trevo de uma folha

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trevo de uma folha

Vejo hoje, que a necessidade de sermos insubstituíveis foi um pecado que cometemos. Todo amor quer ser para vida — mas não precisamos dizer o óbvio. A gente achava trevo de quatro folhas e despetalava até sobrar só uma, pensando que aquilo nos tornava atípicos. Tirar as folhas é facil, difícil mesmo é colocá-las de volta no lugar. A verdade é que não tem nada de único entre nós dois. Somos um amor que beija, que escuta, que afirma. Um primeiro amor com destino final muito incerto. Mas não são todos assim? Disse a minha amiga que ela nunca entenderia a letargia que me penetra diante do seu toque ou de minha incapacidade de falar sobre você além das coisas que me escapulam. Percebi, então, que nunca tinha me contado sobre seu namorado. O extraordinário não passa de fantasia. O amor é tão banal que chega a ser lindo. Tem gente vivendo essa mesma história, nessa mesma bolha de conto de fadas. Nossa relação não foi uma em um milhão. Acho que o nosso exepcional mesmo foi voltar atrás nesse pecado, tem gente que prefere acreditar estar vivendo um romance original. Tem tanto amor no mundo, circulando na correnteza dos beijos à distância. Tanta gente segurando mão, tanta mulher dando luz, tanta flor amassada, música declarada, bilhete com caligrafia feia, café da manhã sem justificativa, olhares que parecem significar o mundo...

Não fomos um em um milhão, e sim mais um em um milhão.

CASTANHO CASTANHOLADonde viven las historias. Descúbrelo ahora