Pensativa, em seus anseios remotos encontrava-se. Trancafiava seus pés de tal modo sobre aquele gélido móvel que seria possível movê-lo pelo seu pensamento inerente. Sua vida; estava dissolvida em cacos e rodeada por postiços. Olhava de relance uma sombra mórbida, a proeza desconhecida a sua visão retribua. Um urro sobressaiu-se sem destinatário. O crepúsculo avançava. Os pés da garota já não se moviam. Desejava recuar, mas lhe era impossível e seguir adiante incogitável.
Respirou sem calma, enquanto seus impulsos fisiológicos lhe apudia. Suas tentativas de pedir socorro eram vãs, pois sequer sabia qual era o perigo que se alastrava. Ela pensou em gritar, mas suas cordas vocais já não lhes obedecia. Cogitou a possibilidade de correr, mas lembrou-se que suas pernas já não funcionavam mais. O que lhe restava era apenas seus olhos que fechavam-se e abriam-se quando bem queriam e o tique taque do relógio que marcavam 2h00 daquela madrugada.
Movida pelo terror momentâneo, a menina passou a mover seus olhos em direção ao espaço quadricular que lhe rodeara. Tudo que lhe fizesse menção a sombra ali jazente causava-lhe medo e uma angústia tremenda e seu único remédio era distrair-se de qualquer modo que fosse.
Os móveis rústicos amadeirados já não lhe causava o seu tão conhecido fulgor ao olhá-los. O piso de porcelana projetado por sua mãe, uma célebre arquiteta, já não lhe cativara como antes.
A garota apercebeu-se que o tempo voou depressa pois novamente moveu seus olhos para aquele relógio esverdeado. Naquele momento, a cor do objeto lhe parecia tão densa que poderia cegar-lhe. Com uma certa cautela, fechou os olhos e num nanosegundo os reabriu os direcionando ao ponteiro daquele relógio. Eram 4h50.
Novamente, como numa fuga iminente a garota passou à aderir a devaneios incongruentes. Imaginou-se empunhando uma espada, quase que preparando-se para alguma batalha vindoura.
Não funcionou.
A sombra ainda estava ali.
Tentou lembrar-se então de seus momentos mais caros, como quando aprendeu a fazer bolo de abacaxi há não muito tempo, com sua vó materna. Pois, a mesma obtinha dotes culinários inquestionáveis.
Não funcionou.A sombra parecia querer acorrentar-lhe.
De repente, um furor apoderou-se da pobre garota. E ela correu para longe. Devido ao nervosismo, ela bateu na escrivaninha que ficava ao lado da sua cama. A garota exasperou. E demorou tempo demais pra perceber que a imagem que tinha diante de si já não era mais a mesma. Já não era tão devastadora.
Era mil vezes pior.
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Poemas (volume I)
PoetryAqui consta diversas obras poéticas, em sua maioria recentes, que escrevo no decorrer dos dias corridos. E neles, deposito o meu coração. (A capa é temporária). boa leitura :')