A última carta de Regulus Black - Capítulo Único

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Harry caminhava devagar pelo quarto, o olhar absorvendo atentamente cada um dos mínimos detalhes que se encontravam na sua frente. Regulus com certeza era muito organizado e meticuloso, um grande contrapeso quando você tinha acabado de sair do quarto de Sirius que se parecia mais com uma selva do que com um quarto.

Na verdade, Harry reparou, Regulus parecia se esforçar para fazer o total oposto do irmão. Enquanto o quarto de Sirius gritava para todos os lados que o garoto se recusava a pertencer àquela casa e aquela família o de Regulus parecia implorar para ser visto como um igual perante os demais Black.

A maior prova daquilo era a simples escolha de cores que adornava a decoração: verde e prata, as cores da Sonserina. Não importava para qual direção você olhasse aquelas eram as únicas cores que você iria encontrar, salvo um pequeno canto ao lado da cama de Regulus em que havia dezenas de recortes de jornais em preto e branco colados na parede. Harry se aproximou para examinar o local e ficou em espanto com as notícias que encontrou ali: assassinatos de trouxas, desaparecimentos no mundo mágico, ascensão do Lorde das Trevas e muitas outras barbaridades. Parecia que Regulus era obcecado com aquela causa antes mesmo de se juntar aos comensais.

Convicto que aquilo não o ajudaria em nada, Harry se afastou da parede e voltou a examinar o recinto. Olhou embaixo do tapete que possuía a estampa da casa Sonserina, a cobra parecia lhe encarar em desafio, vasculhou atrás dos quadros nas paredes, mexeu e remexeu cada uma das gavetas que encontrou nos armários e espalhou todas as roupas que havia no guarda-roupas pelo chão. Não havia nada ali além das coisas pessoais de Regulus. Nada de medalhão e muito menos alguma pista que prestasse sobre a suposta localização atual dele ou da Horcrux verdadeira.

Cansado de prosseguir com a busca inútil, Harry retirou a varinha de dentro das vestes. Aquela seria a sua última tentativa.

— Accio medalhão — ele ordenou, a voz saindo em alto e bom som.

Nada se mexeu. Nada pulou do além e voou na direção da sua mão lhe entregando o medalhão. Uma fúria crescente começava a surgir dentro de Harry naquele momento. Quando passou por aquela porta mais cedo e reconheceu aquelas iniciais fora tomado por um aceso de esperança. Podia jurar que assim que abrisse aquela porta iria se deparar com o medalhão guardado bem ali à espera dele e que pelo menos uma das relíquias daquela caçada seria encontrada e destruída.

Fora um tolo, isso sim. Não estava mais perto do medalhão do que estivera na noite anterior e com certeza estava mais distante ainda de destruir Voldemort de uma vez por todas. Bom, talvez Ron e Hermione fossem capazes de encontrar algo que ele na sua sede de respostas não encontrou. Deveria sair dali e chamá-los.

Ele deu o primeiro passo para abandonar o quarto quando percebeu. Um rangido. Voltou para trás e, novamente, avançou na mesma direção. O rangido voltou a atingir seus ouvidos.

Se agachando perto do tapete, Harry começou a bater levemente no chão, os ouvidos atentos a todo e qualquer som que soasse levemente diferente do esperado. No começo nada parecia diferente, ele bateu uma, duas, três vezes, e, na quarta, ele percebeu. O som vindo debaixo daquele pedaço específico de madeira do piso era oco.

Harry tentou puxar a madeira, a esperança dentro de si voltando a arder como uma brasa acessa, mas o pedaço do piso não queria se levantar de jeito nenhum. Talvez Regulus tivesse colocado proteções próprias dentro daquele lugar específico, mas, por alguma razão desconhecida, não aplicara nenhum feitiço antirruído, o que era no mínimo suspeito.

Puxando novamente a varinha ele apontou para o chão e murmurou "Finiti Incantatem". Poderia ser só a sua imaginação agindo, mas ele poderia jurar que ouviu o barulho de uma tranca sendo destravada vindo da parte de dentro do misterioso esconderijo.

A última carta de Regulus Black - JegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora