CAP 4

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Theo:

---- E aí, velho? O pai da garota já pagou o resgate? - Pergunto angustiado, querendo que tudo aquilo acabasse logo.

----- Aquele velho desgraçado tá só enrolando! - Grafite responde acendendo um cigarro.

---- E se ele não pagar? - Pergunto.

---- Aí, nois apaga a menina! - Responde sorrindo.

---- Apagar? Escuta aqui, porra! Eu não sou assassino! Eu sou ladrão,não presto, mais assassino, nunca! Tá ligado? - Digo trêmulo.

---- Deixa de ser cagão,Theo! - Me empurra, e entra no cativeiro.

Como eu ficaria vigiando a tal Melina só durante a noite, peguei a moto de um dos caras,e aproveitei para ir passar o dia com a minha família.

Quando cheguei em casa, a minha tia estava dando banho na Isabella,que parecia se divertir dentro da banheirinha de plástico.

--- Oi tia? Oi minha princesa? - As duas sorriram.

---- E aí, filho? Já voltou da viagem? - Minha tia pergunta.

---- Ah tia, esqueci de lhe falar que vou ficar passando algumas noite na firma por quê estão sem vigias, e eu me propus á ficar no cargo enquanto não contratam outro. - Invento essa desculpa na hora.

---- Como é bom saber o quão esforçado, e trabalhador você é,William Theo! - Diz me olhando com afeto.

----- Me chame apenas de Theo, titia! - Digo, e levo a Isabella para trocar a fralda,e fazê-la dormir.

Cuidar da minha filha para mim,era um prazer! Mas lembrar da mãe dela,e de todo mal que ela me fez, me deixava furioso! Ela fez com Isabella,o mesmo que a minha mãe fez comigo.
Abandonou,rejeitou, maltratou,mas a grande diferença, foi que ela teve, e sempre terá um pai para lhe dar todo o amor do mundo.

A mãe da minha filha, era uma moça bonita,com um belo corpo, mas com a mente alienada. Ela sonhava em ser famosa,e quando soube que estava grávida, queria tirar essa criança á qualquer custo, mas eu não permiti. Mas só em lembrar daquela mulher, me fazia grande mal.

Passei a tarde dormindo com a minha filhinha, e no início da noite, peguei a moto " da empresa" como eu havia dito para a tia Dora, coloquei algumas coisas dentro de uma mochila, e fui para o cativeiro passar mais uma noite com aquela garota metida á engraçadinha.

Melina:

Já faziam 4 dias que eu estava naquele cativeiro imundo, e nada de notícias do meu pai,ou de resgate.
Será que ele não tinha a quantia que os bandidos haviam pedido? Esse era o meu maior medo.

Passar o dia sendo aterrorizada por aqueles bandidos, era algo que me atingia o meu psicológico de forma, que eu realmente achava que estava ficando louca.

Ao cair da noite, eu me sentia mais aliviada em saber que aquele brutamontes chegaria para me fazer companhia.
Como esperado, ele chegou, e os outros monstros saíram.
Eu estava em silêncio absoluto, e a fome que eu sentia era tremenda.

---- Você está bem? - Pergunta,e coloca uma quentinha ao meu lado.

Sem responder nada, devoro aquela comida, como um leão feroz atacando a sua presa.
Após terminar de comer, sinto que cheiro muito mal,e peço para tomar um banho.

--- Um banho? - Pergunta o "carinha".

--- Sim! Pessoas normais tomam banho! - Respondo irônica.

---- Tá certo! Se prestar atenção, você já está dentro de um banheiro, então vou pegar um balde com água, e você toma banho aí mesmo! - Fala.

---- Como é? Eu vou tomar banho, no local que eu durmo? Prefiro ficar fedendo á gambá! - Cruzo os braços.

---- Escuta aqui, patricinha! Tu tá em um cativeiro, pode morrer á qualquer momento, e quer luxo? - Grita.

----- Poxa.. Eu só queria tomar um banho.. Deixa pra lá então. - Deitei naquele colchão nojento,e me pus á chorar.

----- Levanta, rápido! - O cara se aproxima,eu me levanto enxugando as lágrimas, ele tira tudo de dentro daquele banheiro,leva um balde com água, sabonete,e até shampoo.

Nas condições em que eu estava,sabonete, e shampoo eram coisas de rainha!
Tomei banho, lavei as roupas em que estava vestida, e só depois, lembrei que eu só tinha aquela roupa para vestir.
Burra,burra,burra! E agora? Vou ficar nua?

