cuidados.

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[ Rengoku ]

Passaram-se dois dias depois daquilo.

Aquilo...

Eu temia que ele voltasse no dia seguinte,mas isso não aconteceu. Não sei se agradeço ou se acho estranho.

Desde então, percebi que de alguma jeito eu sentia falta daquele toque, daquelas mãos grossas e cheias de cicatrizes, que mesmo assim conseguiam ser suaves, passeando por todo o meu corpo.

Da forma como ele me olhava, de como me devorava somente com aqueles olhos vermelhos.

O sorriso com presas pontudas, o cabelo suado sobre o rosto, a forma como me prendia e fazia questão de deixar marcas, como se estivesse dizendo que eu era dele.

As pequenas garras que me arranhavam e deixavam mais marcas, o beijo molhado cada vez mais intenso e cheio de desejo.

Pare de ser idiota, Kyoujurou!

Respirei fundo, muito fundo e escondi meu rosto em minhas mãos.

Depois de longos segundos sentado em frente a minha escrivaninha, escrevendo tudo isso no diário a frente, escutei um barulho vindo da varanda.

Que barulho é esse?

Larguei a pena que usava para escrever, estilo a era antiga e rapidamente me levantei, segurando o cabo da espada em meu quadril com força.

Andei em passos lentos até chegar a tal área, não conseguia ver muito bem pela escuridão da noite.

Cerrei os olhos e desembainhei a espada, segurando-a com as duas mãos e a posicionando na frente do meu corpo, ainda na altura do quadril.

– Quem está aí? - perguntei, me aproximando.

Quando inspirei o ar, senti um cheiro metálico, sangue.

Meus passos ficaram mais rápidos e eu entrei completamente na varanda, quando vi quem era, minhas sobrancelhas se ergueram e meus olhos arregalaram-se.

– O que você está fazendo aqui...e assim?! - embainhei a arma e parei na frente dele.

[Nome] estava aqui de novo. Mas não do jeito que eu imaginava, sua cara não está nada boa. Ele forçou um sorriso sedutor, mas falhou miseravelmente quando soltou um gemido de dor.

Além do rosto manchado de sangue e com marcas de arranhões, seu peitoral estava tão machucado quanto o resto do corpo.

Os braços fortes seguravam o tórax, provavelmente era a parte mais dolorida.

Ele tentou dar um passo, mas seu corpo não colaborou e ele acabou tropeçando na própria poça de sangue, caindo em cima de mim.

[ Nome ]

Quando encontrei aquele ruivinho pela primeira vez, sabia quem era ele e que sua intenção era me decapitar.

Não o julgo, ele é um caçador de demônios e, bom...eu sou um demônio.

Mas confesso que fui surpreendido pela sua tentativa exagerada de me seduzir; de início, ele chegou cuidadoso, escondeu que era um deles e se misturou com um bando de bêbados que tinha ali.

Ficou me encarando descaradamente e dando sorrisos, como se estivesse interessado em mim.

A primeira coisa que disse, quando se aproximou, foi: "eu gostei das suas cicatrizes, te dão um charme."

Não sei o porquê, mas aquelas palavras despertaram uma curiosidade a mais em mim, digo que até uma atração.

Conversamos por algum tempo, até que não me segurei e o puxei para um canto afastado.

IMAGINE - RENGOKU KYOUJUROU.Onde histórias criam vida. Descubra agora