um pobre encontra um rico assustador (mas charmoso) em uma parada de ônibus

59 7 8
                                    

Um calor insuportável tomou conta da cidade naquela semana. Todo mundo que tinha o menor cérebro sabia que era mais inteligente pegar os ônibus fora dos horários de pico. Shang Qinghua sabia disso. Mas hoje ele não tinha controle sobre a que horas sairia do prédio onde trabalhava.

Bom, costumava trabalhar.

Uma hora ouvindo um discurso distorcido e repugnante de seu ex-chefe sobre como ele era incompetente e, ainda assim, Qinghua não conseguia se lembrar de praticamente nada do que o homem havia dito. 

Ele saiu do prédio. 

Ele ficou parado por alguns minutos, observando as pessoas indo e vindo com pressa. Ele ouviu alguma música natalina à distância, um sino tocando que parecia atormentar o fundo de sua mente.

Sim, era quase Natal.

Ele checou seu celular enquanto caminhava rapidamente para o ponto de ônibus mais próximo. O céu estava nublado e o vento forte indicava que uma tempestade estava para chegar.

Pai. Ele pressionou o nome em sua lista de contatos e colocou o celular no ouvido, esperançoso.

Shang Qinghua não entrava muito em contato com seu pai. O homem estava constantemente ocupado com sua nova família e às vezes ele ousava pensar que ignorava propositalmente suas mensagens.

Sua mãe também não ligava com frequência, mas às vezes eles se reuniam em jantares estranhamente quietos em feriados ou no aniversário dele. Ainda assim, não parecia uma família de verdade. Mas ele tentou não destacar esse pensamento porque pelo menos tinha família, mesmo que ausente. E o sentimento de culpa por não gostar da família que tinha, ele estava farto de sentir isso.

De qualquer forma, seu pai não respondeu. Ele tentou o número de sua mãe e ela atendeu após a terceira chamada perdida.

"Mãe... como, como você está ?" Ele começou. A voz soava tão estranha que ele sentiu que nem pertencia a ele. Shang Qinghua odiava fazer ligações. Mas ele odiava ainda mais a sensação de solidão.

"Huh...É você, Qinghua? Que surpresa. Então você finalmente lembrou que tem uma mãe?" A voz esganiçada (e levemente embriagada, ele podia dizer) demorou a responder. Shang Qinghua se conteve para não revirar os olhos e suspirou contra o telefone.

"Você sabe que eu sempre convido você para jantar comigo... mas você sempre encontra uma desculpa para não vir" Ele deixou um pouco de veneno infiltrar-se em seu tom. Mas quem poderia culpá-lo? Sua mãe começava com aquele drama desnecessário e sem sentido e ele só queria esquecer o dia ruim que teve e talvez ganhar um "Feliz Natal". Era pedir muito? talvez fosse. Até para ele.

"Hah !" Ela bufou com escárnio.

 "Já estava achando estranho você não ter me dado uma de suas respostinhas ainda...Hmm...Sim, espere um minuto, meu amor... " A mulher parecia estar falando com uma criança ao fundo do telefone.

Provavelmente é o novo filho dela. Shang Qinghua achava a criança particularmente fofa. Sim, ele tinha visto algumas fotos dele na rede social de sua mãe. Shang Qinghua sempre quis um irmãozinho. Alguém para proteger de todos os perigos. Alguém que o amaria e o admiraria. Parecia bobo mas às vezes era solitário brincar sozinho. desde sua infância seus pais trabalhavam muito e não haviam muitas crianças perto de sua casa. Shang Qinghua só passou a ter amigos no ensino médio.

Mas a sua mãe não permitia que ele passasse muito tempo com o menino, pois, segundo ela, ele "não era uma companhia adequada".

O desafio de vida de Shang Qinghua era tentar descobrir o que sua mãe queria dizer com suas palavras. Ele via aquela mulher como um quebra-cabeças impossível de montar.

chuva, natal e um cara bonito (moshang)Where stories live. Discover now