fallen heart

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quando sua poética amadorista ecoou entre as paredes da minha barreira de cristal, senti os respingos da brisa existencial mordiscarem belicosamente os meus pés enquanto clamavam para que eu não chegasse até o final do arco-íris. e céus, nunca quis tanto ter sido desintegrada pela espada de diamantes dos puros seres-tempo cativos que vagam pelas chuvas da decepção.

as luvas brancas peroladas da polinizadora tocaram as minhas mãos com tanto apreço que me fizeram pensar que nossas mães sempre estarão em algum outro lugar, fora do nosso mundo e de nossa compreensão. e elas sempre sabem quando seus filhos cairão.

é tacirtunamente sádico pensar que nosso encontro melodramático foi planejado acima das nuvens do olimpo pelos velhos deuses a fim de obter diversão. e é tão cruel pensar que tudo e todos te relembram sobre a sua infância, — que passou voando da mesma forma que a areia percorria os seus joelhos quando as gaivotas voavam na beira da praia indicando o fim do ano e o início do ostracismo divinal —, porque no fim, vão te deixar na mão.

o meu coração saltitante crepitava como um réu veronil que caminha por entre um campo florido de tulipas, sem saber que depois disso, andaríamos para sempre num labirinto, com tanques d'água para águas vivas e espinhos metalizados, que nos fariam agonizar e rejeitar eternamente o fato de que nem o mais belo dos cantos e o mais profano dos tsunamis repletos de glitter aroxeado não ocultarão aquele respingo paradoxal do sentimentalismo em semideuses que concretizou nosso eterno verão.

somos felizes por apenas um instante e sempre vai ser assim, porque os seres angelicalmente melancólicos sempre estarão fadados à decadência e ao regresso, chaewon. somos duas estrelas da mesma constelação que nunca poderão se encontrar e quebrar as leis da gravidade, nem mesmo se fossemos estrelas cadentes, até porque, jamais desejaria te ver cair.

a sensação da poeira cósmica adentrando os seus olhos é exatamente a mesma que chorar por passar por tantos ciclos finitos e nunca aceitar que é impossível suportar mais de vinte e cinco mil vagalumes no diafragma sem deixar que um de seus cílios entre nos seus olhos e te faça cair. te relembra que o tempo passará e que nada dura pra sempre e que nem mesmo usar do pozinho de pirilimpimpim te fará esquecer que contos de fadas nunca existirão.

as sereias nunca naufragam sozinhas, então vou te observar de longe enquanto você ainda não bate as asas para partir o meu coração.

faz um tempo que não escrevo, então tô bem enferrujada. desculpa aí .

𝄖 inverossímil. ✧ lesserafimWhere stories live. Discover now