Pescador de Amor

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Pobre poeta e pescador,
Que no mar da vida
Pescou amor e sentimentos,
Mas também dor e sofrimento.

Com seu barco cheio de vaidades,
Esqueceu-se das veleidades
Escondidas no porão,
Carcomidas de solidão.

Mas triste é saber a verdade.
E entre vários raios e trovão,
Veio vindo a tempestade,
Jogando águas na embarcação.

E aqui se vão as saudades
Dando lugar ao terror
E às necessidades
Para não se morrer de amor.

Primeiro, tudo de ruim
Ao mar fora jogado:
As brigas, ciúmes, infelicidades;
Tudo tirado de mim.

Depois se vão
Os versos rimados:
Declamação, declaração.
E se vão também
Os sonhos da realidade:
Desilusão, destruição.
Destituição e desdém
Além da eternidade.

Para não morrer
Nas mágoas que criei,
Vou atirando às águas
Do mar a se revolver
Todo o meu pesar,
Tentando assim me salvar
Do fim que bem eu sei...

Atiro todas minhas idades,
Todo o afeto e carinho
Recebido e dado.
E sem mais agrado,
E sem identidade,
Eu fico sozinho...

... São e salvo, com frio,
Num silêncio profundo;
Navegando pelo mundo
Com o meu barco vazio.

Chuvas & NoitesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora