A Secret Love Song

1. Isso nunca será o suficiente

Nós mantemos isso atrás das portas fechadas

Sempre que te vejo morro um pouco mais

Momentos roubados que roubamos enquanto as cortinas caem.

Isso nunca será o suficiente.

A Secret Love Song II

Violet tinha 17 anos quando conheceu Caitlyn Kiramman.

Ela era nova na escola e no país, além de ser filha de um casal inglês muito rico. Não era preciso mais do que isso para que todos se sentissem tentados a se aproximar dela assim que Caitlyn pisou na escola com suas sapatilhas da Gucci.

Mas Caitlyn conseguia ser mais do que um sobrenome chique e roupas de marca. A primeira coisa que Violet notou era que ela provavelmente era a pessoa mais linda que já tinha visto: ela tinha uma pele clara e bronzeada, além de lindos olhos turquesa; era alta e esguia, com curvas deslumbrantes e pernas muito, muito longas.

Violet se recordava de vê-la passar pelo corredor de armários, o cabelo preto azulado preso em um rabo de cavalo alto que destacava seu rosto perfeito. Ela sempre deixava um cheiro doce e meio furtado para trás; um aroma que lembrava Violet dos cupcakes de frutas vermelhas e chantilly de morango que vendiam em uma doceria perto de onde morava.

Caitlyn era rodeada de pessoas por onde ia, mas sempre parecia solitária aos olhos de Violet. Mesmo quando estava com suas amigas, ela quase não tirava os olhos de algum livro que levava para todos os lugares – até para as aulas de educação física.

Além de linda e culta, Caitlyn era extremamente inteligente. Ela devia ser algum tipo de gênio da dedução. Sempre conseguia resolver os mistérios dos livros que seu professor de literatura passava todo bimestre. Ela lia a metade e deduzia o resto sozinha em um debate que ocorria na turma, e acertava quase tudo.

Ela também era excelente em matemática – ganhava todas as olimpíadas em que participava. E sempre, sempre, vencia as campanhas de debates que ocorriam na escola, seja qual fosse o tema: o feminismo na década de 90, a desigualdade social e econômica dos países subdesenvolvidos, e até as consequências da Revolução Verde proposta e imposta entre os anos 60 e 70.

Violet sabia metade do que aquelas coisas significavam.

Caitlyn também cantava e tocava piano. Ela tinha uma voz belíssima, requintada nos graves e brilhantemente afinada nos agudos. Além de ter um excelente gosto musical – Violet descobrira isso certa vez enquanto passava pelo corredor da sala de música, e a ouvira tocar e cantar When The Day Meet The Night do Panic!, em uma melodia mais lenta e doce do que a original.

Caitlyn Kiramman era rica, linda, inteligente e talentosa. Como se não bastasse, cerca de dois meses após a chegada dela, Violet descobriu algo mais sobre a garota.

Estava em uma festa na casa de Sarah Fortune, e o lugar estava completamente lotado, cheio de adolescentes bêbados e drogados, que se esfregavam como animais com as músicas que ficavam mais sensuais a cada hora que passava.

Era meia noite e os quartos da casa deveriam estar todos ocupados por casais frenéticos e barulhentos.

Violet tinha saído para respirar um ar que não fedesse à maconha e vômito. Ela estava no jardim dos fundos, encostada em uma árvore enquanto tragava seu cigarro de menta. A garota fechou os olhos, escutando a música alta e distante que vinha da casa, até que outro barulho chamou sua atenção.