Em um piscar de olhos

chapter 47

- Pri, vou conversar com ela lá em cima tudo bem? -
Carol avisou, entrelaçando seus dedos com os de Rosamaria antes de ver seu amigo acenar positivamente com a cabeça. - Vem cá, amor.. - Caroline chamou, subindo as escadas com Rosamaria em seu encalço.

Elas entraram no quarto e Carol mal teve tempo de fechar a porta, pois Rosamaria se jogou em seus braços, enterrando a cabeça em seu pescoço.

-Eii, o que houve, vida? - Carol perguntou, levando uma mão até o cabelo de Rosamaria e acariciando.

- Ela não é minha amiga. Você tinha razão. - Rosamaria disse, apertando ainda mais forte os braços ao redor de
Caroline.

- Por que diz isso? - Carol indagou.

- Ela me beijou. Line desculpa. Eu quebrei nossa promessa de dedinho. Eu sou horrível. - Carol sentiu seu peito se comprimir e sentiu uma mistura de dor e desespero, porém tratou de manter a calma.

-Você... você retribuiu? - Carol perguntou, prendendo a respiração.

Não sabia que poderia sentir tanto medo de uma resposta até aquele dia, mas precisava perguntar.

- Não. Eu empurrei ela. - Rosamaria disse e Caroline soltou o ar de seus pulmões. - Por favor, por favor, me desculpa? Eu fui uma boba.

-Você não tem culpa da maldade que há no coração dos outros, amor. - Carol disse, depositando um beijo na testa de Rosamaria. - Você não descumpriu nossa promessa, teria descumprido se você tivesse beijado ela de volta.

- Eu deveria ter te ouvido quando disse que ela me olhava diferente. - Rosamaria disse e Caroline puxou
Rosamaria, sem sair do abraço delas, até a cama, colocando Rosamaria para se sentar sobre seu colo. - Eu prometo nunca mais ter amigas para não correr o risco de quebrar nossa promessa. - Carol riu e negou com a cabeça.

- Não quero que não tenha amigas. - Caroline disse. - Eu ficaria muito triste se fizesse isso, na verdade. - Carol falou e Rosamaria a abraçou forte, sentindo Carol depositar um beijo em sua clavícula.

- Eu fui boba.

-Vou te contar uma história, real dessa vez. - Caroline disse e Rosamaria a fitou esperando para ouví-la. - Às vezes a gente cresce quebrando a cara. Eu já quebrei muito a minha e vou continuar quebrando. Você também. - Caroline disse. - Você é ingênua em muita coisa e ainda tem muita coisa para desenvolver, foram muitos anos em coma. - Carol removeu o cabelo do rosto de Rosamaria antes de prosseguir. - Essa é a primeira vez que você se magoa com alguém. Sabe essa dorzinha que está fazendo suas florzinhas morrerem?

- Como sabe que está doendo? - Rosamaria perguntou.

- Porque todos passamos por isso. A gente se ofende por termos sido idiotas ao ponto de acreditar em alguém, mas a verdade é que idiota foi a pessoa que nos magoou.

- Jura?

- Sim. - Carol disse. - E com o tempo a gente vai perdendo a ingenuidade e ficamos mais espertos em algumas coisas, porque infelizmente é comum na natureza humana errar e, bem, nós nos adaptamos.
Sabe a Cate? Ela não vai ser a última pessoa a te magoar, mas cada dorzinha dessa nos ensina algo. Só quero que me prometa algo.

-O quê? - Rosamaria perguntou suspirando.

- Nunca se sinta alguém ruim, alguém boba por ter dado sua confiança a alguém. Isso só mostra o quão puro seu coração ainda é. - Rosamaria esboçou um princípio de sorriso ao ouvir aquilo. - Nem se acontecer muitas e muitas vezes. Há corações que mesmo apanhando preferem acreditar que alguém nesse mundo pode ser melhor.

- Como você. - Rosamaria disse, encostando sua testa na de Caroline. - Você é o que os contos de amor narram, Line. Você existe aqui na vida real e é meu amor.

- E você é o meu. - Carol disse, sentindo os lábios de
Rosamaria esbarrarem sutilmente sobre os seus.

- Eu te amo muito. - Rosamaria disse.

- Eu também te amo. Agora me conte o que aconteceu lá. - Caroline pediu e Rosamaria assentiu.

- No primeiro dia ela só me ofereceu vinho e pela insistência eu acabei aceitando uma taça. Ela bebeu muito e eu iria voltar andando porque não tinha levado dinheiro e meu celular tinha descarregado. - Rosamaria disse e Carol assentiu. - O telefone dela estava quebrado, de acordo com ela, então não deu para chamar você ou minha mãe. Ela queria me trazer, mas não deixei porque ela tinha bebido, aí ela pagou meu táxi.

- Hm. - Caroline disse em um murmúrio para Rosamaria dar continuidade.

- E hoje ela começou a fumar maconha e me ofereceu.
Disse que eu ficaria com tesão e você iria gostar disso.
Eu fiquei confusa, mas aí lembrei que você disse que gosta de mim do jeitinho que eu sou, então eu vi que não precisava daquilo e disso não.

- Ela aceitou sua decisão?

- Não. Insistiu mais e mais, e eu quis vir embora, mas ela pediu desculpas e começou a falar dos livros. -
Rosamaria disse. - Quando ela já estava bem chapada ela acabou confessando que foi afastada do serviço por ser viciada em bebidas e em drogas.

- Eu não acredito que te deixei com essa mulher. -
Caroline exclamou irritada.

- Aí ela começou a cheirar e eu saí de lá, dando um tchau e dizendo que tinha que sair com minha mãe. Ela correu atrás de mim e me beijou, eu empurrei ela e liguei para a minha mãe, mas menti que era para a polícia, ela pediu desculpas e entrou.

- E sua mãe te trouxe aqui. - Carol deduziu e Rosamaria assentiu.

- Sua folga e a idiota aqui foi passar com outra pessoa.
- Rosamaria disse chateada consigo mesma.

- Ei, o que eu disse sobre não falar assim de você?

- Mas isso não foi porque ela foi uma idiota. - Rosamaria retrucou. - Foi porque o fato de ela ter sido uma idiota
me abriu os olhos, eu também fui, mas com você.

- Já está perdoada e sabe de uma coisa? - Caroline disse e Rosamaria negou com a cabeça. - Ainda é minha folga e podemos passar abraçadinhas assistindo séries. Que tal?

- Deus está me recompensando por todos os anos que fiquei em coma, juro! - Rosamaria disse, distribuindo beijos por todo rosto de Carol. - Nunca mais trocarei de passar uma folga com você, por nada nessa vida. - Caroline riu pelo jeito eufórico de Rosamaria e a fitou.

- Acho bom mesmo. - Carol disse semicerrando os olhos antes de se inclinar e encaixar seus lábios com os de Rosamaria em um beijo um pouco mais apaixonado.