Prólogo.

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Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que o vi.

Lá estava eu, com 13 anos, com um copo de café em mãos, animada e praticamente pulando pelos corredores lotados do colégio. Ainda me amaldiçoo mentalmente por ter sido tão boba em acreditar que iria fazer inúmeras amizades e viver a vida que sonhei. Mas naquela época, mesmo depois de todas as experiências ruins que eu havia passado, ainda queria e gostava dessa atmosfera animadora e encorajante de todos em minha volta.

 Havia acabado de pegar meus horários na diretoria, ansiosa para o meu primeiro dia de aula. Naquela manhã, estava tão focada nos meus horários e tentando descobrir que sala eu teria que ir que acabei esbarrando feio nele.

Gilbert Blythe.

O garoto desejável, invejável por todos. Que tinha uma vida acadêmica perfeita, com todas as garotas ansiando por sua atenção.

Obviamente, não fazia ideia de que ele era tão influente no ambiente escolar, mas ainda assim pude notar o corredor inteiro nos olhando. Foi como se a atmosfera tivesse ficado diferente, somente por ter me colidido com ele.

Praguejei baixinho, peguei minha folha que havia caído no chão e finalmente olhei para o seu rosto para me desculpar. E o que eu vi, além da sua beleza estonteante, foi a raiva.

 No início, não entendi o motivo, até porque não tinha sido nada demais. Porém, segundos depois de olhar para ele de cima a baixo, vi a mancha de café em sua camisa branca. E depois vi na minha. Eu nunca tinha ficado tão vermelha na minha vida. Gaguejei um milhão de desculpas para ele, mas ele sequer ouviu.

— Qual o seu nome? — o garoto perguntou, com uma pontada de desprezo em sua voz.

Me endireitei no mesmo momento, não gostando do jeito que ele estava me tratando. Eu até entendo, eu tinha jogado café nele, mas não lhe dava direito de me tratar dessa maneira.

— Anne. — consegui dizer.

— Olha para onde anda na próxima vez. Se não, terei que pagar na mesma moeda. — ele diz, como se não fosse nada e se vira para ir embora.

Aquela frase acabou com o meu dia, fiquei tão indignada com o que ele disse que só pensei em responder à altura.

— Vá em frente.

Silêncio. Depois, seguido de cochichos.

Ele vira a cabeça para mim, como se não tivesse acreditado no que eu tinha dito. Até mesmo parecia que o ar do corredor tinha ficado escasso.

— O que disse? — Ele me olha de soslaio, de cima a baixo.

— Acredito que esbarrar-se com alguém no corredor não te dá direito de tratar uma pessoa dessa maneira, mas se quiser pagar na mesma moeda, vá em frente. — Estendo calmamente o copo de café pela metade para ele, mesmo que no fundo eu esteja gritando de raiva por toda essa situação. Meu primeiro dia de aula não era para ter sido assim, e eu com certeza não esperava que essa mínima interação seria o começo de longas intrigas e decepções ao longo dos meses.

Ele se virou para mim, pegou o copo das minhas mãos, bebeu o resto do líquido preto e jogou-o em uma lata de lixo próxima. Depois, tornou-se a me olhar, dessa vez com um sorriso de lado nos lábios e, antes de finalmente ir embora, diz:

— Acho que vamos nos divertir muito, Anne.

Ah, e como nos divertimos.

Nos divertimos tanto, que, depois de muito tempo, entendíamos que o sentimento que sentíamos um pelo outro era muito mais que ódio.

Até que, do nada, ele sumiu. Desapareceu da cidade, das redes sociais sem sequer me dar notícias.

E então, como num passe de mágica, tudo mudou.

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oi gentee!! comecei esse novo projeto um pouco insegura com a minha escrita (a última vez que escrevi foi a 2 anos então tenham paciência comigo kkkkkkkk), mas acredito que irei melhorar bastante com o decorrer da história!

Espero que gostem <3 ( e desculpem se houverem erros ortográficos kkkkkk) 


[𝑺𝒉𝒊𝒍𝒃𝒆𝒓𝒕 ]- FlawlessWhere stories live. Discover now