— Bebendo antes da festa?

— Sabe que tenho problemas com champanhe... — E ele a puxou para perto, disposto a roubar mais um beijo, senti-la mais um segundo. Um pouco porque ela era incrível, outro porque gostava que soubessem que ela era incrível.  

— Você sabia que eu acho um charme quando fala desse jeito? Parece até que vai dar entrada no A.A amanhã cedo.

— E talvez eu entre... Você nunca deve achar que sabe mais do que realmente sabe. Meus pais, por exemplo, acham que eu estou em casa dormindo. Peguei esse vestido da Grazi, essa máscara da sessão de fantasia do hotel e, tá vendo esses sapatos? Nem sei! Achei no achados e perdidos.

— Alcoólatra e cleptomaníaca! Onde eu vim parar?

— Eu sempre disse que era louca, não foi?

— Totalmente. 

*

— Então... seu primeiro amor era uma surtada. É, podia ser pior — comenta, bebendo mais uma taça e rodando a aliança no dedo. Exatamente no lugar que ela estava desde a primeira vez que colocaram: a mulher nunca ousou tirar, tremendo que isso quebraria a magia do passado.

— O seu foi pior?

— O meu primeiro amor... Ele era certo. Era perfeito. Não era nada como o seu. 

— Conta um pouco sobre ele. 

— Bem... Eu devo a ele uma tapeçaria até hoje. 

*

— Eu sinto que vou morrer se continuar nesse tédio por mais cinco minutos — ela afirmou, com a mesma certeza que afirmara há 5, 10 ou há 15. 

— Não faça isso. Morrerá jovem e virgem, será um gasto de corpo bonito na Terra. 

— Sério? Tá preocupado comigo morrendo virgem, e não morrendo? Olha, é nesses momentos que eu me pergunto porque gosto de você e não de mulher... — E ele sorriu, abraçando-a com força. Deitados na areia da praia, ambos tinham o vislumbre perfeito da hora dourada no céu: o pôr do sol encantava a turistas, mas encantava ainda mais aqueles que se perguntavam como algo ocorria todo dia e ainda sim conseguia ser tão belo. 

— Então você gosta de mim, querida? 

— O quê? — ela entalou — Não começa! Eu não quis dizer isso... — E ela levantou de pressa, tirando a areia do cabelo e caminhando em direção ao mar, apenas para vê-lo correr atrás dos seus passos, como quem segue o líder. Ela era uma futura borboleta e aquela cidade era seu casulo. Todos sabiam que, quando saísse de lá, seria a mais bela de todas. 

— Eu também gosto de você — disse, abraçando-a por trás dessa vez. Beijando seu pescoço e fazendo-a se virar para ele de forma nervosa. Não sabia o quê ela temia tanto, mas ele estava ali: destinado a amá-la para sempre se assim fosse o preço... Dizem que você só ama daquela forma uma vez, ele apostava todas suas fichas nela. Apostava seu sorriso doce, sua risada honesta, seus cabelos embolados com os grãos da areia e o sal do mar, apostava até mesmo a sua pele bronzeada das tardes na praia que só eles daquela cidade compartilhavam.

— Não faz isso...

— O quê? 

— Não goste de mim.

— Por quê?

— Porque eu vou magoar você.

— E eu vou te amar ainda sim. Minha voz, minha funcionalidade, minha respiração, tudo que faço e sinto é seu. Você é minha melhor amiga e é a pessoa que quero que me acompanhe pelo resto da vida. Você é a única coisa que me importa. 

Champagne ProblemsWhere stories live. Discover now