— Então ele está aqui desde o almoço.

— Parabéns para a sua cozinheira, ela fez uma comida excelente. — O outro falou, nitidamente feliz por me deixar incomodado.

— Bem, eu vou tomar um banho e depois vou na casa da minha mãe. — Eu disse.

Realmente precisava passar na Mansão da Família Servantes e não tinha a menor intenção de desperdiçar meu final de tarde na companhia daquele cara chato.

Quando sai do banho, Betina me alcançou perto da porta do nosso quarto.

— Posso te pedir um favor?

— Se eu puder ajudar.

— Você disse que vai para a casa da sua mãe. É caminho para o apartamento do Rick, não pode dar uma carona para ele?

— Aff!

— Eu posso convidá-lo para dormir aqui, se preferir... — Ela disse marota, se aproveitando dos meus sentimentos.

— De jeito nenhum, eu o levo, de preferência para bem longe daqui.

— Cristian, você fica muito fofo quando está com ciúmes. — Betina me beijou. Eu me senti aquecido, pois ainda não tínhamos feito amor depois que ela teve o Tobias.

— Quando você termina seu resguardo?

— Na verdade terminou hoje. — Ela disse, mordendo meu ombro. — Não volte tarde para casa, temos uma pendência para tratar hoje, nesse quarto.

Eu prometi voltar logo, estava ansioso para ficar sozinho com ela naquela noite.

Rick me esperava na sala. Talvez se ele me tratasse com mais simpatia, eu pudesse engolir a sua presença, mas o homem fazia questão de me encarar com aquela expressão azeda. Será que era ciúmes? Com aquela atitude era difícil eu acreditar que suas intenções com a Betina eram apenas de amizade.

Ainda assim eu lhe dei carona.

Enquanto dirigia o carro pelas ruas movimentadas de São Paulo, eu decidi abordar aquele assunto com o Rick:

— Por que não gosta de mim? Diga a verdade: está a fim da Betina?

— Longe disso. — Rick falou, sem desviar os olhos da pista. — Eu apenas não fui mesmo com a sua cara.

— Simples assim?

— Pois é. Ah, tem mais uma coisa: Você me lembra alguém que eu conheci na infância e que eu odeio.

— Se conheceu na infância não sou eu, pois sou mais novo que você. - Respondi. Nisso o aplicativo do carro me indicou que entrasse na rua à direita e eu o fiz. Era uma rua escura e deserta. — Se a Betina é importante para você, peço que faça um esforço para se dar bem comigo. Vou me casar com ela.

— Vou me esforçar, só me dê um tempo, não consigo forçar não ter ranço de você.

— Certo.

De repente uma moto passou por nós com dois rapazes de bermuda. Percebi que Rick ficou tenso ao meu lado. Logo escutei outra moto do nosso lado, fazendo sinal para encostarmos.

— Seremos assaltados. - Ouvi o Rick falando.

Então percebi que Rick estava armado, o que era óbvio, pois era um policial, mesmo que a paisana.

— Eu vou acelerar e passar por cima daqueles caras. — Rangi os dentes.

— Espere. — Rick pediu.

Fui obrigado a parar o carro quando o garupa da segunda moto apontou a arma para nós. Ele estava encostado com a moto ao meu lado. Então bateu no vidro e eu não abri. Como o vidro era escuro, ele enxergava apenas nossos vultos dentro do veículo. Quando a dupla da primeira moto desmontou para completar a abordagem, Rick me disse:

— Fica encostado no banco e abre o vidro rápido, esteja preparado para sair correndo.

Meu coração foi a mil com aquela ordem. Eu abri o vidro rapidamente e eu só tive tempo de ver o Rick atirando contra ele. O acertou diretamente no peito que estava desprotegido. O som do tiro ainda ecoava em meus ouvidos, mas pude ouvir o policial me falando:

— Agora, vai!

Eu pisei fundo no acelerador em meio a tiros que vieram em nossa direção. Voltei com o carro para a rodovia, me emaranhei entre os demais veículos e pudemos perceber que eles não conseguiram nos seguir.

— Cristian, você está sangrando — Rick me avisou, visivelmente preocupado.

Foi então que vi minha camisa branca tingida de vermelho.

INABALAVEL: Me Rendendo ao Ex-cunhado Where stories live. Discover now