𝐘𝟕: Knives? Sure!

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— Use isso para incrementar o seu disfarce — falei. — Você vai ser um Comensal, afinal de contas. Precisa ter personalidade rancorosa.

Minha irmã estreitou os olhos.

— Engraçadinha.

Hermione e Harry distribuíram os frascos de poção. Eu seria Bellatrix, Harry seria Draco, e minha irmã e Hermione seriam outros dois Comensais cujos nomes não sabíamos. E eu sinceramente esperava que não perguntassem, porque senão seríamos flagrados.

Bebemos. Instantaneamente, senti-me estranha, meu corpo mudando. Uma onda de náusea apoderou-se de mim, porque só naquele instante a ficha de que eu estava tomando a forma da pessoa que fez da minha vida um inferno caiu; mas segurei-a, forcei-a a desaparecer. Enjôos eram sinônimo de fraqueza, e não havia espaço para aquilo dentro de mim. Não mais.

Os outros também mudaram. Hermione e Maddie agora eram homens altos e intimidadores; um com barba, o outro sem. Possuíam feições horrorizadas devido à mudança súbita, sendo a de minha irmã voltada para o nojo. Harry, por outro lado, encarou-me de volta com os olhos azuis de meu primo, usando um terno preto igualzinho ao que Draco sempre vestia. Tínhamos cuidado até dos mínimos detalhes, principalmente das roupas dos nossos disfarces. A minha era a mais complexa; quem botasse os olhos em mim reconheceria Bellatrix de imediato. O que era bom.

— Como estou? — perguntei.

— Horrorosa — disse Ron.

— Quer dizer que o disfarce funcionou — concluiu Hermione, satisfeita. Mas quando notou que a própria voz tinha mudado, sendo, agora, masculina, ela fez uma careta. — Ew.

— Estar no corpo de um homem é muito bizarro — disse Maddie, dando uma voltinha enquanto olhava por cima do ombro. — Muito bizarro mesmo.

— O que está tentando fazer, olhando para trás assim? — perguntou Ron, achando graça. — Não temos caudas, sabe.

— Não sei — admitiu ela, parando. — É tão estranho. Em uma hora, eu tinha uma vagina, e agora sinto um peso entre as minhas pernas. Queria ver se a parte de trás tinha mudado.

— Vou fingir que não ouvi isso — falei. — Certo, tudo pronto? Podemos ir?

Hermione assentiu.

— Sim, podemos. Ron, escute. Assim que chegarmos lá, você precisa se cobrir com a Capa da Invisibilidade, com Grampo. Você está com ela no bolso, certo?

— Estou.

— Ótimo. Grampo, dê-me a espada. Vou guardá-la na minha bolsinha de contas.

— Não.

— Grampo, isso não é uma brincadeira.

— Não estou brincando. Não vou largar.

— Se você deixar a espada cair, já era. Você está complicando as coisas. Seria muito mais fácil se...

— Deixe-o, Hermione — disse Harry. — Não vamos brigar à toa.

Ela fez uma pausa, controlando a própria irritação. No fundo, sabia que Harry estava certo.

— Tudo bem.

Fizemos um círculo, nos posicionando para aparatar. Pusemos nossas mãos umas sobre as outras, unidas num pequeno monte. Houve silêncio nos instantes seguintes, nossos corações batendo em nossos ouvidos. Ron quebrou-o, dizendo:

— Vamos mesmo fazer isso, não vamos?

Engoli em seco, olhando para cada um deles. Quando encarei Harry, um tipo novo de determinação tomou conta de mim: no momento em que Draco descobrisse que estávamos usando sua imagem para invadir um dos lugares mais seguros do mundo, indignação tomaria sua face. Mas ele entenderia; teria nos ajudado, mediante a chance.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterWhere stories live. Discover now