– Você não me parece estar doente – A detetive está começando a me irritar. – Passamos no seu trabalho e o seu chefe nos disse que você estava doente, por isso não foi trabalhar hoje.

– Eu tomei um chá que me ajudou, ainda não estou melhor – Ela não pareceu acreditar, mas se calou.

– Tenha uma boa tarde, senhorita Becker – O detetive se despediu, enquanto saem pela porta.

– Tenham um bom dia – Digo, forçando um sorriso e depois fecho a porta.

Será Elizabeth naquela foto ou eu tenho uma irmã gêmea?

Ao anoitecer, recebi uma ligação de Isabela, dizendo que precisava beber e queria companhia, e por coincidência, eu também estava precisando de uma bebida. Sua voz parecia triste. Combinamos de nos encontrar num bar, justamente o BarTrex. Senti um arrepio, ao lembrar da mulher que morreu no beco, atrás desse mesmo bar, e eu estava indo para lá, beber. Pelo menos estarei acompanhada.

Coloquei minha bota de camurça preta, sou apaixonada por botas, ainda mais se forem de cano curto. Peguei meu celular e a bolsa que deixei em cima da cama mais cedo. A arma ainda está na parte de trás da minha cintura, então só faltavam as chaves do carro.

Encontrei as chaves no sofá, as peguei e saí de casa. Entrei no carro que Victor me deu, dei partida e segui em direção a minha noite de bebedeira, usando o GPS para não me perder.

Depois de alguns minutos, cheguei ao bar. Haviam muitos carros e motos estacionados na frente do estabelecimento, tive dificuldade em encontrar uma vaga para estacionar o meu carro. Encontrei uma não muito longe dali. Não avistei o carro escarlate de Isabela, mas, impaciente para esperar que ela chegasse, resolvi entrar no bar e quem sabe brigar por um assento para nós duas.

Diferentes rostos preenchiam o interior do bar. No canto, dois casais jogavam sinuca, um deles se irritou por errar a bola na caçapa e xingou alto, enquanto os outros riam de seu erro. Uma das mulheres beijou o rapaz, o consolando por perder a partida. Alguns amigos bebiam juntos, um deles me olhou de cima a baixo e sorriu, um sorriso que me deu calafrios, passei o mais longe possível deles.

Chegando a mesa do barman, avistei uma mulher de cabelos negros virar um copo com rapidez.

– É tão ruim assim? – Digo me sentando ao lado dela.

Ela vira o copo, agora vazio, na mesa.

– Eu quero mais um – É tudo o que ela diz, e não foi para mim.

– Eu vou querer o mesmo que ela – Informei ao barman de olhos bonitos.

Olho os copos a sua frente, postos enfileiradamente, vazios, que ela já bebeu.

– Tá aqui a quanto tempo? – Questionei pegando o meu copo. – Você parecia chateada no telefone, mais cedo, aconteceu alguma coisa?

Ela vira mais um copo na boca e em seguida o coloca junto aos outros copos, virados para baixo.

– A Verônica me deixou – Ela respirou fundo, mas antes que pudesse dizer alguma coisa ela continuou. – Ela me traiu com uma colega de trabalho, e ontem arrumou as suas coisas pra ir morar com ela.

– Eu sinto muito – Não consigo dizer muito mais além disso, já que nunca cheguei a conhecer a Verônica de verdade, só as histórias delas.

– Ela me contou tudo ontem enquanto arrumava suas roupas na mala. Disse que já fazia um tempo que estava com outra, mas não sabia como me contar, e decidiu fazer isso pouco antes de partir de vez da minha vida. Disse que achou melhor fazer assim, desse jeito não ficaria estranho entre nós – Isabela acenou para o barman, indicando que queria mais uma dose de tequila. – Achou melhor do que sumir e me deixar um bilhete, dizendo sinto muito, não é você sou eu, assinado fdp.

Perdoe o Passado | +18Onde as histórias ganham vida. Descobre agora