— não esquece dos remédios — ele disse.

— não vou.

Ele concordou e se afastou, indo até a porta, Layla porém o impediu, segurando sua mão.

— obrigada, Jason.

Ele olhou pro contato de suas mãos, olhando pra ela em seguida.

— por tudo.

— faria tudo de novo — ele cobriu a mão dela com as suas, acariciando a pele macia. — tudo pra você estar bem.

Ela sorriu e ergueu a mão pra tocar seu rosto, se inclinando pra deixar um beijo em sua bochecha. Jason conteve um suspiro, querendo mais que tudo que ela fosse um pouco mais pro lado. Ela se afastou um pouco, mas ficou com o rosto próximo ao seu, as respirações se chocando com os rostos.

— fica bem — sussurrou.

— você também — ela sussurrou de volta.

Ele relutou antes de se afastar, deixando o apartamento. Layla suspirou, agora sozinha no apartamento. Trancou todas as portas e janelas, ativando o sistema de segurança e indo pro quarto.

Foi estranho dormir em sua cama, sozinha, depois de dias no hospital, com Jason ao seu lado.

Ele fazia falta.

Dois dias depois ela voltou ao trabalho, e três dias depois voltou a sentir a sensação de estar sendo seguida. Esperava que fosse Jason e não outra pessoa que poderia ferrar sua vida, como os homens que invadiram seu apartamento.

A investigação que a polícia fez não levou a lugar nenhum. Os homens usavam documentos falsos pra perambular pelo país, eram da academia, eram espiões e assassinos treinados. Não os achariam.

No próximo mês, Layla focou em se recuperar, fisicamente, mentalmente e academicamente. Suas notas na escola tinham caído um pouco graças as distrações, mas agora estava recuperando.

Sua vida voltou a rotina monótona e não podia estar mais feliz com isso. Só tinha uma coisa que vinha a incomodando. Em algumas noites, sentia uma presença em seu quarto. As vezes deitada ao seu lado na cama ou só a observando. Não sabia se era sonho ou só paranóia, mas isso não saia de sua mente.

Ela estava deitada na cama, dormindo serenamente quando sua janela abriu. A brisa gélida da noite entrando e varrendo o quarto, o colchão afundou ao seu lado, e um perfume masculino misturado a suor intoxicou seu olfato. Inconscientemente, ela se aproximou do corpo, seguindo o cheiro, procurando mais do calor que irradiava dele.

Quando ela acordou na manhã seguinte, estava sozinha na cama, o cheiro porém ainda estava preso aos lençóis. Foi a prova de que precisava pra concluir: não era um sonho. Era real. Era tudo real.

Isso continuou acontecendo por cerca de um mês. Mesmo que Layla trancasse todas as janelas, ele ainda conseguia entrar de algum jeito. Ela estava começando a considerar trocar todas as janelas e talvez colocar grades. Apesar de procurar pelo calor, ainda era extremamente bizarro e psicopata a pessoa entrar no quarto e deitar ao seu lado. Se ele conseguia, outras pessoas podiam fazer o mesmo e isso não era bom. Precisava dar um jeito.

Layla estava deitada na cama, tinha ido dormir mais tarde aquela noite já que sua folga era no dia seguinte, por isso ainda não estava completamente apagada como nos outros dias. O sono leve e seus instintos ainda ligados. Por isso ela acordou assustada quando a cadeira fez barulho, como se tivessem esbarrado nela. Se sentou alarmada na cama, a mão em baixo do travesseiro segurando o revólver. Felizmente ela reconheceu a silhueta inclinada sobre a escrivaninha. Ligou o abajur e suspirou ao ter visão parcial da pessoa.

— acho que você não sabe o significado de "não volta", né?

Ele soprou um riso, seguido de um gemido baixo de dor que a fez acordar de vez. Ela levantou e foi em sua direção, ele tentou se afastar mas ela segurou seu braço, tocando seu queixo e virando seu rosto pra ela. Tinha alguns machucados e hematomas em seu rosto, o que a fez franzir o cenho.

— o que aconteceu?

— o Pinguim resolveu dar as caras, mas já resolvemos isso — ele fez uma careta quando ela passou o polegar pelo hematoma em sua bochecha, contendo um gemido.

— é, ele acabou com você antes.

— já estive pior — ele sorriu e ela soprou uma risada, afastando a mão dele e enrolando os próprios cabelos, os prendendo em um coque improvisado.

— senta na cama.

Ele prontamente o fez, a observando ir até o banheiro e logo voltar com a caixa de primeiros socorros. Ela se sentou na cama, o virando de frente pra ela.

— por que veio pra cá ao invés de ir pra casa? Vocês não tem alguém pra cuidar dos machucados? — questionou enquanto tirava a gase do saquinho, abrindo o frasco de soro.

— claro que temos. Eu só... Quis te ver.

— me viu o mês inteiro — ela pontuou.

Ele soprou uma risada e abaixou a cabeça, não era tão discreto quanto achava.

— sei o que parece.

— ah é? — ela pingou o soro no corte de sua testa, o fazendo grunhir e tentar se afastar, ela porém não deixou, o segurando pela nuca com força.

Estava inclinada pra conseguir ver melhor o corte e isso a deixava muito perto dele, perto de mais pro seu autocontrole.

— eu não sou nenhum psicopata, eu juro — ele murmurou.

— bom, entrar no quarto de uma mulher que mora sozinha no meio da noite, deitar na cama dela e ficar a olhando dormir me parece muito com um psicopata.

Ele franziu os lábios em uma careta de dor quando ela passou a gase com soro ao redor do corte.

— eu não sou.

Ela sorriu e pegou o curativo, o tirando do plástico e colocando em cima do corte com cuidado.

— então por quê? Pedi pra não voltar — ela fechou o soro e o guardou na caixa, jogando a gase usada na tampa da caixa e pegando a pomada.

— eu não sei.



[Revisado]

Jason todo confuso é uma gracinha.








RED, Jason Todd - NVWhere stories live. Discover now