𝟔𝟓 | 𝐓𝐈𝐑𝐎 𝐍𝐀 𝐂𝐄𝐑𝐓𝐀

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Depois que pari, eu me sinto mais inchada do que antes. Meus pés estão enormes e eu quase não consigo me movimentar sem sentir dor.

Mas desde ontem estão me forçando a me mexer para eu me acostumar. Pelo que vi, vou ficar inchada por mais algumas semanas ainda. Sem contar o fato da minha barriga estar tão grande que nem parece que os bebês saíram daqui. Será que ficou alguém pra trás? Não é possível que eu esteja sem bebê nenhum aqui dentro e ainda esteja desse tamanho.

Deus, já pode me dar um corpo maravilhoso, né?

Eu mereço. Trouxe ao mundo duas crianças.

O Senhor aí de cima pode retribuir me tornando gostosa. Uma bunda bem grande, já que os seios parecem que vão cair no chão. Isso você pode deixar. Eu só preciso da minha barriga bem chapada, os braços menores também e as coxas musculosas porque agora só parece que eu comi demais. 

— Eu ajudo — Gabriel se oferece, estendendo o braço em minha direção e me dando apoio para que eu fique em pé. — A gente dá uma voltinha e depois sobe para ver os bebês.

— 'Tá.

— Eu vou indo na frente — Maria rapidamente avisa, colocando o leite nos potinhos e tampando antes de levá-los aos saquinhos. Metade disso aí será levado para o freezer. — Para alimentar as ferinhas e espero os papais lá, tudo bem?

— Tudo ótimo — Gabriel e eu dissemos ao mesmo tempo e nos entreolhamos pela conexão. Viramos pais e agora pensamos as mesmas coisas? Eu só não ando pensando tanta putaria quanto Gabriel porque eu realmente não tenho força pra nada.

— Agora você me ajuda a sentar de novo — digo assim que só tem nós dois no quarto e eu já estou me apoiando na cama.

— Oxi — Gabriel franze o cenho, sem entender. — Não vai andar?

— Ah, não — nego de imediato. — A gente finge que eu andei. Não 'tô me aguentando.

— Então 'cê vai mentir? — Ele se indigna e eu fico surpresa. Pensei que iria me acobertar sem pestanejar.

— Gabriel, eu não 'tô me aguentando — repito, me vitimizando mais uma vez e usando o drama a meu favor. — Eu fico uns cinco minutos sentadinha aqui, de boa e depois a gente sobe.

— Nada disso, lindona — ele não me deixa sentar de novo, segurando minha cintura e me mantendo em pé. — 'Cê tem que se movimentar, Luanna.

— Eu 'tô cansada, com dor, capenga. Deixa a mãe dos seus filhos descansar, por favor. Olha pro tamanho dos meus pés — aponto para os pães que já foram bem úteis no meu corpo e hoje não servem para nada além de me causar dor. — Eles nem entram mais no tênis. Tenha piedade!

Ele ri de mim e eu lhe dou um tapa no braço por achar graça da minha desgraça.

— Você só vai se sentir melhor depois de caminhar, preta. — Que merda, ele não vai abraçar meu drama e, muito menos, burlar as regras para que eu me sinta bem. — É só uma caminhadinha e vou estar do seu lado. Pode se apoiar em mim o quanto quiser.

— Eu não quero andar.

— Luanna.

— Que saco — começo a andar pra fora daquele quarto quase que para fugir de Gabriel por não fazer minhas vontades, mas do jeito que estou nunca vou ser mais rápido do que ele, e ele já está ali me ajudando. — Eu te odeio.

— Não odeia nada — ele debocha, entrelaçando o braço no meu e dando um passinho de cada vez para seguir meu ritmo naquele corredor comprido que só a desgraça. — Eu te dei dois filhos, como pode me odiar?

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