- Eu não sou suicida.- retorquiu Tom, indiferente à declaração de suspeita.

- Nem eu!- Harry rosnou, frustrado.

- Não ativamente.- Tom reconheceu.- Mas você tem que admitir...buscando o esquecimento? Dar a si mesmo a idade mental de uma criança? Alguém pode acreditar que você deve morrer para eu viver ou algo assim, porque suas soluções para impedir Voldemort até agora foram nada menos que auto-destrutivas.

Olhos escuros perfuraram sua alma com um brilho fascinado.

- Sim, bem, considerando a tortura que Voldemort me prometeu há muito tempo, eu diria que a morte é mais conservadora do que destrutiva.- Harry respondeu, levianamente.

Tom o encarou.

- Teimoso.- comentou ele, finalmente.- Mas a teimosia não vai ganhar nada desta vez.

- Nem exigências insistentes lhe darão o que você procura também.- Harry encolheu os ombros.- Então, onde isso nos deixa?

- Outro impasse, ou assim parece.- respondeu Tom.- A menos, é claro, que você confie em Dumbledore para encontrá-las e não destruí-las? Vocês parecem bem próximo de novo.

Havia uma certa zombaria na última sugestão, e Harry considerou por cinco segundos, antes de perceber que ele nunca confiaria em Dumbledore totalmente com algo que envolvesse Tom, mesmo sob juramento de ajudar.

- Embora seja menos um impasse considerando que eu venci.- o jovem Lorde das Trevas continuou, maliciosamente.- Já que você é o único com um prazo que se aproxima rapidamente.

Tom estava certo; Harry simplesmente não tinha mais tempo para ficar jogando. Ele tinha até o final do ano para descobrir como reescrever a história. E só faltava alguns meses.

Parecia pior quando ele pensava assim.

- Venceu, Tom?- ele replicou, calmamente.- Sério? Porque do jeito que a história está indo, parece que nós dois somos perdedores.

Tom o favoreceu com uma expressão ilegível.

- Talvez, mas nós dois perdendo é melhor do que você ganhando.

Harry quase ficou boquiaberto.

- E se nós encontrarmos uma maneira de ambos ganharem?- ele questionou

- Não há uma.

- Então por que você me deixaria procurar com você, mas não sem você?- Ele estudou o herdeiro da Sonserina.- Às vezes, acho que você desistiu, mas outras vezes...

Os olhos de Tom brilharam e ele falou sem rodeios.

- Vou te deixar procurar porque você precisa, isso não significa que confio em você para não fazer algo estúpido se for sozinho. Vou deixar você procurar porque quero que você resolva isso, mas isso não quer dizer que tenho alguma esperança de que você vá conseguir.

Harry cerrou o maxilar.

- Você só está tentando tornar as coisas mais fáceis para você, pelo menos tenha a cortesia de ser honesto sobre isso. Você pode vir, mas não espere que eu trabalhe com você. Você deixou perfeitamente claro que estamos em lados diferentes agora.

- Não seja tão dramático.- disse Tom friamente, e Harry sentiu o bloqueio em seu corpo se soltar.- Nunca estivemos no mesmo.

Harry girou e invadiu o dormitório

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Tom afundou ainda mais no sofá, querendo puxar os joelhos para mais perto do peito para se sentir confortável, mas não se permitindo tal indulgência.

Ele já tinha muitas fraquezas, ele era muito humano. Ele odiava isso.

Se os bruxos podiam viver como deuses entre os homens, então por que Tom ainda tinha que sofrer com essas limitações?

Ele reprimiu um suspiro, olhando para o fogo bruxuleante diante dele, cansado.

Maldito Harry.

Tom não sabia por que o menino estava tão chateado, era ele quem praticamente tinha toda a sua vida planejada para o futuro previsível...mas também era Tom quem estava no controle. Harry estava indefeso e ciente disso em algum nível, atacando as restrições impostas a ele pelo Destino e pela história.

O relacionamento deles...o que quer que ambos tivessem, prosperava com os desafios e jogos, mas isso os estava levando ao ponto de ruptura.

Era...bom ter alguém que se preocupava o suficiente para ir tão longe para salvá-lo, para tentar ajudá-lo, mas...Tom nunca aceitou ajuda com muita facilidade, e detestava fazê-lo agora.

Pela primeira vez, ele não gostava da ideia de sacrificar outro por causa de si mesmo. Seus lábios se torceram.

A ironia era que a razão para ele escapar do futuro que o destino ditou era a razão pela qual ele ficou.

Tom poderia facilmente resolver isso, ele poderia ir embora e nunca olhar para trás, viver sua vida como queria, ser o que queria ser.

Tudo o que parecia necessário para que isso acontecesse era que Harry morresse.

Inexplicavelmente, parecia que nenhum deles poderia realmente viver com o outro por perto, apenas sobreviver. Para Harry ser, Voldemort tinha que existir e Tom teria que ir embora. Para Tom viver, Harry precisaria se condenar a ter sua mente estilhaçada. Ou morrer tentando...e isso não tornava tudo tão inútil?

Mas Tom não iria embora, independentemente. Ele não podia.

Ele investiu muito de si mesmo em Harry.

Ele criou sua própria queda.

Sua própria criptonita.

Era apenas um pouco reconfortante que Harry fosse inevitavelmente arrastado para baixo com ele, pois ele se tornara a falha fatal de Harry por sua vez.

Salazar, os dois eram tão disfuncionais. E eles nunca estiveram do mesmo lado, propriamente...e provavelmente nunca teriam a chance de estar.

Talvez em outra vida, em outra época, eles governassem o mundo.

No momento, Tom não achava que poderiam, e isso era tudo que importava.

Mas talvez se ele tivesse muita sorte...

Ele nunca concordaria com os planos de Harry, e sempre disse que Harry não aprovaria os dele.

Mas desde quando Tom precisava da aprovação de Harry?

Era apenas uma questão de quem alcançou o ponto final primeiro.

O Favorito do DestinoWhere stories live. Discover now