Após ouvir a pergunta, Luana dá um sorriso falso para Iná e se aproxima da amiga apenas para dizer "Não te interessa" e bater de brincadeira com a bolsa nas coxas dela, logo saindo apressada novamente pela porta principal do bar. Porém, antes de sumir completamente da visão dos colegas, ela volta e diz com uma expressão igualmente metida e apaixonada:

— Pois eu vou mesmo, tá? Vou a um encontro com o meu Doutor Rodrigo. Agora tchau pra vocês, intrometidos!

A revelação é recebida com gritinhos e palmas exageradas dos habitantes do Naitandei, que veem tudo e qualquer coisa como motivo para festejar. Ramiro não entende muito bem o que Luana quis dizer com "encontro", mas tenta acompanhar a animação do namorado, que faz uma dancinha alegre ao redor de si enquanto segura o copo americano já quase vazio.

As brincadeiras ainda perduram por algum tempo, mas o assunto sobre o encontro de Luana se encerra logo depois, pois não demora muito a ser substituído por outra fofoca. A conversa continua animada e Ramiro tem uma mão sobre a coxa de Kelvin enquanto escuta e interage quando necessário; os copos com café já haviam se esvaziado e a bandeja com pães segue no mesmo caminho. Porém, na mente de Ramiro, ainda há um grande ponto de interrogação que ele não consegue apagar.

O que seria um encontro...?

Mais tarde, naquela mesma manhã, Ramiro está encostado em uma das mesas do bar enquanto espera por Kelvin, que, junto de Zeza, está recebendo uma dupla de arquitetos. Eles haviam decidido fazer algumas reformas no Naitandei há algum tempo, mas a renda do estabelecimento só se tornou lucro recentemente, e o sorriso realizado que Kelvin tinha ao contar isso para Ramiro é algo que ele nunca irá esquecer.

É nesse meio tempo, após observar Kelvin distraído ao andar para lá e para cá falando suas ideias para os arquitetos, que Ramiro decide ir se sentar na cadeira de uma das mesas mais isoladas do bar para tentar sanar a curiosidade. Ali, ele pega o celular antigo do bolso e o desbloqueia com a senha que o namorado havia o ensinado a colocar – é a data de aniversário da mãe e o nome de Kelvin juntos, e o baixinho fica sorrindo bobo sempre que precisa desbloquear o aparelho de Ramiro para usar.

Para Ramiro, ainda é um pouco complicado entender algumas funções daquele aparelho eletrônico que ele pensava já conhecer tão bem, mas Kelvin, na mesma proporção que o apresenta novas coisas, o ajuda sempre que é necessário. Então, curioso, ele abre o aplicativo de pesquisa e clica na barra branca, logo digitando "Encontro" letra por letra no teclado.

— Ara... — Ramiro murmura consigo mesmo, contrariado, pois a pesquisa não serve para nada além de deixar a mente dele ainda mais confusa. Tudo o que aparece na tela do celular é relacionado a algum programa de televisão que ele não assiste e que, provavelmente, pelo jeito que Iná e os outros moradores do bar agiram quando escutaram a palavra, não tem nada a ver com o que Luana faria.

Ramiro está focado nas palavras que aparecem no aparelho e não percebe a presença súbita de Kelvin ao lado dele. O rapaz, depois de deixar os dois arquitetos na saída do bar, agora pula em direção ao namorado e o agarra pelos ombros, dando um susto digno de muitas risadas no peão. E Kelvin até começa a rir, mas para quando vê Ramiro bloqueando o celular e o guardando com pressa no bolso da calça.

— Ih, que foi? — Kelvin logo pergunta com uma das sobrancelhas arqueadas em questionamento, abraçando os ombros de Ramiro com um braço só enquanto coloca a outra mão na própria cintura.

— Que foi? Que foi o quê? — Ramiro pergunta de volta, confuso, pois foi mesmo pego de surpresa pela chegada de Kelvin ali; sua cabeça tentando registrar isso e o fato de ainda não saber o que um encontro significa.

equalize | kelmiroWhere stories live. Discover now