capítulo 44

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Cidade de Deus -RJ

Nicolle

Estava em um sono mó bom e acabei sendo acordada pelo meu pai.

Eu até iria reclamar, se eu não tivesse sentindo falta do meu veinho me acordando bravo.

Chefia: Estou te chamando a horas, levanta agora!

Chapadona: To indo ja.

Chefia: Se tu não cambar dessa cama e ir tomar um banho, tu vai pelada!

Chapadona: Ai que insuportável cara, Deus me livre!

Levantei, tomei meu banho, me organizei toda e fui indo pra boca com ele.

Perninha: Hoje eles estão fazendo uma festa de comemoração da saida do filho da puta do Primo, vamo pegar ele e sair andando.

Chefia: Quero quatro soldados entrando por frente e o resto por trás, Chapadona tu dirige.

Chapadona: E o Cafajeste, cade ele?

Chefia: Ele ta afastado dos corres, por uns bagulhos ai, volta amanhã na cobrança.

Pilantra: Depois te conto.

Chapadona: Tudo bem.

Falei e fomos nos orgamizando nos carros, fui dirigindo até lá e na minha cabeça só vinha o Bobô, meu medo era só por ele ter cria pequena.

Eu acho.

Meu peito estava apertado, subindo e descendo rápido, mas eu estava tentando controlar meu nervosismo.

Assim que chegamos, eu ja estava suando igual louca, eles desceram dos carros e um foi a parte de trás da casa e eu fiquei em frente.

Pilantra: Fica tranquila, vai dar tudo certo pô, nem precisa ficar nervosa.

Chapadona: É eu sei, só perdi o costume disso tudo, ainda mais ser motorista.

Pilantra: Calmô, ta na paz, daqui a pouco tamo na favela cobrando esse filho da puta.

Chapadona: Eu sei que sim, vai lá meu parça, a noite é nossa hoje!

Ele foi na direção dos caras e eles se prepararam, eu so abaixei a cabeça no volante e comecei minha oração.

Sei que sou errada, mas nunca deixei de pedir minha proteção e a dos meus.

Sei quem me guia e sei que um dia ele pode me perdoar por tudo que estou fazendo agora.

Respirei fundo e logo pude ouvir o som parando e uma gritaria, mas ninguém conseguia sair da casa.

Estavam todos cercados, não tinha escolha, ou pegava o Primo, ou pegava.

Aguardei por mais longos e demorados segundo até que eles saíram com alguém amarrado nos braços.

A cabeça estava coberta por uma sacola de pano, não dava pra saber quem era.

Tentei observar o corpo e me achei louca, por ter quase certeza que eram as tatuagens do Bobô.

Pilantra: Dirige, dirige!!

Chapadona: Vocês pegaram quem?

Chefia: Sem pergunta, só dirige nessa porra, caralho!

Falou e assim eu fiz, em alguns segundos ja estavamos bem longe daquele bairro.

Mesmo dirigindo a mais de 100/h eu estava com a cabeça em outro lugar.

Não podia ser ele, não tinha como!

Ele nem é dono de lá e o Primo que sabe e faz tudo por lá. Na real não, mas vou por em minha mente que sim, o Primo toma conta de tudo!

Não é ele.

Não é ele.

Não é ele.

Era isso que eu repetia todo momento na minha cabeça, chegamos no morro e fomos direto para o galpão.

Assim que eu estacionei, nem desci, só peguei meu celular e fiquei mexendo no Twitter até eles voltarem.

Chefia: Preta, se tu quiser ir pra casa, pode ir, mas amanhã o Cafajeste vai te pegar lá.

Chapadona: Vai me pegar lá pra que?

Chefia: Pra te ver e também pra dar continuidade no plano, ainda não acabou.

Falou e deu um sorriso estranho de lado pra mim.

Chapadona: Tudo bem, boa noite pra vocês ai, fé.

Falei e liguei o carro saindo de lá. 

Cheguei em casa, tomei um banho e fui me deitar.

Pensei que iria conseguir dormir, mas quem disse? Ele não saia da minha mente.

Peguei meu celular e fui vendo as postagens dele no Twitter, como sempre.

Comemorando a liberdade do parceiro e postando que tava com saudade de mim, mesmo que indiretamente.

"Bagulho doido, eu não consigo entender, de todas as minhas meninas eu prefiro você, que me dá carinho, também cai na porrada, que me leva nas alturas quando eu levo ela pra casa"

Chapadona: É meu preto, eu também estou com saudade!

Afirmei pra mim mesma, no meu quarto, sozinha.

Respirei fundo e fiquei pensando nele, lembrando do cheiro dele até cair no sono.

Vida Bandida (M)Where stories live. Discover now