Dei um grito pelo "bandigato" (dava pra perceber só pelos olhos dele),e logo ele respondeu.

---- Qual foi,menina? Vai me dizer que quer sais de banho também? - Grita da porta do banheiro, que estava fechada.

----- Eu preciso de roupas! Lavei as minhas! - Falo envergonhada.

---- Tá me tirando do sério, já! Se eu não precisasse tanto do dinheiro que o teu pai vai dar, eu te "apagava" agora. -Diz,e chuta a porta em fúria.

---- Tá ok, vou morrer nua aqui dentro. - Digo aos gritos.

Mas que diabos está acontecendo comigo? Como eu enfrento esse cara, e não tenho medo dele, e os outros me apavoram tanto? Louca! Só pode ser! Penso.

Algum tempo depois..

---- Abre a porra dessa porta, e toma! Não me enche mais! -Ele bate na porta.

Abro a porta lentamente, e ele me entrega algumas roupas.
Um moletom preto que parecia mais um vestido, e uma cueca box.
Ai..meu.. Deus!! Uma cueca? Enlouqueci de vez! Só pode!

---- Escuta aqui, uma cueca? - Saio daquele banheiro já vestida no moletom, balançando aquela cueca.

----- É o que tem pra hoje! Escuta aqui garota! Tu tá tirando toda a minha paciência! Quer morrer? - Me empurra contra a parede, apontando a arma para a minha cabeça,e me fazendo sentir o seu corpo quente junto ao meu.

----- Na,não! Desculpa. - Naquele momento eu senti um medo que fez o meu corpo todo esfriar. Então, voltei para o banheiro,e vesti a tal cueca.

----- Presta atenção, na tua vida! Você só tem uma! Tu vai dormir aqui hoje,enquanto o banheiro não enxuga. - Diz pondo o colchão no chão da sala.

---- E você? - Pergunto.

---- Vou dormir ao teu lado aqui, nesta rede, e se ouvir qualquer ruído estranho, ou tentativa de escape,você vai se dar muito mal! - Fala apontando a arma pela milionésima vez.

---- Não precisa tantas ameaças! Eu já sei que estou em suas mãos, e você pode me matar á qualquer momento. - Falo chorando.

---- Para de drama, e dorme! - Diz.

Eu obedeço, e durmo quase á força. Como eu pude pensar que um bandido pode ser legal comigo? Que pensamento,tosco!
Como eu estava com saudade da minha família! Eu não parava de pensar neles um só instante!
O meu maior medo, era não poder mais sentir o cheiro gostoso que a minha mãe tinha, não dar mais boas risadas com o meu irmão Murilo, não dormir mais com o meu pai acariciando os meus cabelos, e não puder realizar os meus sonhos, e planos.

O que seria de mim,meu Deus? Eu ficava em oração por horas, em busca de respostas. Mas se tudo na vida tem um propósito, qual seria o propósito disso tudo? Eu estava passando fome, frio, medo..

Theo:

Prender Melina, e tratá-la com violência, ás vezes me doía um pouco. Ver aquela pobre menina com medo de mim,me causava uma sensação de desconforto,imenso!
Certo que, eu sou um bandido, mas nunca gostei de causar terror em ninguém! Soa até de forma contraditória,não é mesmo?

No início, eu até tentei ser "bonzinho" com ela,mas não pegaria bem pra mim.
Se o Grafite e o bando dele soubessem que eu estava "dando moleza" para a sequestrada, certamente, eles iriam "arrancar" a minha cabeça.

Aquela garota me tirava do sério! Mas o senso de humor dela era incrível! Sempre falando alguma "gracinha".

Mas.. O que me preocupava,era o fato de o pai dela estar demorando tanto para pagar o resgate.
Eu não queria matar ninguém, mas já estava claro, que se o tal delegado Pimenteira não desse a grana, a linda Melina morreria ali por nossas mãos.

Droga! Essa menina estava mexendo com a minha cabeça! Não pode, não pode! Deixa de ser burro,Theo! Ela jamais te olharia com outros olhos! Ela tem nojo de você, ela tem medo,ela quer distância de você! Eu dizia para mim mesmo,mas não parava de pensar naquele rosto angelical, e naquele jeito extrovertido que ela tinha.

A Filha do Delegado (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now