Uma garota arrogante e interesseira que abomina a vida humilde que tem com seus pais.
Aurora pretende transpor todas os limites para ter a vida regada de riqueza e luxo que deseja. Só, não contava com o azar ou sorte, de ter seu caminho cruzado por...
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Se eu confessar que estou perdido, não sei mais como agir, como fazer algo entrar na cabeça de Aurora, estarei sendo verdadeiro.
Faz três semanas que a menina está vivendo junto comigo. Pensei que com o tempo tudo entraria nos eixos. Me enganei redondamente, a garota está transformando minha vida em um verdadeiro inferno.
Enxugo minha testa suada, mais uma vez viro a chave na ignição do trator, mas a máquina não dá sinal de vida.
_ E aí, D'artagnan? Conseguiu achar o problema? - fala Marinho.
_ Não, pior que desmontei e montei parte do motor, mas não consigo encontrar o defeito. - respondo.
A verdade é que não estou com cabeça para nada. Há dias que estou totalmente fora de órbita.
_ Chama um mecânico!
_ Dessa vez vai ter que ser.
_ O que houve? Estou te achando meio pensativo. A filha do Manuel tem fritado seus neurônios?
Dou um meio sorriso. Se ele soubesse que a menina está me deixando acabado, não estaria fazendo piadinhas.
_ Não, estamos bem. - minto.
_ Rapaz, vou te confessar, nunca pensei que a menina prepotente iria se apaixonar por você.
Olho para o homem escorado na pilastra bem à minha frente.
_ A vida tem dessas, meu amigo! Quando menos esperamos, somos surpreendidos.
Ficamos um tempo conversando amenidades, até ouvirmos a voz do gerente da Grão Doce.
_ Rafael! Gennaro está te esperando no escritório.
Bufei. Era a terceira vez em quinze dias que meu pai vinha me cercando, sempre querendo conversar. Ele finge não entender que sei o propósito dessas "conversas": uma reaproximação.
_ Certo! Estou indo!
Marinho me olhou de esguelha.
_ É D'Artagnan, o patrão tem te convocado direto para comparecer no escritório, hein! O que é que está pegando?
Sua pergunta me deixa pisando em ovos. Como responder a ele sem deixar suspeitas? Ainda mais depois que todos ficaram de queixo no chão ao saberem que roubei a noiva do seu suposto filho e não fui escorraçado da fazenda.
_ Ele vem reclamando do meu rendimento no serviço. - falo a primeira coisa que me vem à mente.
_ Acho que ele está mordido por tudo que aconteceu. Você, o filho, a ex-quase nora.
_ Pode ser! Deixa eu ver o que ele deseja. - falo, limpando meus dedos sujos de graxa num pedaço de pano.
_ Eu também vou voltar para o serviço! Até mais ver.
