02 - Levitating

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"O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui." - Willian Shakespeare.

O quão cruel o mundo pode ser?

Até que ponto nós podemos chegar apenas para termos o que queremos? 

Planos são feitos pars serem esquecidos... Certo? 

Na noite do ocorrido com o vidro, Soobin ficou tão perdido em suas dores que nem sequer percebeu quando desmaiou, no chão frio da sala de estar. Quando acordou, apenas sentia o ardor de seus machucados, com o sangue já seco, e uma forte dor de cabeça, enquanto os cacos de vidro do copo ainda estavam espalhados pela cozinha. Ele quis ter alucinado, e que nada daquilo fosse realmente verdade, mas mal percebera que suas alucinações eram bem mais além do que somente quebrar copos e desmaiar depois de tomar um remédio para dormir. Soobin imaginava, com o lado direito do rosto colado ao chão, como seria se sua vida fosse boa, em que nenhum problema lhe atormentava tanto. Parecia que estava a um milímetro de enlouquecer. 

—✩—

— Eu te disse, Soobin. - Disse um garoto alto e de cabelos castanhos assentado ao lado do loiro, que chorava no ombro do mesmo. — Sua mãe nunca teria uma boa reação para a sua sexualidade. Eu percebi isso na primeira vez em que a vi. 

— Eu sei, Gyu... - Suspirou Soobin, secando as lágrimas. — Mas ela poderia ter me dado o mínimo de apoio, pelo menos. 

O garoto que lhe afagava os cabelos loiros — talvez de forma nada coincidente —, chamava-se Beomgyu. E diferentemente do anjo das trevas no paraíso, apesar de terem os mesmos nomes e a aparência deveras.. Parecida? O rapaz carismático não era um anjo de asas negras, e sim, um garoto comum que sofria de depressão, porém que sempre fazia de tudo para ajudar Soobin, em primeiro lugar. Mesmo tendo suas lutas internas, Beomgyu fazia do possível até o impossível para colocar um pequeno sorriso nos lábios do loiro. Nem que esse sorriso durasse apenas alguns segundos. A amizade, na verdade, eram três pessoas. Soobin tinha a Beomgyu e Yeonjun como melhores amigos há anos, eles eram inseparáveis. 

E se a confusão toma a sua mente agora, te fazendo se perguntar: "Como esses dois existem em dois lugares diferentes?" Acalme-se. Eles existem apenas no mundo real. Porém, ainda há muita história pela frente para explicar isso agora, não? 

De qualquer forma, a forte amizade entre esses três era encantadora de se ver. Ambos viviam cuidando um do outro em seus momentos ruins, dando o devido apoio e carinho, se parecendo até mesmo com um relação de irmãos. 

E depois de um tempo sendo consolado pelo amigo, Soobin enfim acalmou o seu choro, levando Beomgyu até o gramado do quintal de sua casa, que dava-se para ver nitidamente um belo céu estrelado. Eles se deitaram na grama baixa, olhando para as belas e pequenas estrelas e para a lua crescente, que iluminava o denso azul-escuro do céu noturno. 

— Gyu.. Será que eu, você e o Jun vamos morrer juntos? - Soobin perguntou, fitando o céu com admiração. 

— Eu espero que sim, Soo. - Beomgyu respondeu-lhe, sorrindo. — Vocês são o motivo pelo qual ainda estou vivo. - Suspirou. 

Soobin virou-se para o mesmo, abraçando-o. 

— Vocês dois são incríveis. 

— Você também é, loirinho. 

Belos sorrisos surgiram em seus rostos. Apesar do clima um pouco melancólico, o carinho ainda fluia de forma deveras aconchegante.

— É uma pena que o Yeonjun não pôde vir. - Beomgyu lamentou. 

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