+i - Ramiro

881 114 120
                                    

Notas: Espero que vocês gostem de clichês por que tá cheio! 😅 Eu sou uma romântica então esse capítulo tá doce igual caldo de cana!

Não tem necessidade de avisos, esse capítulo ficou tranquilo. Ah, mas diferente dos anteriores, esse capítulo é continuação direta do quinto! Então se quiserem dar uma refrescada na memória, dá um pulinho no finzinho lá e depois, cai dentro!

Espero sinceramente que gostem e boa leitura. 🙏



+i - Ramiro

As mãos de Ramiro tremiam um pouco quando ofereceu a Kelvin a casquinha de sorvete com o sabor que ele escolhera. Percebeu que a mão do garçom também não estava das mais firmes. Mas o sorriso dele estava. Desde que segurara sua mão e seguiram até a sorveteria sem soltá-la. Na verdade, desde que chegara ao quarto dele e dissera que viera vê-lo e perguntara se ele queria tomar um sorvete consigo na praça. 

Ele olhara para o cabeleireiro de olhos arregalados, mas logo voltara a sorrir e aceitou o convite. Num impulso, Ramiro segurou sua mão e sentiu o garçom travar no lugar. Puxou-o gentilmente em direção à porta e desceram a escada, Cacá seguindo-os, parecendo tão satisfeito que Ramiro quase se sentiu mal por ter desejado ir para cima dele quando chegara ao bar e Luana o avisara que estava no quarto de Kelvin. O garçom fez menção de sair pela entrada lateral, mas o peão fez questão de atravessar  o bar em direção à porta principal. Não só isso, parou em frente a Nice, que checava a contabilidade que Luana tinha feito mais cedo e anunciou:

— Ô Serva de Deus, o Kevinho vai atrasar um pouco hoje porque 'nós vai' tomar um sorvete ali na praça. 

Viu a mulher franzir o cenho e abrir a boca para responder, mas diversas coisas aconteceram ao mesmo tempo: Berenice, que estava praticando sinuca, bateu com o taco na borda da mesa, fazendo um som alto e encarando Nice, com uma expressão ameaçadora; Nando interrompera seu ensaio e fuzilou a dona do bar com os olhos; Iná soltou um pouco de fumaça na direção dela enquanto Pollerina, pendurada no poste, como de costume, fez um gesto de aviso, apontando para os próprios olhos e para a chefe; Graciara, que estava experimentando uns pastéis, partiu um ao meio com força enquanto encarava a missionária e Zeza apareceu na janelinha que conectava a cozinha ao salão, por onde ele passava os pratos e cravou uma faca na superfície de madeira do batente com força.

E Luana, com a voz açucarada, batera o último prego no caixão da possível recusa dela: — Claro que não tem problema nenhum, não é mesmo, Nice? — Mas ela segurava o lápis com a ponta afiada apontada para a pastora.

— Nenhum, problema nenhum. Só tente não atrasar muito, afinal esse é o seu trabalho. — respondeu Nice, com a voz ligeiramente trêmula. 

— 'Gradecido. — disse Ramiro, antes de seguir para fora, a mão de Kelvin firme na sua e apertando levemente seus dedos. 

Sentaram para tomar os sorvetes, sorrindo bobos um para o outro. Mas logo Kelvin pareceu um pouco apreensivo e olhou em volta. 

— Perdeu o medo, foi? 

— Não. Mas resolvi enfrentar. Ter coragem. — respondeu, muito satisfeito consigo mesmo. Kevinho pareceu confuso. 

— É? E o que te motivou a ter essa coragem toda, de repente?

Ramiro encarou Kelvin, o sorriso diminuindo até ele ficar sério. — Foi de repente, não, Kevinho. — Ele segurou a mão de Kelvin sobre a mesa e o garçom demorou um instante para retribuir, ainda um pouco apreensivo. — Eu falei que eu tinha um sentimento bonito de amizade por ocê, mas eu sabia que não era. Só que eu tinha medo de falar pr'ocê. E medo do que iam dizer. Mas eu não quero mais ter medo, Kevinho. — sentiu o polegar dele acariciando sua mão, confortando-o. Engoliu em seco. — Ocê me ajuda? Ocê me ajuda a ter coragem? 

"Macho"Onde histórias criam vida. Descubra agora