5 - SAMMY - PARTE 2

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De repente, há o silêncio e Brenda arrasta uma cadeira, sentando-se de frente para mim. A observo confusa, as meninas também estão olhando para mim.

— Sammy, você sabe responder essas coisas sobre ele, não sabe? — ela pergunta.

— O quê?

— Músicas que ele gosta, comidas, preferências. Precisa me dizer alguma coisa.

Ela está mesmo com essas pernas cruzadas, usando um salto amarelo 18cm enquanto me pede ajuda? Tudo bem, meu dia acabou de melhorar. Sorrio para ela.

— Você está me perguntando quais são as preferências do seu noivo? E por que eu saberia? Afinal, nos só tivemos um casinho. Não posso te ajudar.

Ela respira fundo, sua pele pálida começa a ganhar um tom rosado e sua expressão é a azeda de sempre. Isso não me assusta. Da mesma forma como se irrita, ela se acalma em segundos mesmo.

— Estou disposta a pagar por qualquer informação que você saiba.

— Ah, mais dinheiro? Se continuar desse jeito vai acabar dando toda sua fortuna para mim, Brenda, querida. Não posso te ajudar.

Ela planta uma mão em cada braço da cadeira onde me encontro sentada, sua voz agora está à beira do histerismo.

— Ao menos o cardápio. O que ele gosta de comer?

— Segundo suas palavras, eu fui um casinho e ele me despreza. Ele nem queria que eu estivesse trabalhando com vocês, certo? E você é a noiva dele. A noiva rica e importante por quem ele é loucamente apaixonado. Ele lhe comprou uma mansão! Como pode não saber as comidas preferidas dele?

— Sammy...

— De toda forma, essas não são informações que um homem conta a um casinho, sinto muito.

— Está bem! Vocês foram casados por anos. Você deve ser a pessoa que mais o conhece neste mundo, me fala o que ele gosta de comer! — Assumir diante de sua organizadora e uma garota tagarela representante de um buffet famoso que fui casada por anos com Éder não foi fácil para ela. Deve ser por isso que suas veias parecem saltadas no pescoço.

— Não quero seu dinheiro. Não acho justo cobrar por informações que podem estar desatualizadas, afinal, não nos falamos há anos e preferências mudam.

— Então o que você quer?

— Você está me pedindo um favor, certo? Então me peça por favor.

Ela ri, mas eu já me acostumei com suas risadas. Igor costuma dizer que as pessoas sorriem quando tentam esconder sentimentos negativos diante de outros a quem precisam fingir gostar. Brenda precisa do meu favor, o que a obriga a ser tolerante comigo, mas essa risada que mistura histeria, irritação e condescendência é engraçada. Ela balança a cabeça em desaprovação, enquanto as meninas observam a cena, totalmente absorvidas por ela. No final, ela perde a batalha, sem outra escolha.

— Por favor, Sammy, me diz as coisas que ele gosta de comer — diz entredentes, baixo demais e completamente contra a vontade, mas vou aceitar isso.

— Tudo bem! Como você sai com ele para jantar e não sabe que ele ama risoto de cogumelos? Ele gosta de beber vinho branco enquanto come, e se forem fazer sobremesa, qualquer coisa de morango ele vai apreciar. Mas claro, como eu disse, isso foi anos atrás, quando éramos casados, os gostos dele podem ter mudado.

Ela está muda, com os olhos fixos em mim, seu olhar transmitindo uma mistura de raiva e desconfiança, frios como gelo, tanto que faz com que minha pele se arrepie instantaneamente. Sinto que ela poderia me matar agora mesmo por eu tê-la ajudado. Pessoas são estranhas.

— Ele gosta de frutos do mar? — Amelia pergunta.

— Não de lagosta, todo o resto ele gosta. Gostava. Não sei se ainda é assim.

— E o que podemos tocar? — Sofia pergunta com um tablet onde está anotando tudo. — Que tipo de música ele gosta?

— Coldplay era a banda preferida dele. Ele não tinha uma música preferida, então toquem qualquer uma dessa banda que combine com o casal.

Por algum motivo passar essa informação me incomoda. Eles terão um jantar de casa nova na mansão que ele comprou para ela e ao fundo estará tocando as músicas que nós ouvimos juntos por anos.

— Ah, ele é alérgico a canela, tem uma alergia severa, então não pode ter nenhum alimento ou bebida com esse ingrediente — aviso quando me lembro disso.

As meninas agradecem satisfeitas e Brenda apenas se levanta e sai.

— Ela nem me agradeceu — resmungo, mas acho que o 'por favor' foi demais para ela.

DEGUSTAÇÃO - UMA MENTIRA PARA O CEOWhere stories live. Discover now