𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟹

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— Isso eu já sei — ele diz. — Quero saber por que ele a mandou até aqui.

Blue fica em silêncio. O moreno se levanta e caminha até ela, parando próximo. Daquela distância, ela consegue sentir o cheiro de seu perfume misturado com o cheiro de cigarro. É uma combinação estranha, mas que surpreendentemente combina com ele. Por mais estranho que Blue ache, ela de repente se sente sem ar, seu estômago revira e ela não pode evitar erguer o olhar até o homem à sua frente e observar seu rosto. Matt é mais alto, provavelmente mais de vinte centímetros mais alto que ela. Ele tem uma beleza incomum, mas ela sabe perfeitamente que ele consegue ser o centro das atenções em qualquer lugar. Ele tem uma aura ao seu redor que atrai, e Blue, naquele momento, deseja poder resistir a isso, mas, ao invés disso, seu corpo reage daquela forma.

— Eu não quero você aqui — ele fala baixo.

Blue abaixa o olhar para sua mão com o copo. Ela não esperava ser bem recebida por ele, mas também não esperava aquele nível de rejeição. Aquilo, mesmo que ela morra negando, a machuca, e ela só quer sumir dali.

Os dois ainda estão em um silêncio mortal. Blue se segura para não chorar, e o moreno ao seu lado se mantém na mesma posição, talvez aguardando para vê-la chorar, algo que Blue não lhe dará o prazer de ver, nem que para isso ela tenha que esperar a noite toda. O moreno então se afasta dela ao ouvir a porta se abrindo. Blue respira aliviada e vira-se para ver quem abriu a porta, e surpreende-se ao ver seu sogro.

— Por que ainda não estão no salão de festa? — ele entra falando.

— Que eu lembre, a festa não é sobre mim.

O mais velho suspira irritado, passando a mão no rosto.

— Garoto, largue a bebida e vá com sua esposa até o salão. Dance, faça alguma coisa, mas mostre a todos que você está com ela. Quero que pensem que algum juízo resolveu brotar nessa sua cabeça oca. — Ele diz e sai, batendo a porta com força.

Blue observa tudo no mesmo lugar em que estava antes. Ela vê ele abaixar a cabeça e, em seguida, o que a assusta o suficiente para dar um passo para trás, ele joga o copo de sua bebida na parede oposta, fazendo-o se quebrar.

— Espero que saiba dançar valsa — ele fala caminhando para fora, fazendo Blue acelerar os passos atrás dele.

Os dois retornam ao salão de festa, que está mais lotado de pessoas que exalam riqueza pelos poros. Homens com smokings feitos sob medida e mulheres em vestidos longos e joias que brilham, anéis com diamantes e colares também. Ao fundo do salão, quase escondido, um quarteto de cordas anima o local com uma música ambiente que Blue acha agradável. Garçons deslizam invisíveis entre os convidados com bandejas com taças de champanhe ou minúsculos petiscos. As pessoas conversam em grupos, falam tão baixo que Blue se questiona como conseguem se ouvir.

Blue aperta o braço ao redor do braço do moreno enquanto ele desliza entre as pessoas, um sorriso pequeno e galanteador no rosto, uma pequena covinha aparecendo em sua bochecha, a mão posicionada no bolso da calça e a postura ereta. Ele caminha entre a multidão, guiando-a até o centro do salão, onde algumas pessoas dançam devagar ao som da música que o quarteto toca. Matt segura sua mão; ele tem uma mão grande e bem maior que a da garota, as dela estão geladas e ela pode até se sentir tremendo.

Ele se põe à frente dela, seu olhar indo até ela pela primeira vez naquela noite. Ele passa a mão pela cintura dela, deixando-a ali. Com aquela proximidade, Blue sente perfeitamente bem o perfume dele misturado com o cheiro de álcool e cigarro, além do calor do seu corpo. Ela até tenta se afastar, mas a mão dele em sua cintura está firme. Eles começam a se mover de acordo com a música lenta que toca, e ela sente diversos olhares sobre si, suas bochechas queimando de vergonha.

Blue | Matt SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora