4 - SAMMY - PARTE 2

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— Isso parece muito. Vão pagar bem?

— Você vai querer comissão pela indicação?

— Vou querer um agradecimento melhor do que um ramo de eucalipto e um de dente de leão. Isso aí significa que você está dizendo obrigado, mas não queria dizer obrigado.

— Porque eu não queria. Obrigada, mas não distribua mais meus cartões, não precisa indicar meus serviços, não me faça nenhum tipo de favor. Eu prefiro não ter que agradecer a você por nada.

Seus olhos se focam nos meus pela primeira vez desde que entrei aqui. Eles estavam em meu rosto, meus lábios, na minha roupa. Mas agora se focam em meus olhos. A noite está caindo agora, e ele apenas concorda com a cabeça. Pega o arranjo da minha mão e o observa por um tempo.

— Devo pedir a todas as mansões da ELE que parem de indicá-la então? Eu não vou esperar nenhum tipo de agradecimento se continuarem indicando.

— Mas esperava esse.

— Não sabia até você aparecer aqui, agora. Esperava. Não vou esperar mais. Não me custa indicá-la, se não for você, as meninas indicarão qualquer outra decoradora. Se te incomoda tanto assim, eu mando pararem. Você tem certeza?

— Tenho. Não quero pedir nada a você.

— Está bem. Não a indicarei mais, me agradeça.

Reviro os olhos e digo a contragosto.

— Muito obrigada.

Quando vou passar por ele para ir embora, ele segura meus braços de repente, girando meu corpo de forma a ficar de frente para o seu.

— E se você precisar me pedir alguma coisa, Sammy? Como vai fazer?

— Eu não vou precisar te pedir nada.

— Tem certeza?

Abro a boca para mandar que ele me solte, quando ele diz:

— É raso, é só ficar de pé.

— 0 quê?

Ele então me empurra para trás e solta, e caio na piscina. Primeiro, me desespero, mas então ele grita:

— Fique de pé!

O faço e a água pega na altura da minha traseira. Estou ensopada e irritada.

— Você é maluco? Por que fez isso?

Ele está rindo. Tira o robe devagar e desvio meus olhos o que o faz rir mais ainda.

— Será que você não precisará mesmo me pedir nada? Nunca? Você não pediria se precisasse?

— Não vamos fazer isso de novo — aviso indo em direção a borda da piscina, mas não dá tempo.

Ele pula na água e me alcança. Mal o vejo, mas sinto seus braços em volta da minha cintura e ele me arrasta para a parte funda da imensa piscina. Eu me seguro em seus braços para não afundar quando ele para, no meio dela, longe da borda.

— Agora me peça para não a soltar aqui ou você vai se afogar.

— O quê? Você deveria me soltar e me afogar, porque se eu não morrer aqui, vou processá-lo. É sério, Éder. Vou tirar todo o dinheiro que eu nem sei onde você conseguiu. Vamos, me afoga! Aproveita a oportunidade!

Ele ri alto. Suas mãos estão em minha cintura, quentes e grandes, me mantendo a salvo. As minhas estão em seus braços, nos ombros, embora eu esteja tentando tocar minimamente sua pele.

— O dinheiro não é meu, é da minha família, você pode ficar com todo ele se quiser. Vamos, me peça para tirá-la da água. Se eu a deixar aqui, você não sairá sozinha.

— Eu não vou pedir nada!

— Isso não acabou bem da primeira vez — ele recorda.

Quando nos conhecemos, Éder queria chamar minha atenção. Então, ao perceber que eu não sabia nadar, ele achou que seria uma boa ideia me jogar em um rio e me salvar depois, tornando-se assim meu herói. No entanto, ele mudou de ideia quando se aproximou de mim e impôs um preço para meu salvamento. O preço que ele exigiu para me tirar da água foi um beijo, mas eu me recusei a ceder. Disse a ele que preferia morrer afogada a dar-lhe esse beijo. Passamos algum tempo discutindo, mas no final eu não cedi e ele me salvou mesmo assim.

— Você sabe o que vai acontecer — digo após alguns segundos em silêncio em que ele apenas me observa. — Eu não vou ceder. Você não vai me afogar e vai me tirar da água. Então me tire logo! — grito a última frase.

— Não quero. Isso é o mais perto que você me deixou chegar desde que nos reencontramos. Não precisa me pedir para tirá-la, eu não vou deixar você se afogar. Não precisa me pedir nada. Só vou mantê-la aqui.

Coração, traíra, para de bater assim.

— Éder, se você não me afogar em cinco segundos, eu irei afogá-lo.

— Se você me afogar, vai se afogar também.

— E assim morreremos nós dois. Cinco... Quatro... Três... Dois...

— O problema com você é que nunca sei se está brincando.

Quando me movo um pouco na água, ele se assusta e se move também, empurrando nossos corpos para trás, em direção à borda da piscina. No entanto, ele o faz de uma maneira perigosa e dolorosa. Seu corpo se pressiona contra o meu, suas mãos permanecem firmes em minha cintura, seus dedos não se movem um milímetro do lugar onde estavam o tempo todo. Mas meus dedos anseiam por tocá-lo. Quando sinto a borda da piscina tocar minhas costas, ele prende meu corpo contra o dele. Seu cheiro e seu calor são palpáveis. Meu corpo inteiro reage, como se ganhasse vida nessa água. Talvez seja porque a água esteja quente. Deve ser isso. A água está aquecida. Minhas mãos tremem em seus braços, mas não quero parar para pensar no motivo. Sua respiração está próxima do meu rosto. Eu fecho os olhos, mas ele não se afasta. Ele não irá a menos que eu peça. E eu terei que pedir algo a ele, exatamente como ele queria. Preciso perder para ganhar.

— Você me perguntou se eu o odiava e eu disse que não — digo. — Mas se chegar tão perto de novo, então odiarei. Você não tem direito de fazer isso e está me fazendo odiá-lo agora, neste momento.

Não tenho coragem de olhar em seus olhos, de ver suas emoções.

— Espere aqui, você vai sentir frio. Vou sair primeiro e pegar uma toalha para você — ele diz, suas mãos deixam minha cintura e ele segura as minhas, tirando-as de seus braços. As apoia na borda da piscina, então se afasta deixando-a.

Pouco depois retorna com uma toalha. Saio da água e ele a passa por meu corpo enquanto diz:

— E mais uma vez você venceu. A tirei da água sem que você me pedisse nada.

— Você não vence porque não é justo. Se jogasse limpo, talvez venceria.

Ele não olha em meus olhos e isso me incomoda. Não sei o porquê, eu consegui o que queria, o afastei de mim, por que isso me incomoda?

— Vá se secar, ou vai se atrasar para o seu encontro. Hoje é sexta.

Hoje é sexta! Meu encontro! Eu me esqueci completamente!

— Fico feliz que nem tenha se lembrado — completa.

Passo por ele em direção ao banheiro, ou melhor, ao toalete, e seco meu cabelo, mas percebo que não tenho outras roupas. Então foi por isso que Éder me jogou na piscina, esse idiota! Eu poderia matá-lo com minhas próprias mãos. Em pensar que elas estavam tão próximas de seu pescoço! Por que eu não aproveitei a oportunidade? Será que alguém suspeitaria de mim? Talvez encontrassem seu corpo sem vida boiando na piscina mais tarde. Mas, não, a secretária sabia que eu estava ali com ele, por isso não podia matá-lo, minha filha não pode ficar "órfã" de repente.

DEGUSTAÇÃO - UMA MENTIRA PARA O CEOWhere stories live. Discover now