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Maya, 22 anos.

Maya


Eram nove da noite, a minha sala era uma das únicas com a luz acesa, pela janela eu via as luzes do morro.

Dar aula no morro não é nada fácil, passar por mil coisas, ameaças, aturar deboche, várias coisas, por amor.

Minha turma tem 20 alunos e quando eu acho isso pouco, lembro das outras turmas, que se possui 10 alunos, é muito.

Eu morava umas cinco ruas antes de morro e mesmo de lá consigo sentir a criminalidade e adrenalina.

Sou professora daqui por amor mesmo, porque sei que ainda sim, eu posso mudar o futuro de alguém, nem que seja de apenas uma pessoa.

Mas enfim, quando terminei de guardar meu último caderno, escutei passos e em seguida alguém assobiando.

Virei no susto mesmo, vi um homem alto com cara de bandido e isso se confirmava pelo fuzil nas costas, a camisa no ombro, pistola na cintura e várias outras coisas.

Nos encaramos por um tempo e ele foi se aproximando.

Maya: Olá, boa noite, acho que você errou o caminho.

Tralha: Por que tu acha isso? Por eu ser bandido? - Concordei.

Maya: Geralmente esse não é o lugar preferido de vocês.

Tralha: Pouco papo e mais atividade! - Passou a mão no meu rosto.

Delicadamente, eu dei um tapinha na mão dele que foi parar no meu pescoço.

Maya: O senhor poderia soltar? - Encarei os olhos dele.

Tralha: Sou o dono do morro, tá ligada? Não te dei confiança pra tu vim me encostar!

Maya: Eu também não te dei.

Tralha: Tenho que repetir quem sou?

Maya: O dono do morro, se eu não me engano, como é teu vulgo mesmo? - Puxei a minha cadeira e sentei.

Tralha: Tralha! - Respondeu olhando em volta.- Pq tu dá aula pra cá? Sem nada pra tu, aposto que nem ganha salário, tu é otária?

Maya: Pq você cuida dos moradores? Se tem até alguns que te denunciam?

Tralha: Namoral, não te dei liberdade pra essas perguntas.

Maya: Eu posso ir pra casa agora? Tô com fome.

Tralha: Vim saber do meu filho, como ele tá e pá.

Maya: Péssimo horário, tenta amanhã.- Me levantei e fui saindo, mas ele puxou meu braço.

Tralha: Eu vim hoje, pq eu quero pra hoje! - Segurou meu rosto deixando nossos rostos bem próximos.



No morro - DESGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now