06 | cheeleader

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ANY GABRIELLY
SANDIA HIGH SCHOOL, FLÓRIDA.

— O que está fazendo aí?

Pulei no mesmo lugar ao escutar a voz de  Hina atrás de mim. Ela estava acompanhada do namorado, que estava acompanhado de Alex, que por sua vez estava sozinho.

Eu estava sozinha. É, isso mesmo. Eu estava sozinha no refeitório da escola, e naquela altura do campeonato, eu já sabia que isso seria assunto para a página de fofoca do Sandia. Sempre é.

Não tinha visto Noah até agora. Sei que a noite da festa, a última sexta, tinha sido um fiasco. Hoje mais cedo estávamos sussurrando enquanto eu passava pelo corredor. As pessoas sabem o meu histórico de bebidas, e não deveriam estarem surpresas

Mas o problema é que, Noah descobriu que eu era virgem. Não isso que isso fosse um grande problema pra mim (até porque não era, oportunidades que não faltaram), mas eu tenho medo do que ele pode fazer enquanto tiver essas informações em mãos.

— O que estava fazendo? — Minha amiga questiona. Aponto para o livro e ela faz uma careta Eu ri. — Soube da festa.

— Você soube o que da festa.

— Você e Noah sumiram, Any. — Ela para no meio do refeitório e começa a sussurrar para mim. Isso mesmo, no meio do refeitório. — Você não faz ideia do que essas pessoas estão falando de você.

— Que falem. — Digo. — Muitas das coisas estão certas.

Melanie me olhou de rabo de olho, e se sentou ao meu lado na mesa. Alex fez a mesma coisa, se sentando no lado oposto e passando seu braço por cima do meu ombro. O moreno esticou a cabeça e deixou um beijo estalado na minha têmpora direita.

— Estamos aqui pra tudo o que acontecer ok? — Melanie diz baixinho, ao meu lado. — Agora coloca aquele sorriso de megera nos seus lábios e levanta daí. Vem, você vai almoçar com a gente.

Me levantei da mesa acompanhada. É assim que virei para o corredor, o vi, sentado totalmente sozinho. Noah olhava para mim com um sorriso de escárnio nos lábios, e eu me perguntei o que ele estava pensando enquanto olhava para mim.

— Eu sei que ele é seu namorado falso, mas se você quiser, eu posso bater nele.

— Ele acabaria com você, Alex. — Eu respondi, e vi que o garoto ao meu lado murchou. — Mas obrigada pela preocupação.

[...]

Era treino das líderes de torcida, e bem, eu estava sentada aos fundos da arquibancada, terminando meu dever de história. Aquela era minha matéria favorita, e era exatamente por isso que eu estava fazendo dever ali. Não sei o que seria de mim se as pessoas descobrissem que eu gosto de estudar.

— Fazendo o que aqui?

Pulei no meu próprio lugar com a pergunta. Noah estava em pé, um pouco abaixo de mim, em outro andar da arquibancada. Não o respondi, apenas voltei minha atenção para o meu caderno.

— Sua mãe não ensinou você a cuidar da sua vida? — Eu digo ríspida. Não estou com paciência para aturar os joguinhos de Noah agora.

— Não. — Ele diz. — Vou lembrá-la que ela deveria ter me ensinado assim que eu chegar em casa.

O olho para ele de rabo de olho, e volto minha atenção para o caderno a minha frente. Termino de fazer o dever instantes depois, e fecho o caderno, o deixando ao meu lado. Olhei para Noah, que ainda estava na minha frente, e cruzei as pernas. Sei que a visão que ele estava tendo de mim era incrível, já que eu estava de uniforme das líderes de torcida.

— Any Soares, você não presta. — Ele diz, encarando descaradamente as minhas pernas.

— Noah Urrea, você definitivamente não presta também.

O silencio que estava em nossa volta, foi cortado assim que escutei o apito da nossa treinadora. Olhei para trás, e ela me olhava com cara de poucos amigos. Levantei o caderno, e ela só fe me olhar, voltando sua atenção logo em seguida para as outras líderes de torcida.

— O que quer aqui, Noah? — Minha atenção voltou para o louro logo depois.

— Não vou contar para as pessoas que é uma virgemzinha. — Ele diz. — Se esse é seu medo, claro. Ninguém liga para você aqui dentro.

— Você fala isso como se eu odiasse a ideia de nunca ter sentado em um pau antes. — Eu respondo, esticando meus braços para trás e escorando a mão na arquibancada. — Não odeio isso. Gosto que as pessoas falem.

— Então porque tem tanto medo de que eu conte para as pessoas? — Ele se ajoelha na minha frente. Minha respiração se torna mais pesada, não por causa da proximidade, e sim pela raiva. — Se você não liga não vê problema que eu conte para as pessoas, não é?

— Eu odeio você.

— Um mês sozinha em casa, Soares. — Ele diz. — Quem sai perdendo é você, não eu.

Noah se levanta, e deixa um beijo estalado na minha bochecha, pousando uma das mãos bem em cima da minha coxa nua. Sei o que ele estava fazendo. Aquele campo estava cheio de garotos, e ele parecia um cachorro querendo marcar território. Odiava isso.

— Te vejo aí, Pompons.

Ele sai andando pela arquibancada, com as mãos no bolso da calça do uniforme. Suspiro frustrada, e volto a me recostar no lugar, mas dessa vez, sem as pernas cruzadas.

Eighteen ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now