- Capítulo 07 - Tudo sobre amor e perda -

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"Um brilho quase trágico naquele olhar era um milhão de alarmes pra te avisar. Deixava muito claro que ia precisar ser corajoso ou estúpido demais pra amar."¹


Meu namoro oficial com o Eduardo começou na tarde de um domingo frio, cercado pela natureza que circundava a casa dele, com um vento gelado soprando ao nosso redor. Eu estava imensamente feliz, e achei que isso fosse durar por algum tempo, pena que eu estava errada.

Logo no dia seguinte bem cedo tive a minha primeira dose de realidade. Levantei da cama radiante, como se não tivesse ido dormir tarde na noite anterior, como se não tivesse que ir para escola aguentar cinco aulas maçantes. Eu estava namorando o cara mais lindo, gentil e charmoso da cidade, nada e nem ninguém tiraria o meu humor naquele dia.

Apollo percebeu o sorriso que eu não conseguia esconder e comentou assim que passou em minha casa para me encontrar.

– Sonhou com passarinho verde, foi?

– Muito melhor! – Suspirei – Posso dizer que vi uma ninhada de passarinhos coloridos! – Sorri e dei um pulo ridículo no meio da rua pouco movimentada àquela hora. Apenas poucas donas de casa varriam as calçadas, enquanto outras saíam caminhando levando crianças pelas mãos e dois ou três homens passavam apressados em direção ao centro.

– Pode me cumprimentar! – Disse a ele puxando as pontas da minha saia como se fazia antigamente – Eu sou sua mais nova melhor amiga comprometida!

– Como assim comprometida? Você está namorando aquele, aquele...

– Aquele cara se chama Eduardo e é o meu namorado. Você se acostuma. – Brinquei afagando o rosto dele que parecia imerso em confusão.

– Mas você mal o conhece, Lua!

– E daí? Eu estou namorando e não casando com ele, é para isso que serve um namoro, para conhecermos melhor as pessoas!

– Se você diz.

Seguimos em silêncio o restante do caminho depois que desisti de puxar conversa. Apollo não parecia muito feliz com a minha novidade, eu sabia que não seria fácil para ele, eu era sua melhor amiga e ele não estava acostumado a me dividir com ninguém, nem mesmo com a Rô e a Naty. Mas ele ia se acostumar, ele já namorou algumas meninas da escola e eu nunca morri por isso. Decidi não forçar a barra e esperar o momento dele.

A manhã de segunda passou mais rápido do que eu esperava, talvez porque minha mente ficou lembrando da tarde anterior que se resumia em nada mais, nada menos, do que PERFEITA! E para completar a minha felicidade, quem eu vejo na saída da escola encostado displicentemente no carro preto que eu já conhecia de longe? O moreno mais lindo do mundo. O Apollo havia dito que ia direto para casa e saiu sem maiores explicações, me despedi das minhas amigas e saí correndo em direção ao Edu, me jogando em seus braços. Ele só não caiu com o impacto porque estava apoiado no automóvel.

– Animada hoje?

– Muito. – Disse sorrindo antes de juntar nossos lábios.

Não me importava em estar dando um espetáculo à parte no horário de pico na saída da escola. Não estava nem um pouco preocupada com o fato de todos os alunos do Ensino Médio estarem vendo o meu showzinho particular nos braços do MEU namorado. Eu simplesmente não ia conseguir esperar mais nem um segundo para beijá-lo do modo como esperei desde que nos separamos noite passada. E daí se aquela imagem vindo de mim era inédita? E daí que eu era a ovelha negra filha do prefeito daquela cidade de merda? Eu estava exalando felicidade e nenhum pensamento ruim ia contaminar.

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