçoes. Não parece exagerado. Parece poderoso.

Meu cabelo está semi preso. Há tranças intercaladas a um coque que enfeitaram com flores pequenas e brancas junto a pequenos diamantes.

O vestido era vulgar, do jeitinho que gosto.

Eu o escolhi por ter esse toque sensual que me chamou atenção no minuto em que meus olhos o avistaram.

De alcinhas com um lindo decote em V que dava até o meio de meu abdômen. Meus seios gritavam e eu amava. Todo rendado, mas há uma saia de tule por cima que dá um contraste perfeito a quantidade de renda. Além disso, tem também uma linda e enorme fenda que destaca perfeitamente uma das minhas pernas enquanto eu ando.

Não sei quanto tempo fiquei encarando o reflexo daquela gostosa no espelho, mas a porta sendo aberta e uma pessoa muito bem perfumada adentrando o quarto roubam totalmente a minha atenção.

— Vadia, você não vai acredi... — Ryan para de falar assim que seus olhos se erguem do chão e me encaram. 

Aquela era a primeira vez que eu via Ryan usando roupas formais. Blusa social branca com suspensórios beges da cor da calça. E para dar um toque ainda mais formal e elegante, uma linda gravata borboleta.

— CARALHO, LUANNA! — ele me analisa por completo, me deixando extremamente envergonhada. — Porra, você está... nossa! Minha nossa senhora da bicicletinha sem freio!! Não sei nem que adjetivo usar para descrever o quanto você está gata. Puta que pariu! Eu deixava você me comer.

— Você é péssimo, Ryan — começo a rir, permitindo que meu melhor amigo pule na cama e continue a me analisar enquanto fala.

Esse aqui foi o quarto que passei a noite. Nós alugamos um salão de festa especial de frente a uma praia e com acomodações pois tenho filhos e familiares que estiveram comigo desde ontem até hoje. Cuidando de todos os preparativos.

— De verdade não sei quem tem mais sorte nesse relacionamento — Ryan apoia o rosto numa das mãos. — Você em ter o próprio Gabriel Barbosa, ou o Gabriel em ter você. A mãe mais gostosa do Brasil, mesmo sendo palmeirense.

— Essa é a minha maior qualidade — informo completamente sorridente.

— É sim, confia — meu amigo se levanta e vem até aqui. — Você está linda de morrer, sabe disso, né? — Ele pega em minhas mãos e me olha nos olhos. — Parece que foi ontem que eu te vi cantando pela primeira vez naquele barzinho da fracassada da Letícia, depois você deu um perdido com o Gabigol e fizeram meus sobrinhos.

Dou uma risada, mas meus olhos se enchem de lágrimas ao me lembrar como tudo começou.

— Era tudo tão diferente naquela epóca.

— Sim, o Flamengo tinha ganhado dois títulos seguidos pra logo depois vir 2023 e acabar totalmente com a minha alegria e a minha soberba. — Ele faz um drama. — E pra piorar ainda vimos nosso rival levantar uma taça.

— 2023 foi um ano estranho.

Me lembro de tudo que vivi naquele ano. Da gravidez. Do parto. Dos jogos. Do mal desempenho do Gabi. Do fracasso do Flamengo. Da suposta crise do Palmeiras seguida da pipocada do Botafogo que facilitou pra mais um título na nossa conta. Do Santos rebaixado. E até do São Paulo ganhando a Copa do Brasil.