— Sabe que não vai se livrar de mim tão fácil não é? - Zack falou sorrindo gentilmente.

— E quem disse que eu quero me livrar de você?

— Sério Alice, só te peço que tome cuidado. Eu não preciso ser um gênio pra saber que tem coisas acontecendo na sua família, se é que você me entende.

— Eu vou tomar cuidado. E você venha nos visitar! Sua afilhada precisa crescer ouvindo as suas piadas ruins. - Nós dois rimos.

Ouvimos uma voz chamar o vôo dele, nos levantamos e fomos até o portão de embarque juntos. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas.

— Eu quero te contar uma coisa antes de ir, mas, não queria que pensasse que eu tô mal intencionado, ou algo do tipo... Mas se fosse ao contrário eu sei que você iria me contar.

— Fala logo Zack!

— Ouvi o Henrique e a Cinthya falando sobre algo, estranho... Quer saber, eu acho que entendi errado. - Ele ficou nervoso e tentou fugir do assunto.

— Me conta logo o que você ouviu! - Falei um pouco alto.

— A Cinthya tava falando sobre eles dois terem quase transado quando todos ainda achavam que você estava morta. Mas que estão arrependidos e o Henrique disse que ia te contar.

  Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas a tristeza logo se transformou em raiva. Como ele pôde? E o pior, como pôde sentir ciúmes do Zack, tendo feito isso comigo?

— Me desculpe Alice. Eu precisava te contar. Mas, não faça nada precipitado, converse com ele. Pessoas cometem erros, e ele pode ter errado, mas é evidente que vocês se amam. - Ouvimos a última chamada do vôo dele.

— Muito obrigada Zack. Por tudo! Você vai ser pra sempre o meu super herói. - Lhe dei um longo abraço.

  Esperei que Zack passasse pelos portões para respirar fundo antes de encontrar Henrique do lado e fora. Me sento em uma das cadeiras do aeroporto pra tomar um pouco de ar. Sinto meu peito doer e minhas mãos soarem frio.
   Eu sei, toda essa situação aconteceu enquanto eles pensavam que eu estava morta. Mas, a Cinthya é minha prima... E acho que isso nem é o pior, a questão é quando ele iria me contar? Sinto meus olhos se encherem de lágrimas...

— O que está fazendo aqui sentada? - Henrique surgiu na minha frente. Com um sorriso no rosto enquanto me olha.

Me levanto, o encaro por alguns segundos e lhe dou as costas. Saio do aeroporto pisando firme enquanto o ouço me chamar. Paro na calçada e chamo por um táxi.

— Alice!? - Ele parou na minha frente. - Amor, o que aconteceu? - Segurou na minha cintura, tentando me puxar para si.

— Não encosta em mim!

— O que foi?

  Um taxista parou com o carro na nossa frente, mas quando estava prestes a entrar, Henrique mandou o pobre senhor embora.

— Vamos para o carro. - Falou firme.

— Me deixa em paz.

— Se você não for, eu vou carregar você. - O olhei arqueando as sobrancelhas.

— Você não seria capaz.

— Ah, não?

No segundo seguinte, Henrique me suspendeu por cima de seu ombro e me carregou pelo estacionamento enquanto todas as pessoas nos olham. Sinto meu rosto queimar de vergonha. Idiota, idiota, idiota!

   Ele abre a porta do carro e me joga no banco do passageiro como um saco de batatas. É claro, se certificando de trancar a porta antes de dar a volta de tomar o lugar do motorista.

   Henrique dirige por alguns minutos em silêncio, e depois que saímos do estacionamento, ele começa a falar.

— Alice, por favor. Pode me falar o que aconteceu?

— Vai a merda com a sua educação! - Gritei. - Você transou com a Cinthya? - O olhei, e ele continuou com os olhos na estrada.

— Quem falou isso pra você? - Percebi seu corpo ficar rígido e suas mãos apertarem forte o volante.

— Responde!

— Não! Eu não transei com ela. Nós quase nós beijamos. - Ele deu ênfase na palavra "Quase".

— Como quase se beija uma pessoa?

— Assim que eu cheguei na Suíça, nós nos encontramos em um bar por acaso! Ela ficou bêbada demais pra voltar para o hotel sozinha, e eu bêbado demais pra levar ela. Fomos para o meu apartamento, bebemos mais um pouco e... - Ele coçou a cabeça, nervoso. - Ela acidentalmente caiu no meu colo e nós quase nos beijamos. Mas nada aconteceu!

— Por isso ela tava tão estranha... - Senti meus olhos lacrimejando.

— Eu ia te contar, mas...

— Mas vocês se sentiram culpados. - Ele me olhou, sem expressão. - Se sentiram culpados porque sentiram atração um pelo outro. Por isso nenhum dos dois teve coragem de me falar.

  Abaixei a cabeça e apoiei nas minhas mãos. Não acredito que isso tá acontecendo...

— Era pra ter sido a Cinthya... - Sussurrei, mas ele ouviu.

— O que!?

— Quando nós nos conhecemos na boate, quando você foi nos conhecer a mando do Pedro. Porque você foi até a Cinthya? Porque não veio diretamente falar comigo? - O olhei, enquanto ele alterna seu olhar entre a estrada e eu.

— Alice, para com isso...

— Responde! - Falei mais alto.

— Porque eu achei que ela fosse a filha do Renan. - Senti o ar faltar nos meus pulmões.

— Se a Cinthya não tivesse ficado bêbada naquele dia, e eu não tivesse chego. Você não ia perceber que tava falando com a pessoa errada.

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