Vai chorar no carro.

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Quando Manu me encontrou, eu ainda estava em posição fetal no mesmo lugar, minhas lágrimas haviam secado no rosto deixando-o pegajoso.

-Rafa? Ela correu para o meu encontro. -Estou te ligando tem dois dias, a quanto tempo está aí?!

Ouvia a sua voz, mas não conseguia responder, não havia forças em mim, apenas abri meus olhos e a luz do dia me cegou então voltei a fechar.

Seu toque em mim era leve e preocupado.

-O que aconteceu? Onde está Gizelly?

A simples menção de seu nome me fez voltar a chorar, porém não haviam mais lágrimas, não havia mais nada ali para sair.

Meu coração pesava, doía em meu peito, meu estômago se emaranhava ao resto dos meu órgãos.

-Rafa... Manu soava aflita. -Rafa, fala comigo amiga. Por favor.

-Ela... Como se fosse fogo queimava minha garganta ao saírem pela primeira vez nos três dias, caindo pesadas no chão. -foi embora.

-Como assim? Ela respondeu.

-Gizelly, ela me deixou. Meu corpo tremia, Manu me abraçou me fazendo deitar em seu colo.

-O que houve? Achei que vocês estivessem bem... Me estremeci e me afundei em teu colo. -Rafa você parece mais magra, com olheiras profundas... a quanto tempo está assim?

-Não sei. Tentei dizer, já não sabia a quantas noites estava deitada no chão.

Pareciam anos desde que ouvira sua voz me dizendo adeus, desde que vira suas costas se afastando de mim pela última vez.

Manu ficou ali sentada comigo enquanto acariciava meu cabelo, e eu tentava parar de chorar.

****
-Vamos Rafa, você precisa comer alguma coisa, está me deixando preocupada! Manu abriu a janela do quarto

Resmunguei enquanto cobria a cabeça com o edredom.

-Vai Rafaella; Manuela falou firme enquanto puxada o edredom com tanta força que quase caí da cama. -Voce vai comer, nem que seja na força!

Me sentei na cama, apesar de estar enjoada, sentia-me fraca sabia que precisava comer, para ser sincera, não me lembrava da última vez que forçará algo para dentro, peguei uma colher da sopa que Manu havia preparado, o líquido quente passou pela minha garganta, caindo em meu estômago, dei uma segunda colherada, e então a terceira e antes que eu pudesse perceber, havia terminado e Manu já estava com um segundo prato na minha frente.

-Obrigada amiga. Sussurrei sentindo-me mais forte, pela primeira vez já não me sentia tão pesada com toda a situação.

Claro, que ainda sentia falta das mensagens e dos beijos trocados no elevador quando ninguém mais estava ali, sentia saudade de seus dedos, correndo pelas ondas de meu cabelo e curvas de meu corpo nu. Sentia saudade da sua voz falando o que por anos eu esperei que ela disease...

Levantei-me da cama e me dirigi ao banheiro, deixei que a água caísse em meu corpo, limpando o que restará de seus toques em mim.

Deixei que a água quente queimasse minha pele e relaxasse meus músculos, quando sai do banho, Manu me esperava na sala, o sol machucou meus olhos e seu rosto estava sério, não havíamos conversado muito desde que ela me resgatará de sua casa de férias.

-Okay. Soltei enquanto me sentava no sofá. -Já estou pronta para conversarmos.

-Tem certeza? Manu perguntou desconfiada.

-Sim. Assenti com a cabeça.

Respirei fundo e olhei para ela e contei como tudo estava bem, fizemos amor e foi tudo maravilhoso, nossos corpos eram um só, e quando eu menos esperava, ela dissera tudo o que eu sempre quis ouvir.

Minha vizinha.Where stories live. Discover now