Carta 03.

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Nantucket Island, ESTADOS UNIDOS.
20 de junho de 2014, sexta-feira.


Querida Francesca,

PS: essa é a lista com todas as músicas que você irá encontrar ao longo desta carta:

01. Shake Me Down, Cage The Elephant;
02. Mr. Brightside, The Killers;
03. Beautiful War, Kings Of Leon (sim, de novo);
04. Slide Away, Oasis;
05. Only The Good Die Young, Billy Joel;
06. Jailhouse Rock, Elvis Presley;
07. Day Dreaming, Aretha Franklin;
08. Radio Ga Ga, Queen.

[...]

Foram quatro dias (muito) entediantes até que Louis Tomlinson retornasse a tocar a campainha da casa do meu pai.

Era perto das 2 horas da tarde (18 de junho de 2014) quando a sineta começou a tocar irritantemente por toda a casa, assustando-me com sua repentinidade.

Meu eminente estado de sonolência me levou a demorar o dobro do tempo que comumente levo para chegar à sala de estar, com meus passos sendo arrastados lentamente pelo chão e meu tropeçar clichê em uma mesma dobradura do tapete – cuja existência eu sempre me esqueço.

Louis estava tipicamente vestido com uma bermuda de banho, reparei. Ela era verde e combinava com a camiseta cinza amassada que cobria seu peito, uma figura de Elvis Presley praiano sendo a estampa do tecido. As mangas já curtas estavam dobradas sobre seus ombros e seu cabelo parecia não se encontrar com uma escova há dias.

Primeiramente, estranhei sua postura meio tensa. Pensei que talvez eu estivesse errado, mas ele confirmou minhas suspeitas ao encolher seus ombros, retraindo-os, e franzir o seu cenho, com os braços flexionados próximos ao peito e postura curvada.

Ele esbarra sutilmente a ponta do seu pé direito, coberto por um vans desgastados, na ponta do meu pé esquerdo descalço, e sorri nervosamente para mim logo em seguida – parecendo estar inquieto e agoniado.

Me perguntei por que ele amarra o seu tênis com um nó de marinheiro, ou se ele havia reparado como calçava meias de pares diferentes. Também me perguntei por que ele estava aqui.

"Bom dia, Harry Styles! Como você está? Espero que bem..." Ele fala rapidamente, seu sotaque muito acentuado puxando a pronúncia do meu nome ao responder a própria pergunta. É só nesse momento que reparo no suor escorrendo por sua testa e as duas casquinhas de sorvete que ocupavam suas mãos. "Olhe, então... Bem, eu estou desesperado, Harry."

Ele está falando tudo tão apressadamente que algumas palavras são engolidas no processo de formação das frases, acabando por dificultar o meu entendimento. De qualquer forma, ainda que sem entendê-lo completamente, eu aceno com a cabeça e encaro o seu semblante.

Francesca, concluindo-se pelas poucas coisas que eu sei sobre Louis Tomlinson até o dado momento, eu já deveria estar esperando que qualquer mínima interação entre nós dois fosse despertar certa curiosidade em mim. Mas especialmente neste instante, eu me sinto intrigado com a sua presença. Nunca o vi tão agitado. Eu não estava entendendo absolutamente nada, e ainda assim, ansiava por todas as coisas que ele poderia falar.

"Estou bem, e você?" É tudo o que digo para ele, no entanto.

"Estou desesperado." Ele ressalta.

"O que aconteceu?"

"Acabaram de chegar algumas coisas na loja do seu pai. São todas as encomendas de CDs que ele fez nos últimos meses. Mas elas chegaram todas juntas, e agora, são muitas delas para organizar. Harry, são incontáveis caixas. Eu juro que elas estão por todos os lados."

"Certo..." Respondo vagamente, ainda sem conseguir entender qual era o seu ponto. Mas por alguma razão, Louis se mantém em silêncio, esperando que eu fale mais alguma coisa. "Eu ainda não estou entendendo qual o problema, Louis."

CHERRY WINE,Where stories live. Discover now