— Posso sim, Tchuco. — Jimin concordou com um murmúrio positivo e um acenar de cabeça, inclinando seu rosto mais pertinho do meu e, ah... depositando mais um beijo doce no meu machucado. — Pronto?

Não funciona, imediatamente pensei.

— S-sim... — Menti, me sentindo culpado. — Mas sabe... eu machuquei minha bochecha também...

Essa era uma outra mentira, porque apenas minhas mãos haviam se machucado na queda, além daquela parte já beijada. Mas veja bem... eu queria mais dos beijinhos do Jimin. Eles eram macios e tão bons que me faziam sentir uma coisa engraçadinha no estômago, como se tivesse milhares de borboletinhas... Não! Um zoológico inteiro na minha barriga.

— Quer que eu beije sua bochecha também? — Deduziu, enquanto comprimia seus olhos ao me ver assentindo, suspeitando. — Não parece que machucou. — Eu engoli seco, achando que minha pequena mentira havia sido descoberta, mas suspirei aliviado quando sua expressão desconfiada se desfez, e ele apenas concordou com um sorriso. — Tudo bem, eu beijo.

Jimin se ajeitou para ficar mais próximo de mim, ainda sentado ao meu lado e com o corpo totalmente virado em minha direção, tornando a abraçar meu rosto antes de se inclinar para me beijar. Inconscientemente prendi a respiração, fechando os olhos antes mesmo que seus lábios me tocassem a bochecha, antecipando, e temendo estar sofrendo algum tipo de ataque cardíaco a julgar pela velocidade acelerada e descompassada que meu coração pulsava.

Até que eles pararam de vez, quando finalmente senti o toque da sua boca mais uma vez, suspirando ao apreciar o leve choque que o contato caloroso causa na minha pele. Em meu peito, uma sensação similar me atinge, tão abrasante quanto, como se o próprio sol estivesse no lugar do meu coração.

— Sarou, Tchuco?

E eu... ah... eu apenas suspirei.

— S-só mais um, Jimin. — Pedi, quase implorando, me envergonhando quando vi seu sorriso crescer entre as bochechas gordinhas e rosadas, esperando que, poxa vida, ele me beijasse novamente... — Só mais uma vez...

E Jimin me beijou, sem contestar, com um sorriso terno enfeitando os lábios. Tão demorado quantos os outros, um selar único, estalado, casto e doce, que me fez esquecer completamente o motivo pelos quais eles começaram, em primeiro lugar. Talvez esses beijos realmente eram realmente eficazes, afinal de contas.

Suspirei quando, a contragosto, mais uma vez tive seus lábios longe da minha bochecha. Ele delicadamente deslizou as mãos por meu rosto, limpando resquícios de terra com os dedos e tentando arrumar meu cabelo desgrenhado, tudo isso enquanto eu não conseguia tirar meus olhos de cada movimento que ele fazia, envergonhadamente mordendo o lábio inferior, queimando nas bochechas e no coração.

Eu me deixei ser limpado por ele, me levantando para que Jimin estapeasse suavemente meu corpo miúdo coberto por uma jardineira e, bem, terra.

— Sua mãe ainda tá brava comigo? — Perguntei, assistindo-o assentir com os lábios pressionados juntos, apreensivo. — Poxa...

— Você quebrou o vaso favorito dela, Tchuco.

— Mas foi sem querer! — Me defendi, assistindo-o tirar uma pequena folha seca de meus fios bagunçados, a descartando de imediato. — Eu fui no jardim da Dona Lurdes buscar uma florzinha pra ela... Queria pedir desculpas...

— O cachorro estava lá, não foi? — Jimin deduziu mais uma vez, e eu assenti, o fazendo balançar a cabeça em desaprovação. — Você não deveria ter ido...

Dona Lurdes tinha o jardim com as flores mais bonitas do bairro. Ela era uma velha coroca que sempre brigava conosco quando brincávamos perto do seu quintal, e ameaçava soltar o cachorro dela -mesmo que Jimin dissesse que ele era bonzinho e não fizesse mal algum- apenas porque sabia que eu tinha medo. Tenho.

Flor Selvagem • jjk+pjmHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin