𝐘𝟕: Turning Page

Start from the beginning
                                    

— Esse é o problema — disse Regulus. — Não dá para ter certeza.

— É. Não dá.

Ficamos em silêncio por uns segundos, mas não de modo constrangedor. Fiquei pensando em meus poderes enquanto isso, e uma ideia surgiu em minha cabeça. Era loucura, mas ainda assim, uma ideia. Regulus, pressentindo isso, negou com a cabeça.

— Você não pode trazer pessoas de volta à vida, S/N. Não é para isso que o Poder da Destruição serve.

— Mas o Poder da Destruição é o Poder da Morte! — argumentei, ficando sobre meus joelhos para encará-lo melhor. — Se posso controlá-lo... Em tese, poderei fazer qualquer coisa, incluindo...

— Não — disse ele, firme. — Não pode. Sei disso porque, quando você me libertou da maldição que me prendia ao Lago dos Inferi, e eu tive acesso ao que conectava minha devoção a você, pude saber mais sobre as habilidades que você carrega. Não pense que não fiz uma pesquisa, enquanto estava te procurando, com o intuito de te ajudar como podia. Se houvesse alguma maneira, eu saberia.

— Não necessariamente — revidei. — Aposto que há pouco escrito em livros sobre o que aconteceu com as mulheres de minha família que sofreram com a Maldição da Morte. Alguém deve ter conseguido, em algum momento.

Regulus balançou a cabeça, negando.

— Assim você só vai se frustrar. Se fosse o caso, você teria revivido aquele seu amigo, bem antes, ainda que inconscientemente. Como era mesmo o nome dele? Não sei de tantos detalhes, só ouvi rumores.

— Cedric — respondi, baixinho.

— Isso — disse Regulus. — No fim, você sabe que não é assim que funciona. Não ache que estou dizendo isso à toa, porque eu também queria que fosse possível. Queria dar um jeito de ter meu irmão de volta, porque seria legal consertar as coisas pendentes entre nós. Mas a Morte designou o Poder da Destruição com o propósito já dito pelo nome: destruir. Você pode controlar mortos-vivos, pode assassinar sem piedade. Além de outras coisas, é claro. Fazer quem você ama voltar à vida seria o oposto do que "Destruição" significa.

Suspirei tristemente.

— Odeio tanto isso — confessei.

— Eu sei, S/N. Sinto muito. Infelizmente, é assim que o mundo funciona.

Dei de ombros.

— Acho que uma guerra não seria uma guerra sem mortes trágicas.

Ficamos calados de novo, ouvindo o crepitar das chamas na lareira. Esperança se esvaiu como água, fazendo com que restasse somente solidão e espaços vazios. Deixei que me consumisse, pois era o que me restava. E subitamente senti-me ainda pior.

Divaguei para longe, então, e meus pensamentos me levaram para um mundo em que só havia flores, onde Harry e eu morávamos numa casa bonita e tínhamos nossa Adeline correndo por entre as plantas verdes do jardim da frente. Pads a acompanhava de perto, sempre cuidando para que não se machucasse, enquanto eu observava de uma distância segura, dando a ela a liberdade de que precisava para imaginar que estava brincando nas propriedades do próprio castelo de contos de fadas. A imagem, então, se desfez, formando outra ainda mais bonita, que me fazia querer chorar de emoção.

Seria sempre assim, dali para a frente? Só devaneios, cenários irreais que provinham de minhas histórias ilusórias? Viver sonhando acordada para não precisar viver de verdade? Parecia terrível. Mesmo para mim, que me acostumara parcialmente com o sofrimento que experienciei ao longo dos anos.

— No que está pensando? — perguntou Regulus, interrompendo meus pensamentos.

— Em nada — menti. — E você?

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterWhere stories live. Discover now