29- O que o piloto da morte fez?

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-Acontecia coisas ruins naquela época?

O sorriso que antes Jungkook não conseguia evitar, sempre que pensava em sua mãe, rapidamente se desmanchou.

-Meu pai... Ele bebia. Aparecia toda noite atrás de nós dois. Eu me escondia debaixo da cama. - Responde se lembrando de tampar a respiração debaixo daquela cama pequena enquanto ouvia os gritos dos únicos adultos daquela casa. - É tudo um sonho meu amor, não existem gritos.

-Ela dizia isso?

-Sim.

-Desligue o telão Jungkook. Volte novamente a flutuar. Vamos andar um pouco, seus quatorze anos. Me diga uma lembrança boa.

A luz branca invade novamente a visão de Jeon. O telão se acendia novamente, aos poucos, dando lugar para uma de suas memórias.

O piano. Aquele grande instrumento de cauda. Talvez, a coisa mais valiosa daquele lugar que era obrigado a chamar de lar.

Naquela noite, decidiu arrumar um emprego. Era aniversário de sua mãe e não conseguiu dar um presente. Queria poder oferecer as maquiagens que ela tanto queria, cobririam facilmente as manchas roxas espalhadas por seu rosto bonito.

Eram muito parecidos. A mulher insistia em dizer que Jungkook era sua versão masculina e que ele era o melhor presente que ela poderia ter.

Mesmo assim, se esforçou em aprender a tocar algumas melodias a partir de uma revista velha que tinha em seu armário. Presenteou a mãe com suas músicas favoritas, ato que a fez chorar.

-O que você vai querer no seu aniversário meu amor? - A mulher pergunta, abraçando o filho com força.

-Eu não sei.

-Ah vamos, pense. Eu não tenho condições boas para algo grande. Mas me diga.

Jungkook se põe a pensar. O que a mãe teria condições de lhe dar?

-O tempo anda muito frio. Você costura mãe, eu quero um cachecol azul escuro. - Diz vendo a mulher concordar.

-Você vai ter o cachecol mais bonito de todos. - Responde sorrindo.

-Seu aniversário é perto do dela? - O terapeuta pergunta, arrumando os óculos que insistiam em descer pelo seu nariz.

-Dois meses depois.

-Ótimo, então vamos agora para essa data. Você geralmente comemora seus aniversários?

-Não.

-Desde quando?

-Desde os quartoze.

Jimin que estava em silêncio, no canto da sala, parecia ligar os pontos. A noite de seu aniversário, quando tudo mudou. Era estranho para si ouvir o moreno falar tão abertamente pelas coisas que passou, queria conseguir fazer o mesmo.

Só estava ali por Jungkook, que disse que seria importante para os dois se curarem com a ajuda de um profissional. O que realmente era verdade, ainda mais se quisessem uma família.

Agora o loiro estava ali, observando o namorado praticamente deitado, com seus olhos e as mãos fechadas com força, tentando se acalmar com as coisas que revivia.

Jungkook pediu para que o loiro o acompanhasse. Não conseguiria sozinho.

-Jeon. O telão se acende mais uma vez, era seu aniversário. O que aconteceu?

A respiração do empresário fica mais forte, voltar as lembranças daquele dia, era extremamente assustador.

-É preciso, tente. Se não conseguir paramos aqui e tentaremos de novo outra hora. Você consegue Jeon. - O terapeuta diz vendo o casal um tanto agoniado.

Aceita uma bebida? | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora