3 - hayloft II

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⚠️aviso de conteúdo de violência explícita, palavras de baixo calão, homofobia, questões religiosas, morte e s#ic#dio — durante todos os capítulos. se for sensível, não leia. priorize o seu bem-estar.

a fic está dividida em 4 capítulos, cada uma com uma música tema:

1 - Oceans (Where Feet May Fail), Hillsong UNITED & TAYA;

2 - Lovely, Lauren Babic & Seraphim;

3 - Hayloft II, Mother Mother

4 - Daylight, David  Kushner

3 - Hayloft II, Mother Mother

Quando abri os olhos, todo meu corpo doeu. Uma luz fraca iluminava o corredor dos quartos, e eu percebi que ainda estava no chão, na frente da porta de meu quarto, e a noite estava escura do lado de fora da janela por onde entrava a pouca claridade.

Sentia meus olhos e todo meu rosto inchado. Tudo doía. Por longos minutos foi difícil de me mover, e demorei a perceber que os machucados pelo resto de meu corpo haviam piorado.

De alguma forma eu sabia que, mesmo depois de desmaiado, ele continuou a me agredir. Podia encontrar cortes grandes, mas não tão fundos, feitos em meus braços e toda a mancha de sangue que sujava aquela região.

Eu sempre fui uma pessoa que se assusta fácil com as coisas. No entanto, não me senti assustado quando vi minha situação.

Não sentia mais medo. Não sentia nada além de dor.

Mas diferente de todas as outras vezes, não era uma dor que me paralisava. Era uma dor que me movia.

Com muita dificuldade, mas sem fazer um barulho sequer, consegui me levantar lentamente. Pude ouvir o barulho alto da televisão no andar de baixo, mas não dei atenção em qual era o conteúdo que estava sendo exibido. Mancando e sem pressa, desci as escadas, me apoiando no corrimão.

Era difícil enxergar as coisas a minha frente, mas isso não me impediu de ver aquele homem jogado na poltrona de frente para a TV, dormindo um sono que parecia ser pesado.

Mesmo olhando para aquele rosto infernal, ainda não sentia raiva. Mas, inexplicavelmente, as dores em todo meu corpo, dos ossos à pele até a mente, ficavam incontáveis vezes mais insuportáveis.

Continuei meu caminho até a garagem, sem me preocupar com o tempo que estava levando para fazer seja lá o que fosse. Não sabia o motivo de estar fazendo aquilo; desde o momento que acordei, era como se estivesse sendo guiado.

Olhava ao redor, mesmo com a visão prejudicada, analisando tudo. Vi todos aqueles materiais de construção esquecidos, da garagem que a anos havia sido começada com uma reforma jamais acabada.

Tudo naquela casa havia sido abandonado quando minha mãe morreu. Não era como se fosse uma casa cheia de vida, de qualquer forma. Mas tudo piorou quando ela se foi.

Pensar na minha mãe me machucava, e também fazia meu corpo doer. Ainda não era raiva, ódio ou mágoa. Era só dor.

Como se eu já estivesse queimando no inferno.

Guiado pela dor, meus pés se moveram até que estivesse a distância para alcançar um dos tijolos. Peguei e analisei o objeto, mas sem conseguir formular qualquer pensamento. Nada se passava pela minha cabeça.

hiding my sins from de daylight • jeonginWhere stories live. Discover now