— Não sei se você soube, mas meu pai me disse que a família Caramel vai oferecer um dia de lazer para as crianças da vila. Irá participar? Sendo tão bondosa, não te vejo distante desses eventos. — Tiago colocou de forma amistosa, me olhando firme.

— Ah! Estava sabendo, sim, mas admito que acabei esquecendo. Porém, penso em ajudar, como todos os anos. Você também pode, se quiser. — Apontei em sua direção sorrindo, como encorajando uma afirmativa.

— Tudo bem, farei esse esforço por você... E pelas crianças, claro! — Sorriu largamente, me fazendo corar.

As vezes Tiago falava umas coisas que me deixavam confusa. Será que ele pode está se interessando por mim? Oh, não! Espero que não! Embora ele não seja como o Elck, ainda continuo firme sobre o pensamento de não casar.

Nós conversamos por mais um tempo e ele logo se despediu, avisando ter algumas visitas para fazer por Aurélia. Alguns moradores o praticamente intimidaram a uma visita e ele precisava ser o mais simpático possível com os vizinhos de seu pai, palavras dele. 

A verdade é que notei gostar muito da companhia de Tiago e esperava conservar uma longa amizade com ele. Tínhamos gostos parecidos, educação, modos de pensar e uma simpatia nata. O que mais eu poderia querer?

                      🐇🐇🐇

Já era sábado a tarde. O dia da festa com as crianças da Vila. Como todo ano, muitos moradores se reuniam para ajudar a família Caramel na organização, que era composta por um casal idoso da nossa igreja, que não tinham seus filhos por perto e amavam estar rodeados de pessoas, principalmente crianças. Alguns da vila doavam decorações, comidas, brinquedos etc., e outros colaboravam na organização.

A cada ano eu ajudava como podia. Tinha tantas crianças que não possuíam oportunidades de brincar com brinquedos diferentes ou até se alimentar com tanta variedade. Era gratificante ver o sorriso no rosto delas em cada jogo, doce ganhado e até na socialização com os outros. Olhinhos brilhantes e bochechas coradas era minha missão naquela festa e faria o melhor para isso. Além de tudo, sempre fazíamos um trabalho evangelístico no meio, querendo aproximar os pequenos mais do Senhor. Nascer em berço Cristão não bastava, era necessário comunhão com o Espírito Santo.

Estava chegando ao local da comemoração com Tiago, quando avistei Filippo, Hanna e Jane já empenhados na organização. O ambiente era aberto e conhecido como o maior parque de Aurélia, além de mais bonito também. Lotado de roseiras, plantas de todo tipo e inúmeros arvoredos.

— Oi, Emma! — Hanna acenou para mim assim que nos avistou.

Chegamos perto e de novo vi Jane com um semblante desconfortável sobre Tiago.

— Viemos ajudar. Não é, Tiago? — falei retoricamente e ele assentiu, com o rosto adotando uma tensão repentina.

— Ótimo! Tem umas caixas lá no carro do Filippo para pegar ainda. Que tal irmos? — Hanna expressou, tão sorridente que mal a reconheci.

Até o momento Filippo não se aproximou de mim. Apenas acenou contido quando chegamos perto, no entanto, sem nem me olhar direito. Já tinha um tempo que ele estava assim. A noite no lago foi o único momento que o tive tão perto novamente, mas durou pouco. Não entendia sua atitude.

— Claro! — respondi a Hanna, disposta a ajudar e quem sabe conseguir me aproximar do fazendeiro.

— Tiago e Jane ficam aqui organizando a mesa com as sacolinhas, pode ser? — Hanna indagou e, desconfortável, Tiago concordou.

— Vocês podem precisar de mais ajuda. Eu posso ir também! — Pela primeira vez, Jane falou e sua voz estava meio presa, além de olhos cambaleantes.

Até Te Encontrar (Uma releitura de Emma)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora