Capítulo 12 - Tênue

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Rio de Janeiro, Abril de 2049.

Era começo de tarde, o sol iluminava calorosamente a cidade maravilhosa e a jovem encarava com atenção as pessoas pela janela do quarto hospitalar.

Nos fones saia uma música suave e baixa, somente o toque do piano da melodia e com calma, ela dedilhava os dedos na própria perna como se estivesse tocando.

"Você toca?"

Assustada, ela se virou encontrando os olhos castanhos abertos e lhe encarando. Retirou os fones e se levantou, aproximando-se da cama.

"O que disse?"

"Você toca piano?" A voz de Bianca saiu um pouco rouca por conta do sono e prontamente a garota lhe deu um copo de água.

"Sim, toco desde os cinco anos."

"Acho um instrumento bonito. É difícil? Sempre achei que fosse difícil." Deu um gole na água e depois entregou o objeto pra outra que o depositou na mesa e se sentou na beira da cama.

"Não é tanto, no começo é complicado, ter uma noção de como fazer para que todos seus dedos entrem no mesmo ritmo e não confundir uma nota com a outra." Deu de ombros, movimentando os dedos. "Eu quase desisti mas a minha mãe me incentivou muito. É claro que ela não iria deixar eu simplesmente desistir do piano depois que eu a convenci comprar um Piano de Cristal Heintzman."

"O que seria esse? Caro?"

"Oh." A garota riu. "Coloca caro nisso, mas ele é lindo, sou completamente apaixonada e com certeza foi o melhor presente que já ganhei."

"Ele é mesmo de cristal?"

"Sim!" Exclamou animada. "Tenho uma foto dele, espere."

Então desbloqueando o celular, a jovem mostrou a foto do piano para Bianca. Era realmente muito bonito.

"Uau, é muito lindo mesmo. Mas parece tão frágil."

"Eu também achei no início." Riu. "Não queria nem tocar nele, mas com o tempo, me acostumei. É o meu bebê."

Bianca sorriu ao ver a animação da garota e analisou seus traços. Era uma bela mulher. Seus cabelos castanhos compridos, seus olhos âmbar e o sorriso largo.

"Como se chama?"

"Catarina."

"Não conheci muitas Catarinas." Bianca se remexeu na cama tentando achar uma possível confortável, o acesso em sua mão lhe incomodava e ela suspirou. "É um belo nome."

"Dói alguma coisa?" A menina perguntou preocupada mas relaxou ao ver a carioca negar. "Obrigada. Minha mãe escolheu meu nome, ela amou o significado."

"Qual é?"

"O que?" Catarina questionou um pouco confusa ao se perder fitando a mais velha.

"O significado."

"Pura e casta."

"É lindo. Parabéns."

"Obrigada."

"Mas o que você faz aqui?" Bianca franziu as sobrancelhas e seus olhos observaram a outra de cima a baixo. "Não parece que trabalha no hospital."

"Ah, a moça que fica com você precisou ir ao banheiro. Me ofereci pra ficar um pouco. Eu tenho uma amiga que está internada no quarto ao lado do seu e então eu posso entender o que é precisar respirar um pouco." Deu de ombros.

"Certo." A carioca assentiu, ainda confusa, mas tentando encaixar tudo em sua mente. Suspirando, ela deixou sua cabeça pender para trás.

"Posso te falar mais sobre meu piano?"

LEMBRE-SE DE NÓS [ HIATUS ] Where stories live. Discover now