❦ 28: ❛Valsa dos Corações❜

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Os devaneios foram interrompidos por um riso infantil, incitando o senso de conforto e felicidade. Encarando sobre o ombro, em direção à entrada, desvencilhou-se de sua cela, lançando um breve olhar de conforto para Vermax, um gesto de carinho indicando que em breve retornaria.

Era preciso estar com a cabeça vazia, equilibrada. Incomum à certos montadores, aos quais dedicavam seu tempo de montaria sobre os dragões para espairecer a mente, conectar-se, libertar-se das correntes pesadas sobre os pés, responsabilidades e emoções vigorosas, Jacaerys via-se impotente, preferindo a companhia de Vermax ao estar controlado.

Quem sabe fosse o temperamento fervoroso do dragão. É de conhecimento comum o mau humor do dragão de escamas verdes e talento notório para manobras aéreas abruptas.

— Nos vemos depois, garoto — disse Jace ao dragão antes de encarar por cima de seu ombro, seguindo a direção do som infantil para deparar-se com uma cena, à qual consideraria, no mínimo, adorável.

Ao virar-se, flagrou seu meio-irmão mais novo, Aegon sobre os braços de Príncipe Baelon. 

Um sorriso radiante alastrava-se à face do Westerling, portando o rapazinho de cabelos prateados com orgulho, como se fosse seu protetor, enamorado à ideia de ajudá-lo a crescer, assumindo o papel tanto tempo negado a ocupar devido à sua relação delicada com seus pais.

Pouco-a-pouco, as ações de Baelon eram adocicadas, adornadas de esmero em relação aos seus meio-irmãos. Detinha resistência ao contato com seu pai, Príncipe Daemon — à qual ninguém além dos mais próximos possuíam acesso à informação — e sua mãe, até mesmo a madrasta, Rhaenyra.

Os eventos desde a Audiência da legitimidade de Lucerys à Derivamarca o balançaram mas, não o impediram de aproximar-se. Jacaerys via isso. Tanto quanto Baela, Rhaena e até mesmo Lucerys, o Príncipe Fantasma lentamente tornava-se mais do que uma sombra, uma lenda por entre as palavras, permeando a realidade, o presente, ao lado deles.

Sobre a entrada, os dois desciam de Vermithor, o ser alado à qual aprofundava-se na entrada magistral de aço, os raios de luz vindouros do ambiente externo revelavam as sombras dançantes sobre o chão de pedra desgastada.

— Fugiu de novo do desjejum para se enfurnar no Fosso. Você não tem vergonha na cara? — atrás de si, uma voz feminina ecoou, assustando-o de imediato. Era Baela Targaryen. Os olhos desconfiados trilharam o caminho ao primo. — Se assustou, foi?

Jacaerys revirou os olhos, desfazendo sua postura.

— Estava voando — defendeu-se o Velaryon. Uma mentira pequena. Baela arqueou a sobrancelha, pouco crendo naquilo. Jacaerys sentiu a garganta coçar, acrescentando: — Antes.

— Se for mentir, ao menos tente. Você é um desastre nisso, Jace — disse a Targaryen, soltando o ar, ela cruzou os braços, o encarando de cima a baixo, como se fosse o maior problema na face da terra. — Estava fugindo de novo, não é? Me diz, o que é eu faço pra você tomar jeito?

O Velaryon revirou os olhos.

— Pare de tentar agir como....— Jace cessou as palavras.

Ele diria o que? Uma mãe? Nem mesmo sua querida mãe, Rhaenyra, agia de forma inconveniente em relação à suas atitudes.

Baela arqueou a sobrancelha.

Maldita hora que resolvi falar alguma coisa. Pensou Jacaerys.

— Parece que vocês dois são pais do Aegon — desviando do assunto, o Príncipe mencionou, vendo Baelon com Aegon em seus ombros, conversando com o mais novo. Ele reparou o olhar de Baela na direção, o sorriso brincando no rosto dela, apaixonado. — Você e Baelon são muito próximos, certo?

INDOMÁVEL ✧ HOUSE OF THE DRAGON ³Onde histórias criam vida. Descubra agora