| 59 | Sakusa Kiyoomi | Parte 2

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Isolado de tudo e todos, com medo de entrar em qualquer lugar sem antes ter certeza que estava bem limpo e livre de qualquer bactéria, acredito que meu primo tenha esquecido como identificar seus sentimentos.

Exceto os negativos, ele expressa esses muito bem.

Após um tempo, Kiyoomi começou a jogar vôlei. Acreditei que ele melhoraria seu convívio social, mas nunca estive mais errado. As coisas começaram a ficar piores, pois sua falta de filtro e empatia fazia todo mundo ao redor querer bater em seu rosto ou jogá-lo num poço sujo e cheio de bichos nojentos.

Da mesma forma que as crianças fizeram quando Sakusa tinha seis anos.

Tentei de várias formas incluir meu primo em grupos, mas ele sempre se negou. Mesmo depois de entrar pra Itachiyama, Sakusa vivia em seu próprio espaço e ninguém poderia entrar nele.

Aos dezesseis anos, meses antes de conhecer Miya Atsumu, Kiyoomi brigou com seus pais em um jantar, onde disse que pretendia viver pelo vôlei. Ser um grande jogador e ganhar sua vida inteira com isso, pois gostava da sensação boa que o esporte lhe causava. Sakusa era um poço de péssimos sentimentos.

Medo.
Repulsa.
Nojo.
Raiva.
Frieza.

Nada de bom nunca saía de si — visto que nunca recebeu nada de bom das pessoas de quem mais queria receber. Mas quando jogava vôlei... Sentia-se livre para esquecer tudo que perturbava sua mente. Seus pais ausentes e seus irmãos tão frios quanto geleiras.

Infelizmente, meus tios não gostaram de saber disso. Os irmãos mais velhos de Sakusa não pretendiam herdar os negócios da família em Tokyo, então Sakusa deveria fazer isso. Seu pai ficou furioso quando ouviu suas palavras.

"Eu não pretendo viver uma vida infeliz, onde estou diariamente sentado na frente de uma mesa cheia de papéis para assinar, sentindo uma puta dor de cabeça porque não durmo direito há dias, já que tenho zilhões de coisas para fazer e não tenho tempo sequer de respirar! Muito obrigado, senhor, mas eu dispenso totalmente!"

E então ele saiu de casa. Seus avós — por parte de mãe — o ajudam com apartamento e despesas, até que possa trabalhar sem atrapalhar seus estudos, treinos e jogos. Meus tios tentam falar com ele apenas para perguntar se esfriou a cabeça e se arrepende do que disse, mas é claro que Sakusa não está arrependido. Ele estava aliviado.

Talvez ficasse ainda mais se dissesse tudo que guarda no peito desde que se entende por gente.

Na época que Sakusa e Miya Atsumu se conheceram, meu primo havia acabado de receber uma ligação dos seus pais e brigado com eles pela décima vez em menos de uma semana. Estava de saco cheio, acabando por descontar tudo em qualquer um que tirasse minimamente sua paz. Especificamente: Miya.

Quando voltou para casa, meu primo foi recebido por dezenas de mensagens de Atsumu, cogitando bloquear ele na mesma hora. Até chegou a fazer, mas o rapaz lhe encontrou em todas as redes sociais que tinha. Vendo que não se livraria dele, deixou que enchesse seu saco por um tempo apenas em um lugar. Agora... Onde quero chegar?

Questionaram-me sobre a razão pelo meu primo não ter bloqueado o Miya quando percebeu que o tal estava apaixonado por si, e a resposta é bem simples: Ele não sabe.

Sakusa Kiyoomi, negligenciado pelos pais e irmãos; Isolado do mundo por anos graças a uma brincadeira de criança que o traumatizou; Sem noção alguma do que é gostar de alguém; E não sabendo diferenciar seus próprios sentimentos. Vocês acham mesmo que ele poderia entender as razões pelas quais não consegue desfazer-se de uma pessoa específica assim como desfaz de todas?

Meu primo é inteligente para muitas coisas, mas entender suas emoções não está entre as tais. Não existe uma razão, ele apenas não consegue.

Não é pelos elogios, pelas cantadas ou pelos vídeos fofos de gatinhos que ele manda. Atsumu apenas preenche um vazio no Sakusa que ele nem sabia da existência. Se o Miya some, Kiyoomi volta a não passar três segundos na frente de uma rede social. Ele não havia notado isso ainda, mas agora que o fez, sente-se orgulhoso demais para pedir desculpas e admitir que gosta do Miya.

Em resumo: Sakusa adotou a solidão como seu ponto de segurança. Sua mente se fechou, impedindo que ele criasse laços fortes, evitando também que acabasse se machucando com o rompimento deles. Todos ao seu redor sempre respeitaram seu espaço pessoal e distância imposta por si, então ter Atsumu invadindo sua bolha de maneira repentina e sem noção alguma dos limites... É assustador. Sakusa Kiyoomi tem medo de se apegar demais ao que Miya lhe dá.

Tem medo de se apaixonar, porque o amor enfraquece as pessoas. Mas acontece que ele já está apaixonado.

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Cabou 💃🏻
Até o próximo capítulo 💅🏻

Lembrei de postar hoje, então dêem valor 🫵🏻👺

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