Saí do consultório naquela manhã tendo a certeza de que havia esperança para os meus sentimentos. "Eu não estava sentindo nada sozinha. Não é possível que ela seja indiferente a todas as minhas indiretas".

Na segunda feira fui pra casa com minha mãe que veio me buscar depois da consulta. No fim da tarde, "matei" a última aula que eu teria de Física e voltei ao consultório de Wednesday. Falei com a recepcionista, secretária ou sei lá o quê! Descobri que a minha psicóloga estava com o seu último cliente dentro do consultório. Agradeci a informação e fiquei esperando no final do corredor, às escondidas. A consulta enfim terminou. Olhei o relógio e imaginei que a essa hora minha mãe estaria louca na porta da escola percebendo que eu sumi. Meus pensamentos foram interrompidos pela voz dela. "Wednesday!" Suspirei ao entreabrir os lábios para dizer, no silêncio daquele momento, o nome dela. Ouvi ela se despedindo da recepcionista e me esquivei no corredor, ela passou segurando uma maleta preta de couro. A acompanhei com o olhar sem que ela pudesse notar a minha presença e entrei no outro elevador.

Já estava tudo premeditado, como uma boba apaixonada e inconsequente, peguei um táxi e segui Wednesday até sua casa. Fiquei parada atrás de um poste de luz enquanto ela abria o seu portão e entrava calmamente no seu lar. Isso seria um perigo se eu fosse uma psicopata, não é? Pronto! Eu já sabia onde ela morava, e deveria ir embora, certo? Chegaria em casa e meus pais fariam um interrogatório gigantesco querendo saber onde estive, com quem e o porquê de ter desaparecido do colégio sem permissão. Depois de meia hora travando uma luta interna entre a minha vontade e a minha razão... Atravessei a rua e toquei a campainha da casa de Wednesday.... Vi quando ela acendeu a luz da sala, olhou pela janela e parada por alguns minutos sem saber se era eu mesma ou uma assombração, resolveu vir me atender. Diante de mim era uma Wednesday completamente assustada que balançava continuamente a cabeça no sentido negativo como se fosse brigar comigo assim que conseguisse abrir o portão que parecia emperrado.

Ela abriu, mas ao contrário do que pensei, Wednesday não disse nada, apenas olhou o relógio de pulso notando que estava tarde. Eu estava feliz, muito feliz, simplesmente porque não teria que esperar até quarta feira para ver a mulher dos meus sonhos. Aspirei o ar que circulava entre nós e senti o cheiro gostoso que vinha dos seus cabelos molhados, o perfume do sabonete que emanava da sua pele. Wednesday agora me olhava com pesar, ela já sabia o que eu queria antes mesmo que eu dissesse uma palavra.

Meus olhos apaixonados faiscavam só de olhar pra ela. A minha doce psicóloga estava diferente de todas as vezes que eu a vi. E não eram apenas as roupas, sua fisionomia preocupada em nada lembrava aquela mulher segura que me dava conselhos e me ouvia como se tivesse a fórmula da felicidade para prescrever numa receita de farmácia.

O silêncio que nos envolveu me arremeteu às lembranças dos gestos e expressões vividos naquela semana. Se ela não me quisesse teria me mandado embora, não é?

- Entra, Nid! – disse desconcertada. Viram? Ela não me mandou embora. Meu coração acelerou... Minhas mãos começaram a suar frio... Olhei para ela que me deu as costas e caminhou na direção de sua casa... Wednesday usava uma saia estampada, predominantemente rosa até os joelhos, de um tecido leve de malha fria e uma camiseta branca de alças finas que deixavam à mostra os seus ombros e exibia um decote provocante.

     Caminhamos lentamente até a mulher a minha frente abrir a porta me dando passagem, para em seguida ocupar a sua sala. Arrepiei da cabeça aos pés quando Wednesday sedutoramente esbarrou seu corpo no meu ao passar por mim. Parou na minha frente de braços cruzados como se quisesse se defender do que ela nem sabia o quê!

- Segui você! - justifiquei a minha visita repentina. - Olha... Não sou nenhuma psicopata, tá?

- Vamos parar por aqui, está bem? – me fitou profundamente nos olhos. Senti meu corpo reagir aquele olhar.
Aproximei dela... Devagar... Sem querer assustá-la e para aproveitar o toque das minhas mãos na sua pele... Lentamente descruzei os seus braços com as minhas mãos. Wednesday apenas visualizou o meu gesto, sem nada dizer ou fazer – É melhor...

Minha Doce Psicóloga |  Wenclair (adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora