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Giulie Cameron.

Volto para o banheiro morrendo de raiva. Como ela pode vir aqui, depois de tudo que ela fez?

Depois de me ignorar o dia inteiro, ela vem falar comigo como se nada tivesse acontecido.

Nossa amizade estava boa demais para ser verdade. Também fui muito burra. Quem vira melhor amiga em menos de um mês? Quem?

Eu tenho que esquecer isso, tenho que esquecer Gabriella, tenho que esquecer toda essa merda.

Ligo o chuveiro no morno. Deixo a água cair sobre meu corpo, tentando me acalmar o máximo possível. Respiro fundo, repetindo várias vezes para mim mesma que vai ficar tudo bem.

Lavo meu cabelo com shampoo e condicionador, só para facilitar o desembaraço.

Algumas lágrimas caem durante o banho, mas limpo imediatamente. Me recuso a chorar de novo, me recuso.

Assim que termino, enrolo uma toalha no meu cabelo e uma em volta do meu corpo. Sequei meu cabelo com o secador, porque odeio dormir com o cabelo molhado.

Termino e visto uma blusinha de alcinha preta e a calça que Sebastian me emprestou. Ele tinha razão, ficou um pouco larga, mas como tinha um cordão para amarrar, ficou de boa.

Por fim, escovo meus dentes e saio do banheiro. Agradeço por Gabriella não ter voltado.

Enquanto pego o creme para a pele e o perfume na minha bolsa, sinto o olhar de Sebastian em mim.

Mas me recuso a olhar para ele. O que ele deve estar pensando de mim por eu ter mandado Gabriella embora do quarto?

Tento ignorar esse pensamento e continuo passando meu creme. Assim que termino, dou umas borrifadas de perfume em meu corpo e guardo tudo.

Me deito na cama e fico mexendo no celular. Vejo que hoje vai ser um daqueles dias em que não consigo dormir, obrigado, Gabriella.

{•••}

São exatamente três e quatro da manhã, e até agora não consegui dormir; o sono não vem de jeito nenhum.

Cansada de tentar dormir, me levanto da cama, pego uma blusa de frio e visto, em seguida coloco uma meia no pé.

Faço tudo bem silenciosamente para não acordar Sebastian. Saio do quarto e vou em direção à saída da casa.

Aqui fora está bem frio, mas ao mesmo tempo o ar gelado está maravilhoso. Me sento no passeio da casa e fico admirando o céu.

Ele está lotado de estrelas. Lá na cidade não tem nem a metade dessas estrelas, elas são tão lindas.

Quando eu era criança, eu e meu pai vivíamos deitados no quintal de casa só para ver as estrelas. Uma pessoa mais obcecada por estrelas do que eu, só meu pai.

Ele tinha três estrelas tatuadas no peito. Ele dizia que uma era eu, outra meu irmão e a outra minha mãe.

Eu vivia falando que eu ainda não tinha morrido para ele me chamar de estrela. Mas ele sempre dizia que, quando a gente morre, não viramos estrelas. E ele tinha razão, ele sempre tinha razão.

- Sinto sua falta, papai - digo olhando para o céu.

Eu sabia que a dor de perder um pai era ruim, mas não sabia que ia acabar com minha vida. Não sabia que minha mãe ia se tornar um monstro depois que ele se fosse.

Pensei que tudo ia continuar normal, mesmo com as dificuldades por sentirmos a falta dele. Achei que minha mãe ia me confortar, mas ela preferiu se afundar nas drogas para tentar aliviar sua dor. Mas ela está errada, sua dor só vai piorar cada vez mais, psicologicamente e fisicamente.

Achei que meu irmão ia me ajudar, mas ele desapareceu no mundo. Nem sei se ele está vivo ainda.

- Principessa? - Escuto a voz de Sebastian atrás de mim.

Me viro para olhar para ele. Ele está com apenas uma calça de moletom e chinelos. Ele vai congelar aqui fora.

- Oi - digo forçando um sorriso.

Ele vem em minha direção, se sentando ao meu lado. Literalmente ao meu lado, seu corpo está colado no meu.

- Por que você está aqui fora a essa hora? - pergunta - ainda mais nesse frio.

Sinto seu olhar em mim. Não consigo parar de olhar para o céu.

- Eu tenho insônia - digo - esta noite parece que está pior. Não consegui fechar os olhos desde a hora que me deitei na cama - digo finalmente olhando para ele.

Ele me olha nos olhos. Nunca vou me cansar de dizer que os olhos dele são perfeitos.

Por um instante, vejo Sebastian desviar o olhar para meus lábios. Eu tenho certeza, eu não sou louca.

- Não sabia disso - diz.

- Você não sabe sobre muita coisa sobre mim, Sr. Collins - digo, provocando-o.

Ele levanta as sobrancelhas e dá um sorriso.

- E mesmo, Senhorita Cameron - diz em um tom debochado - Por exemplo...

Ele queria mesmo saber mais sobre minha vida?

- Que eu sou brasileira - digo e volto a olhar para o céu.

- Ah... Kao - diz em um tom surpreso - isso é sério? - pergunta.

Me viro para ele. Ele está com um sorriso no rosto, com aqueles olhos brilhantes. Está com um semblante bem feliz.

Ele ficou tão feliz assim só por saber que sou brasileira?

Isso é tão fascinante assim?

- Claro que é sério - digo segurando o riso - por que eu mentiria sobre isso?

- Cara, isso é muito... - Sebastian parece estar procurando a palavra certa para continuar.

Ele fica todo confuso, então faz uma mímica, dizendo que a cabeça dele "explodiu". Não me aguento e dou uma grande gargalhada.

Em um mísero segundo, começo a encarar Sebastian. Meu olhar vai em direção à sua boca. Ela é de tamanho médio, meio rosada... e tão linda.

Sinto Sebastian fazer a mesma coisa, sua boca está entreaberta, o que a torna ainda mais provocadora.

Para Giulie, ele é seu chefe!

Sem falar que ele é bem mais velho que você, bem mais velho!

Ele pode até ser mais velho, mas está em ótimo estado. Todo musculoso e bem bonito. Sem falar que, na hora em que eu estava correndo atrás dele, eu cansei primeiro que ele, penso.

Pera? O que!

O que está acontecendo comigo?

A Obsessão do CEO - (Revisando)Where stories live. Discover now